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27 Agosto 2021 | Renata Vomero

Estúdios e exibidores se comprometem com recuperação do mercado nesta CinemaCon

Sem deixar de tratar das polêmicas deste último ano, tom da convenção foi de parceria pela recuperação

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(Foto: CinemaCon)

Nem precisamos descrever aqui o que tem sido este um ano e meio para a indústria de cinema, se por um lado vimos exibidores do mundo todo encarando uma das piores crises para o setor, do outro lado os estúdios, também combalidos, optaram pelo digital como solução para o desafiador cenário.



Entre insatisfações de ambos os lados e algumas polêmicas ao longo do caminho, como o modelo de lançamento simultâneo nos cinemas e streamings, o reencontro desses elos do setor era bastante esperado para se entender em qual tom essas tratativas seriam trabalhadas e em como o futuro da indústria poderia ser impactado por todos estes processos.

O aguardado reencontro aconteceu nesta semana na CinemaCon 2021, entre 23 e 26 de agosto, presencialmente em Las Vegas. O evento contou com cerca de 2 mil profissionais da indústria, um tanto mais enxuto do que de costume, devido às restrições a muitos estrangeiros e pelo aumento no número de casos de covid-19.

De qualquer forma, a tradicional feira de negócios foi realizada, assim como interessantes painéis de conteúdo. O mais esperado, no entanto, era justamente esse reencontro entre estúdios e exibidores, marcado pelas apresentações destes estúdios.

A maior parte deles se comprometeu com os lançamentos exclusivos nos cinemas, começando pela Sony, única major a não ter seu streaming próprio e que se manteve, embora com algumas exceções, firme com os lançamentos nas telonas. Esse comprometimento foi abraçado pelos visitantes da convenção e não à toa foi o estúdio a abrir as apresentações. Com um line-up forte a ser apresentado, o mais impactante da Sony foi a revelação do trailer de Homem-Aranha: Sem Volta Para Casa, que explodiu a internet depois de ser relevado e já bateu recordes de visualizações globais. Recordes estes que prometem se repetir nas bilheterias quando o filme for lançado em dezembro deste ano nas telonas.

Na apresentação da Warner havia um pouco de ansiedade sobre como seria tratado o tema do lançamento simultâneo, já que o estúdio foi o primeiro a adotar a estratégia. O assunto não foi evitado na apresentação e os executivos da Warner reafirmaram que os títulos voltarão a ter lançamento exclusivo em 2022 nas telonas. A major também apresentou seus destaques da programação e também promete movimentar as bilheterias mundiais nos próximos meses.

O assunto do streaming não foi deixado de lado também pelo presidente da NATO, John Fithian, e pelo presidente da MPA, Charles Rivkin, ambos destacaram o quanto o lançamento híbrido prejudica os resultados dos filmes, portanto, de ponta a ponta da indústria, além de reforçarem o quanto isso tem aberto os caminhos para a pirataria, um antigo vilão do mercado.

No painel que fechou a CinemaCon, inclusive, estava presente Patty Jenkins, responsável por Mulher-Maravilha 1984, justamente o primeiro filme a fazer parte do lançamento híbrido. A cineasta nunca escondeu sua insatisfação com a decisão da Warner e, neste encontro, comentou que entendeu a solução, sendo ela “a melhor decisão dentro de um monte de péssimas decisões”. O filme foi lançado em um momento que os cinemas abertos estavam necessitando de fortes títulos para atrair o público, enquanto a maior parte dos estúdios estavam segurando esses filmes para estrearem globalmente e terem a arrecadação próxima do seu potencial. Jenkins também revelou que não quer mais fazer este tipo de lançamento, já que faz seus filmes para a tela de cinema.

Isso mostra o quanto os cineastas e talentos também não estão satisfeitos com essas decisões, recentemente Scarlett Johansson abriu processo contra a Disney por conta da estreia de Viúva Negra também no Disney+, o que teria prejudicado sua remuneração prevista em contrato.

A Disney, inclusive, foi a única major a não levar executivos para se apresentarem na CinemaCon e terem a oportunidade de falar sobre este assunto. A justificativa foi o aumento de casos de covid, o que, claro, é bastante compreensível. No lugar do line-up, a Disney exibiu na íntegra Shang-Chi e a Lenda dos Dez Anéis, próximo longa da Marvel e que terá lançamento exclusivo nos cinemas na semana que vem.

É importante também usar este exemplo também para ressaltar os conteúdos dos outros estúdios, todos eles mostraram seus filmes que devem chegar somente nos cinemas e, mais do que isso, aqueles com potencial de arrecadação homérica, do tipo que estávamos acostumados em 2019.

Com isso, não é surpreendente que o destaque do line-up da Universal tenha sido Jurassic World: Domino, que deve fechar a nova trilogia da saga jurássica e ainda trazer antigos personagens para as telas. Para além disso, o estúdio destacou também alguns títulos originais, como Ambulance, de Michael Bay, The Black Phone, produzido por Jason Blum, The 355 e Marry Me, além da animação The Bad Guys. Sing 2 e Halloween Kills são as franquias que ganharão sequências nos cinemas.

Também foram apresentados os conteúdos do selo Focus Features, voltado para o cinema de arte e mais focado nas premiações. Alguns dos longas em destaque são One Night in Soho, de Edgar Wright, e Belfast, do aclamado Robert Eggers.

Já a Paramount não poderia deixar de trazer materiais especiais de uma de suas maiores estrelas: Tom Cruise. O ator é protagonista de Top Gun: Maverick e Missão Impossível 7, dois filmes que estão sendo adiados desde o início da pandemia e que devem garantir bons públicos nas salas de cinema. Outra novidade legal do estúdio foi a apresentação de Clifford: O Gigante Cão Vermelho. O filme foi recentemente retirado do calendário da Paramount, que não deu maiores informações. Com a exibição dos materiais na CinemaCon, ficou claro que o longa chegará nos cinemas, ainda não se sabe quando, no entanto.

Com tantos títulos quentes e aguardados, fica evidente a renovação do pacto pelos cinemas firmado entre exibidores e estúdios. Claro, o horizonte ainda está cheio de incertezas, principalmente em Hollywood, o que pode fazer muita coisa mudar no meio do caminho. Ainda assim, o clima amistoso parece sossegar um pouco os aflitos ânimos do setor, enquanto, a expectativa é que a CinemaCon do ano que vem consiga ser palco de notícias animadoras de um futuro tão aguardado.

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