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07 Junho 2021 | Amanda Luvizotto

"First Cow" e a diretora Kelly Reichardt

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(Foto: Exibidor)

Por Amanda Luvizotto

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Estreia na próxima quinta-feira, dia 10 de junho, nos cinemas em funcionamento de todo o país (verifique a disponibilidade em sua cidade), o novo filme da cineasta americana Kelly Reichardt: “First Cow, A Primeira Vaca da América”. O roteiro, adaptado da obra literária “The Half-Life”, mais uma parceria entre a cineasta e o escritor Jon Raymond, conta a história da improvável amizade entre um cozinheiro americano e um imigrante chinês na região do Oregon, Estados Unidos, em meados do século XIX. O longa-metragem da reconhecida produtora de excelência A24 será lançado nos cinemas pela Vitrine Filmes, e estará disponível também no streaming através da plataforma MUBI a partir de 9 de julho. 

Figura importante e conhecida no cenário internacional do cinema independente, Kelly Reichardt prioriza o minimalismo em suas obras quase sempre filmadas nos arredores da região estadunidense do Oregon, com baixos orçamentos e tramas que possuem críticas sociais implícitas, questionando as bases e consolidação da sociedade americana e seus valores. A diretora de 57 anos fez sua estreia no ano de 1994 com o filme “River of Grass”, que conta a história do encontro em um bar entre a dona-de-casa Cozy e o desempregado Lee e seus desdobramentos. Indicado em três categorias no Spirit Awards e ao Grande Prêmio do Júri em Sundance naquele ano, o filme trouxe o nome da diretora para os holofotes. 

Mas a consolidação de sua carreira acontece em 2006 com o premiado “Antiga Alegria”; vencedor em Sundance, o longa-metragem narra a história de dois velhos amigos que se reúnem para acampar nas montanhas do Oregon. Dois anos depois, a cineasta lança “Wendy e Lucy”, a primeira de muitas parcerias entre Reichardt e o romancista Jon Raymond na elaboração e adaptação dos seus trabalhos, e com a atriz Michelle Williams que interpreta a protagonista desta e de outras obras da cineasta. 

Assumidamente feminista, a diretora busca explorar a questão em seus trabalhos, evitando a objetificação dos corpos em cena e buscando priorizar o protagonismo feminino. Aborda também outras temáticas sociais, já que suas personagens – independente do gênero – são em sua grande maioria pessoas que vivem à margem da sociedade. O desenvolvimento lento da narrativa, quase contemplativo, e os finais em aberto ou ambíguos são outras características do trabalho de Reichardt, que já declarou em entrevistas gostar que sua audiência tire suas próprias conclusões a respeito das histórias contadas por ela.

Em “First Cow”, temos a presença do protagonismo masculino com John Magaro e Orion Lee nos papéis principais, mas nem assim Reichardt deixa de apresentar à audiência nuances de vulnerabilidade e sensibilidade, pouco mostradas em um cenário Western (faroeste), a que o filme remete. O longa-metragem considerado pela crítica especializada um dos grandes injustiçados do Oscar deste ano, fez uma bem-sucedida temporada nos festivais de 2020, levando o prêmio de Melhor Filme no New York Critics Choice Awards. Disponível agora no Brasil, é uma obra cinematográfica obrigatória para os amantes da Sétima Arte, assim como todo o trabalho de Kelly Reichardt.

“First Cow” está disponível nos cinemas a partir de 10 de junho, com distribuição da Vitrine Filmes.

Amanda Luvizotto é Crítica de Cinema formada pela Academia Internacional de Cinema do Rio de Janeiro, Arquiteta e Urbanista pela PUC-RJ, estudiosa da representação feminina no cinema, faz parte do Coletivo @3locadas e do grupo Mulheres no Terror

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