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02 Março 2021 | Renata Vomero

Executivos de Hollywood acreditam que encurtamento das janelas veio para ficar

CEO da Disney e ViacomCBS participaram de conferência sobre o mercado

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(Foto: Disney)

Nesta segunda-feira (1), foi realizada a Morgan Stanley Technology, Media and Telecommunications Conference, uma conferência voltada justamente para o mercado de entretenimento e comunicação. O evento contou com a participação de Bob Chapek, CEO da Disney, e Bob Bakish, CEO da ViacomCBS. Mesmo falando separadamente, ambos tocaram no mesmo tema do encurtamento das janelas, enfatizando que esta deve ser uma prática consolidada no futuro pós-pandemia.



Nesta semana, inclusive, a ViacomCBS lança seu serviço de streaming, o Paramount+, nos EUA, Canadá e América Latina. Além da vasta oferta de conteúdo, o conglomerado ainda confirmou que alguns dos filmes lançados pela Paramount nos cinemas, entre eles Um Lugar Silencioso – Parte II e Missão Impossível 7, devem chegar ao streaming depois de 45 dias de seu lançamento na telona. Modelo este que a empresa já confirmou que deve se repetir no Brasil. “Esta é uma oferta sustentável. Acredito que seja o modelo ideal para o futuro”, comentou o executivo da empresa.

O formato é um tanto diferente do que vem sendo estabelecido pela Disney, por exemplo. O modelo deles inclui lançamento nos cinemas, muitas vezes limitado no cenário atual de pandemia, com a inclusão do filme simultaneamente no streaming, mediante um acesso premium pago à parte, como o VOD que já estamos habituados. O conglomerado fez isso pela primeira vez com Mulan, logo no início da pandemia, quando a situação dos cinemas estava muito mais grave, e repetirá agora com Raya e o Último Dragão.

“Acho que os consumidores estão mais impacientes do que nunca. Particularmente porque agora eles tiveram o luxo de um ano inteiro recebendo títulos em casa praticamente quando eles queriam. Então, eu não tenho certeza se há volta, mas certamente não queremos fazer nada que acabe com a exibição cinematográfica”, ressaltou Chapek.

Este é um ponto importante, obviamente, e sempre enfatizado por todos os executivos: não há planos de deixar de lançar seus filmes nos cinemas. Porém, não é a primeira vez que o mercado busca o encurtamento das janelas e é barrado pela resistência dos exibidores, que enxergam este modelo como uma ameaça ao setor.

No entanto, as majors de Hollywood entram com a faca e o queijo nas negociações, não negam a importância dos cinemas para seus filmes, mas também não ignoram a importância também de suas plataformas. Ainda mais dentro de uma guerra dos streamings fortalecida pela pandemia.

Se antes os cinemas se viam com o poder de barrar esse tipo de oferta e transformação – porque, sim, estamos vivendo uma das grandes transformações do mercado –,  agora precisa entender onde fica seu papel em meio a tudo isso: aproveitar de sua janela, ainda a principal e mais importante, para ser aliada dessa força digital ou virar as costas e talvez ver sua programação se enfraquecer sem tantos blockbusters, que agora não precisam tanto dos cinemas para negociar com streamings de outras empresas, como Netflix e Amazon.

O modelo estipulado pela Warner, apesar de ser ainda precoce dizer, parece oferecer um horizonte positivo para os cinemas, desde que a estratégia seja bem trabalhada. Tanto Tom & Jerry: O Filme, como Mulher-Maravilha 1984, foram os filmes que mais atraíram pessoas no fim de semana de estreia dos EUA. Isso não é pouca coisa diante de uma pandemia.

Voltar ao modelo de 90 dias de janela, como era antes deste cenário, talvez seja impossível. No entanto, o futuro talvez reserve a necessidade dos exibidores e executivos dos estúdios analisarem juntos cada lançamento e, assim, definir o melhor modelo  para cada um deles.

Este foi justamente um dos pontos tocados por Guy Bisson, analista da Ampere, em um dos primeiros painéis da European Film Market, de Berlinale. Entre alguns dos temas trazidos por ele, a possibilidade do lançamento simultâneo ou com janela encurtada entre cinema e streaming foi o mais destacado.

“Dado o crescimento meteórico de certas plataformas de streaming, como o Disney+, ainda pode fazer sentido empurrar alguns lançamentos de cinema exclusivamente para essas plataformas de streaming. Como costuma acontecer com essas coisas, a resposta provavelmente está em algum lugar no meio disso", ressaltou o analista.

No entanto, essas são respostas que só vão se concretizar no futuro pós-pandemia.

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