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27 Julho 2021 | Renata Vomero

Variante Delta abre novo capítulo em Hollywood e mercado fica em alerta

Obrigatoriedade de vacinas, novas restrições e adiamentos não estão descartados

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(Foto: Reuters)

Depois de conseguir controlar a pandemia por meio da vacinação e distanciamento social e, com isso, retomar o mercado de cinema como um todo de forma bastante flexível e animadora, agora os Estados Unidos enfrentam a ameaça crescente da variante Delta no país, que vem causando novas mudanças em Hollywood. Aumento de casos é atribuído principalmente à desaceleração da vacina.

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Com o crescente número de casos em Los Angeles, as produções estão sendo novamente impactadas por conta dos protocolos que exigem paralisações caso haja casos entre os profissionais. Nesta semana, chamou a atenção de toda a mídia o fato de que Sean Penn anunciou que não voltaria para as gravações da série Gaslit até que todos da equipe de produção estivessem vacinados.

A questão da vacina vem se mostrando central na maior parte dos países, nos Estados Unidos a cobertura vacinal está empacada em 49% da população, isso porque as pessoas, mesmo tendo a possibilidade, não estão indo se vacinar. O cenário parece estar empurrando as autoridades a começarem a emitir medidas que obriguem a vacinação. Ontem mesmo o país anunciou que todos os profissionais da saúde devem se vacinar até novembro. Já o prefeito de Nova York e o governador da Califórnia estão dando um ultimato a todos os funcionários públicos: ou se vacinam ou serão testados semanalmente.

Ainda não há medidas do tipo para lugares privados ou outros setores trabalhistas, no entanto, é uma possibilidade que não está descartada, já que é o tipo de iniciativa que pode estimular a vacinação e, assim, obviamente ajudar no controle da variante.

É o que está acontecendo na França, por exemplo, por lá está sendo exigido agora a comprovação da vacina ou um teste negativo recente para a permissão da entrada em espaços culturais, como cinemas, e também em bares e restaurantes. O resultado? No dia seguinte ao anúncio da medida, 1,5 milhão de franceses agendaram cadastro para a vacinação.

No Reino Unido, a situação está um tanto confusa quanto a isso. Por um lado, houve um aumento no número de casos causados pela nova variante, por outro a flexibilização total das medidas de segurança. Com isso, a A24 cancelou o lançamento nos cinemas da região do filme The Green Knight, programado para estrear em 6 de agosto, o mesmo aconteceu com outros títulos.

Uma outra questão vem causando transtornos nos cinemas da região, segundo o ScreenDaily. Há o chamado “pingdemic” que é uma notificação que um cidadão recebe quando se descobre que ele teve algum tipo de contato com alguém confirmado com a covid-19. Desta forma, a pessoa precisa entrar em quarentena até que se confirme estar segura para sair. A iniciativa vem causando desfalque nos cinemas, porque muitos funcionários estão tendo que se isolar por conta do crescimento no número de casos e por consequência aumento das chances de ter contato com alguém infectado.

Segundo o veículo, desde a reabertura dos cinemas da região, em 17 de maio, mais de 3 mil funcionários tiveram que deixar o serviço para se isolar. Com isso, os exibidores estão tendo que contratar temporários de agências, transferir funcionários entre unidades ou até reduzir o horário dos cinemas, tudo isso para que eles não precisem fechar.

Ainda assim, os exibidores britânicos são totalmente contra a obrigatoriedade de algum tipo de comprovação de vacinação para o público do cinema. Eles argumentam que houve queda na venda de ingressos na França por conta disso e que, então, a medida afetaria muito negativamente um mercado já combalido pela crise.

Voltando para os Estados Unidos, há com a ameaça dessa nova variante, um efeito novamente no mercado, com – ainda fora de cogitação -  a possibilidade de novos adiamentos e fechamentos, mas também um impacto no setor de eventos.

A CinemaCon, convenção do setor de exibição agendada para acontecer presencialmente no final de agosto em Las Vegas, acabou de tomar um revés com o anúncio da Disney de cancelar a ida dos executivos e talentos ao evento. Tradicionalmente, as majors de Hollywood fazem grandes apresentações na convenção, reforçando a programação do ano para os cinemas. A Disney informou que apenas exibirá um de seus próximos filmes aos visitantes da convenção.

A decisão foi tomada depois de um alerta das autoridades sobre o aumento de casos de covid em Las Vegas. Todos os outros estúdios confirmados na CinemaCon até o momento não demonstraram intenção de fazerem qualquer alteração em sua participação da convenção.

Com tudo isso, ainda não se sabe como outros eventos deverão se organizar diante deste cenário, nem como os cinemas e estúdios serão afetados por ele. É possível que novas restrições sejam retomadas e medidas mais agressivas entrem em cena, como a obrigatoriedade da vacina.

De qualquer forma, o que os números apontam é que a maioria dos casos e hospitalizações causados pela variante são em pessoas não-vacinadas e a maior parte das farmacêuticas confirmaram a eficácia dos imunizantes neste momento. Então, quanto maior estímulo à vacinação, maiores são as chances de um controle efetivo da pandemia e a possibilidade de deixar esse momento para trás.

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