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25 Novembro 2021 | Renata Vomero

Aly Muritiba fala sobre "Deserto Particular", representante do Brasil no Oscar: "É quase um manifesto em defesa do afeto"

Longa estreia hoje (25) no circuito comercial

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(Foto: Pandora)

Estreia hoje no circuito comercial brasileiro, o filme Deserto Particular (Pandora), escolhido para representar o Brasil na indicação de Melhor Filme Estrangeiro. Dirigido por Aly Muritiba, o filme tem comovido as audiências ao trazer uma história de afeto e tolerância.

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E quando dizemos “comovido as audiências” são elas em todas as partes do mundo. O longa tem entrado forte nas pautas da mídia – nacional e internacional – e dos críticos de cinema desde que estreou no Festival de Veneza, onde ganhou o Prêmio do Público.

Mas é no Brasil, nos cinemas, que ele verdadeiramente encontra seu público, ao falar de um assunto tão caro para nós hoje: tolerância e afeto. Com roteiro de Muritiba e Henrique dos Santos.

“Esse filme é quase um manifesto em defesa do afeto, da escuta, da capacidade de nós humanos de nos encontrar com o diferente e tolerar o diferente. É um filme sobre tolerância e contar a história de Daniel e Sara neste momento histórico é de uma importância gigantesca”, explicou o diretor Aly Muritiba, em entrevista ao Portal Exibidor.

Não é à toa, portanto, que o filme passou por grandes transformações desde que começou a ser desenvolvido, há cinco anos, sendo que a princípio seria um drama mais pessimista, sem um final tão leve – aqui não tem spoiler! - . No entanto, os roteiristas optaram por trazer mais otimismo ao filme justamente por entenderam que a nossa realidade já estava dura o suficiente.

De qualquer forma, o longa representa muito bem tantas camadas do Brasil atual, cheio de diferenças, cheio de pautas urgentes, como a transfobia, o machismo, a violência policial, a masculinidade tóxica, enfim... são todos temas tocados no filme e que impactam o público.

“Falamos sobre conservadorismo, sobre as religiões pentecostais, sobre a comunidade LGBTQIA+, violência policial, sobre machismo e patriarcado. Essas são questões sobre as quais já venho refletindo há um tempo em meus filmes e em minha existência. Isso só torna o filme mais importante. Para além de ser um filme gostoso de ver, que entretém e arranca sorrisos, é um filme que provoca reflexões nos espectadores, não intelectualizada, mas na prática, na vida dos personagens, que pode ser vista também na vida espectadores”, ressaltou o cineasta.

O longa é protagonizado por Antonio Saboia, como Daniel, um policial afastado do trabalho depois de cometer um erro. Ele mora em Curitiba, com um pai doente, de quem cuida com devoção. Taciturno, Daniel fala pouco, e sorri menos ainda,. Seu único motivo de alegria é a misteriosa Sara, uma moça que mora no sertão da Bahia, e com quem se corresponde por aplicativo de celular. O desaparecimento súbito de Sara faz com que Daniel resolva cruzar o país em busca de seu amor. 

Um filme que parte dessas microindividualidades para passar por questões macro de nossa sociedade foi responsável também por atrair bons prêmios e menções em outros festivais, sendo o mais recente no Mix Brasil, em que foi premiado como Melhor Filme e Melhor Atuação, para Pedro Fasanaro. 

Recentemente também o longa foi anunciado como o nosso escolhido para representar o Brasil em uma possível indicação ao Oscar de Melhor Filme Estrangeiro, com todo o sucesso que tem feito no exterior, as expectativas estão altas para que a produção consiga sua indicação oficial ou chegue na lista dos pré-selecionados.

Para isso, Aly Muritiba e sua equipe estão nos Estados Unidos trabalhando arduamente na campanha do filme, que está sendo exibido por lá em sessões especiais e festivais.

“O filme foi escolhido para representar o Brasil no Oscar, acho isso uma honra e uma responsabilidade. Acho bonito que o país tenha escolhido um filme que fala de afeto, tolerância e amor para representá-lo em um momento tão difícil, durante a pandemia, com todas as dificuldades enfrentadas com o governo que aí está. Estou muito feliz e estamos trabalhando arduamente agora nos Estados Unidos para tentar levar o filme adiante”.

E sobre sua estreia no circuito comercial aqui no Brasil, ele acrescentou: “Deserto Particular é um filme para ser visto no cinema, para ser visto coletivamente na sala escura. Tenho vivido experiência de ver o filme em tela grande, em salas lotadas, em diversos lugares do mundo, a emoção que ele provoca quando ele é visto nesse espaço sagrado que é a sala de cinema, a sensação é muito poderosa. As sensações são muito poderosas porque elas são maximizadas, imagina uma sala com 100, 200, 300 ou 500 pessoas sorrindo ao mesmo tempo ou chorando ao mesmo tempo. É de uma potência gigantesca. Deserto Particular é feito e concebido para ser visto na tela grande e assim eu espero que ele seja assistido”, finalizou.

Deserto Particular tem elenco formado por Antonio Saboia, Pedro Fasanaro, Thomas Aquino, Laila Garrin e Cynthia Senek; e produção da Grafo, Fado Filmes e Muritiba Filmes.

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