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18 Fevereiro 2021 | Renata Vomero

Martin Scorsese critica forma como streamings tratam o cinema

Cineasta se posicionou em texto em homenagem a Federico Fellini

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(Foto: Reprodução)

A edição de março da Harper’s Magazine contará com um ensaio poético de Martin Scorsese sobre Federico Fellini, já disponível no site da publicação. Como, mais do que tudo, um grande apaixonado pela sétima arte, o cineasta não deixou de se posicionar sobre o atual momento da indústria, se revelando decepcionado com a forma com que o mercado vem lidando com o cinema, principalmente os streamings.

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O realizador criticou o fato de os filmes serem tratados como conteúdos pela indústria de massa. “Há 15 anos, o termo ‘conteúdo’ era ouvido apenas quando as pessoas discutiam o cinema em um nível sério, e era contrastado e medido contra a ‘forma’. Depois, gradualmente, foi sendo usado cada vez mais pelas pessoas que assumiram o controle de empresas de mídia, a maioria das quais nada sabia sobre a história da arte, ou mesmo se importava o suficiente para pensar que deveria”, escreve o diretor.

Os algoritmos das plataformas não ficaram de fora da análise de Scorsese, que os condena por tornar os espectadores meros consumidores, uma forma de rebaixar o cinema e toda a reflexão que ele suscita. Segundo ele, esse sistema parece democrático, mas não é, porque empacota as produções, as pasteuriza e diminui a sétima arte. Diferente de um trabalho de curadoria, por exemplo.

“Se a visualização posterior é 'sugerida' por algoritmos baseados no que você já viu, e as sugestões são baseadas apenas no assunto ou gênero, então o que isso faz com a arte do cinema? A curadoria não é antidemocrática ou 'elitista', um termo que agora é usado com tanta frequência que se tornou sem sentido. É um ato de generosidade - você está compartilhando o que ama e o que o inspirou. Algoritmos, por definição, são baseados em cálculos que tratam o espectador como um consumidor e nada mais”, complementa.

No texto, Martin Scorsese lamenta a exagerada preocupação com o negócio de cinema, em detrimento do cinema em si. Portanto, se mostra descrente na indústria para salvar esta arte. "Não podemos depender da indústria do cinema, tal como é, para cuidar do cinema. Na indústria do cinema, que agora é o negócio do entretenimento visual de massa, a ênfase está sempre na palavra 'negócio', e o valor é sempre determinado pela quantidade de dinheiro a ser ganho com qualquer propriedade", finalizou.

Essa não é a primeira vez que Scorsese critica a indústria, o cineasta foi alvo de memes e brincadeiras quando declarou que o Universo Cinematográfico da Marvel não é cinema. É importante enfatizar a importância de Scorsese não só como cineasta, mas como um defensor árduo da memória cinematográfica. Neste sentido, ele fundou a Film Foundation, uma instituição que tem como objetivo a restauração de filmes do mundo inteiro. Inclusive, vem acompanhando de longe os problemas que a Cinemateca Brasileira vem enfrentando, mostrando seu apoio à instituição.

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