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06 Abril 2022 | Renata Vomero

"Somos a distribuidora que dá o Play em todas as telas", diz diretor da O2 Play sobre parcerias com streamings

Distribuidora se uniu à MUBI na mais recente estreia de “Drive My Car” e vem reforçando trabalho com Netflix no Brasil

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(Foto: MUBI)

Entre as distribuidoras mais novas do mercado nacional, a O2 Play, do Grupo O2, se manteve atenta às tendências da indústria oferecendo modelos de distribuição variáveis de acordo com cada título. Nos últimos anos, a empresa tem sido o principal nome a lançar conteúdos de streaming antecipadamente – e exclusivamente – nos cinemas, fazendo crucial sinergia entre essas janelas, cada vez mais encurtadas.

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Esse universo de aproximação entre a experiência física e coletiva, representada pela sala de cinema, e a experiência mais individualizada e digital, representada pelo streaming ou VOD, tem dado à distribuidora importante panorama sobre o comportamento do público e do mercado.

Desde 2019, a O2 Play vem reforçando a parceria com os streamings para os lançamentos que chegam antes nos cinemas, lançamentos estes com maior apelo de cinema independente e de arte, portanto, bastante cogitados na temporada de premiação. E o que isso quer dizer? Que este apelo se estende também ao público cinéfilo, normalmente fiel à tela grande.

“Somos a distribuidora que dá o Play em todas as telas. E queremos trabalhar com os melhores filmes. E amamos o cinema e a experiência do cinema. Quero trazer bons filmes para os exibidores e fazer diferença na vida de quem ama o cinema. Algo sensacional para mim foi ter fãs de cinema procurando a O2 Play em nossas redes sociais para lançarmos Drive My Car depois que a MUBI revelou a aquisição do filme”, reforçou Igor Kupstas, diretor da O2 Play.

Com diversos títulos da Netflix desta temporada, incluindo o vencedor do Oscar de Melhor Direção Ataque dos Cães e os outros indicados Mães Paralelas e Não Olhe Para Cima, outra parceria está dando bons frutos para os dois players envolvidos. É o lançamento de Drive My Car, adquirido pela plataforma MUBI e citado acima por Igor.

O filme entrou em cartaz em 17 de março em cinemas selecionados, a data para estrear na plataforma era 1 de abril, última sexta-feira. O longa japonês dirigido por Ryusuke Hamaguchi, no entanto, venceu como Melhor Filme Estrangeiro no último dia 27, o que fez a O2 Play ampliar o circuito para 81 salas de cinemas em todo o país. Mesmo disponível para os assinantes, o filme se manteve no top 10 da bilheteria brasileira e soma mais de 25 mil ingressos vendidos, um feito e tanto para o cinema independente, para um título de streaming e para o atual cenário ainda pandêmico.

“Bons filmes, títulos fortes e aguardados tendem a funcionar independentemente da janela, é isso que observamos. Que o diga Drive My Car, um filme japonês de três horas de duração, sobre o luto, que tem 25 mil ingressos acumulados e que segue na terceira semana em mais de 50 salas de cinema no mesmo fim de semana que estreia na MUBI”, celebrou o executivo e complementou: “A campanha é a mesma. Imprensa, redes sociais, trailer, pôster, boca a boca… no fundo não muda muito. O cinema é o melhor lugar para se assistir a um filme, e cinéfilos querem ver bons filmes nos cinemas”.

E é sobre isso que precisamos nos debruçar, sobre o entendimento do público e do que o atrai para a sala escura, como trabalhar esse convencimento e o momento certo para fazer isso, sabendo da possibilidade de falta de adesão após a estreia no digital, embora nem sempre isso ocorra, como mostrou o caso de Drive My Car.

“Muitos dos filmes que a O2 Play lança são filmes brasileiros de arte de poucas cópias, que entrarão em, digamos, 10 salas de cinema, em poucas cidades, com 1, 2 sessões ao dia, terão algo em torno de 5.000 espectadores e olha lá. A janela “tradicional” aqui é pesada demais, não faz sentido. O desafio de certa forma permanece o mesmo: como estipular um P&A, como chegar no público, como ter o melhor resultado em cada janela. Isso não muda”.

Com isso, a expectativa para o futuro  – e já podemos falar em um futuro mais próximo – é de que esse formato mais híbrido, tão bem consolidado e acelerado na pandemia, se solidifique e seja ainda mais possível trabalhar com os títulos de maneira mais heterogênea, entendendo a capacidade e potencial de cada um e respondendo à reação do público a cada lançamento.

“Estou animado com 2022 e o que poderemos fazer com o que, eu espero e acredito, seja uma retomada do cinema após a pandemia”, finalizou Igor, garantindo que vem mais por aí.

 

Confira entrevista na íntegra:

 

Como está sendo lançar títulos do streaming antecipadamente nos cinemas?

Bons filmes, títulos fortes e aguardados tendem a funcionar independentemente da janela, é isso que observamos. Que o diga Drive My Car, um filme japonês de três horas de duração, sobre o luto, que tem quase 25.000 ingressos acumulados e que segue na terceira semana em mais de 50 salas de cinema no mesmo fim de semana que estreia na MUBI.

Desde a origem da O2 Play, em 2013, abordamos o mercado com ideias diferentes de janelas e possibilidades com as plataformas digitais, às vezes focando mais na janela curta do cinema com as plataformas de aluguel (o chamado TVOD), às vezes com os serviços de assinatura, o SVOD.

Intensificamos esse trabalho em 2019 com O Irlandês e Dois Papas, que na época tiveram duas semanas nos cinemas para depois estrear na Netflix. Os cinemas participantes tiveram ótimos resultados.

Com a pandemia, ao mesmo tempo que tudo ficou mais difícil, bilheterias caíram, cinemas fecharam (o que mudou radicalmente os resultados e parâmetros), houve um aumento de serviços de streaming, assinantes e produção de filmes, o que gera novas possibilidades de negócios para distribuidores e para os exibidores.

Estou animado com 2022 e o que poderemos fazer com o que, eu espero e acredito, seja uma retomada do cinema após a pandemia.

Quais são os desafios de trabalhar na estratégia desses conteúdos, tendo em vista a janela encurtada deles com relação aos lançamentos mais tradicionais?

Eu acho que a pandemia quebrou de vez o molde do “lançamento tradicional” e acredito que a não ser que você seja um blockbuster como Homem-Aranha, que fará milhões e milhões de ingressos em cartaz por meses com exclusividade na telona, não faz sentido mais uma janela obrigatória de 3 a 6 meses para filmes independentes, sejam eles de streaming ou não. Muitos dos filmes que a O2 Play lança são filmes brasileiros de arte de poucas cópias, que entrarão em, digamos, 10 salas de cinema, em poucas cidades, com 1, 2 sessões ao dia, terão algo em torno de 5.000 espectadores e olha lá. A janela “tradicional” aqui é pesada demais, não faz sentido.

O desafio de certa forma permanece o mesmo: como estipular um P&A, como chegar no público, como ter o melhor resultado em cada janela. Isso não muda.

Como tendo sido planejar a comunicação e ações de marketing pensando no convencimento do público assistir a estes filmes no cinema antes que cheguem no streaming? E como analisam as audiências com relação a isso?

A campanha é a mesma. Imprensa, redes sociais, trailer, pôster, boca a boca… no fundo não muda muito. O cinema é o melhor lugar para se assistir a um filme, e cinéfilos querem ver bons filmes nos cinemas.

 

Qual o posicionamento da O2 Play com relação a essa sinergia entre a tela grande e o streaming?

Somos a distribuidora que dá o Play em todas as telas. E queremos trabalhar com os melhores filmes. E amamos o cinema e a experiência do cinema. Quero trazer bons filmes para os exibidores e fazer diferença na vida de quem ama o cinema. Algo sensacional para mim foi ter fãs de cinema procurando a O2 Play em nossas redes sociais para lançarmos Drive My Car depois que a MUBI revelou a aquisição do filme. E a MUBI foi uma grande parceira de todo o lançamento, ajudando a vender ingressos; eles literalmente enviaram uma newsletter para seus assinantes linkando a ingresso.com e divulgando a data do cinema, além de muitos posts nas redes sociais e outras ações. Sinergia total! Queremos mais.

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