Após completar 24 anos, o AdoroCinema se prepara para dar um próximo passo em sua relação com os espectadores e com o mercado: o lançamento de um aplicativo que tem como objetivo mostrar quais filmes estão disponíveis nas telonas e em quais cinemas estão em cartaz. O Portal Exibidor conversou com Antoine Clauzel, diretor da empresa, sobre a novidade e também sobre o panorama do mercado cinematográfico no Brasil.

A transcrição da entrevista pode ser conferida na íntegra ao final da matéria.

“O nome [do app] vai ser AdoroCinema, a gente vai capitalizar na marca que já é bastante presente e conhecida no mercado. Deve estrear durante o mês de julho. É um aplicativo que, antes de tudo, é de serviço e que se resume em duas coisas: o que assistir e onde assistir. Efetivamente, a gente já tem essa informação bastante presente hoje no site e transpor isso para um aplicativo é o melhor dos mundos”, explicou Antoine sobre como funcionará o app.

O site, no momento, possui uma vasta gama de opções para o usuário, com diferentes formatos de conteúdos sobre o mundo do cinema (e de outras produções audiovisuais). Mas há muito tempo também oferece um calendário vigoroso de lançamentos por mês, além de mostrar quais são as sessões disponíveis. Desta forma, o AdoroCinema une todo o tipo de informação básica que mercado e espectadores precisam ter.

“Acho que tem um papel central com os usuários de informar, então de fazer conteúdos que vão ser capazes de dar todas as notícias do mundo do cinema, dos filmes que estreiam. E depois de ter um lado de serviço. Hoje o AdoroCinema é um site onde tem todos os filmes que estão em cartaz e sessões de cinema através do Brasil. E tem um papel muito forte também de entretenimento e diversão. Para mim, tem esses pilares que são muito importantes, para o usuário e para o mercado”, disse Antoine sobre a função do AdoroCinema para a exibição no Brasil.

Para termos ideia, em maio o portal teve cerca de 32 milhões de visitas (contabilizando apenas o momento em que o usuário entra no site). Se for expandir para cada página visitada, foram mais de 50 milhões de acessos. Desta forma, o AdoroCinema é o site líder na categoria Movies (Comscore). O mês anterior já havia sido o segundo melhor da história da empresa e o melhor dos últimos 8 anos, com 28 milhões de sessões iniciadas. 

Há mais de seis anos à frente do AdoroCinema, Antoine também destacou quais foram as maiores dificuldades que enfrentou desde que assumiu o cargo. Entre eles, está se adaptar a todo momento aos algoritmos das redes sociais e do Google, que influenciam diretamente nos resultados de acesso ao site, e também de equilibrar o conteúdo para que não seja elitista e nem muito popular. 

“Vou te confessar que ser diretor de um site chamado AdoroCinema durante a pandemia foi um desafio”, brincou Antoine. 

E falando nisso - no caso, da nossa recuperação audiovisual -, o diretor também está comemorando o bom resultado que o Brasil está obtendo este ano. Os grandes títulos que estão voltando a entrar em cartaz são, segundo Antoine, um dos grandes motivos da retomada, enquanto um dos próximos passos que daremos é mais blockbusters entrando em cartaz. 

Mas algo a mais precisa acontecer: a continuidade dos sucessos nacionais. “Desejo ainda mais que qualquer coisa: a volta do cinema nacional. Acho que nesse processo de pandemia, de falta de política pública [na época], fizeram os cinemas nacionais sofrerem mais do que o resto. E espero bastante ter um mercado de cinema nacional que volte a se consolidar, porque quando você analisa os grandes mercados de consumo de cinema no mundo, o cinema nacional é sempre sempre um pilar muito forte. E deve ser então também para o Brasil”, disse o executivo.

O bom momento da indústria audiovisual no Brasil, aliás, também tem ajudado em outra questão positiva para o AdoroCinema: a manutenção da boa relação com os players do mercado. Até o momento da entrevista, o site já havia feito a campanha de lançamento de 12 filmes em 2024, em parcerias com Paramount Pictures, Paris Filmes, Universal Pictures, Disney e Diamond Filmes.

“A gente gosta de se posicionar como uma mídia especialista, onde vão encontrar o público fiel de cinema - um público onde vão ter facilidade de se comunicar com eles, porque é um público já engajado, né?”, concluiu Antoine. 

CONFIRA A ENTREVISTA NA ÍNTEGRA

Começando por um panorama mais amplo, como você enxerga o atual momentos dos cinemas? 

Com muito entusiasmo, para ser sincero. Ano passado tiveram alguns hits de bilheteria de filmes que funcionaram, como Barbie e Oppenheimer. Esse início do ano se mostra muito mais constante de performance em bilheteria. Gosto do exemplo de Godzilla e Kong: O Novo Império (Warner), que trouxe mais de dois milhões de pessoas às salas e, muito mais inclusive do que o Godzilla: Rei dos Monstros (2019), lançado antes da pandemia. Isso é um sinal de que as pessoas retomaram o hábito e a vontade de ir ao cinema e acho que também os distribuidores e exibidores estão fazendo um excelente trabalho de trazer filmes para essa janela, de promover também o que o mercado chama de filme médio. 

E o AdoroCinema, sendo um termômetro muito fiel desse consumo, também está com um resultado excepcional. Maio [quando a entrevista foi realizada] vai ser o melhor mesmo, [com resultado] que nunca a gente viu em termo de audiência. A gente vai fazer mais de 32 milhões de visitas neste mês, o que consolida a entrada no cinema como principal fonte de conversa com o movie-going. Mas, além disso, acho que tem também um termômetro de que o mercado está voltando. 

Na sua visão, qual é o próximo passo que devemos dar para continuar com a recuperação e, quem sabe, para superar os números pré-pandêmicos?

A volta de grandes franquias ou de grandes títulos. É um próximo passo de coisas que vão acontecer, como agora com Deadpool & Wolverine (Disney). Tem também uns filmes no fim do ano que serão bastante interessantes de ver. Tô muito curioso de saber o que Gladiador 2 (Paramount) pode fazer, por exemplo. Ainda acho que isso é uma vertente que, com certeza, vai continuar a se consolidar no mercado. E é engraçado, porque a gente vê também isso pela demanda e pela audiência que já tem sobre esse tipo de filme dentro do AdoroCinema. A gente costuma medir com antecedência quanto o filme vai funcionar olhando a audiência que ele gera no nosso site, mas também nas nossas redes sociais antes do lançamento. Mas tem também um engajamento silencioso, com as pessoas que vão ver, a ficha que vão ver, a data de estreia, o elenco, etc. A gente consegue ver isso muito bem, então isso pra mim [os lançamentos de grandes títulos] é um dos próximos passos. 

O segundo é que desejo ainda mais que qualquer coisa: a volta do cinema nacional. Acho que nesse processo de pandemia, de falta de política pública na época, fizeram os cinemas nacionais sofrerem mais do que o resto. E espero bastante ter um mercado de cinema nacional que volte a se consolidar, porque quando você analisa os grandes mercados de consumo de cinema no mundo, o cinema nacional é sempre sempre um pilar muito forte. E deve ser então também para o Brasil.

Na sua opinião, qual o papel do AdoroCinema dentro desse movimento de ida aos cinemas?

Acho que tem um papel central com os usuários, em primeiro lugar de informar, então de fazer conteúdos que vão ser capazes de dar todas as notícias do mundo do cinema, dos filmes que estreiam, da janela de lançamento, inclusive. E depois, junto com isso, de ter um lado de serviço. Hoje o AdoroCinema é um site onde tem todos os filmes que estão em cartaz e sessões de cinema através do Brasil. Para ter uma ideia, são mais de 20 milhões de pessoas por ano que vem consumir esse tipo de informação. Unicamente sobre filme em cartaz e sessão de filme.

Acho que tem um um papel muito forte também de entretenimento e diversão. Temos vários formatos nas redes sociais que falam de cinema para dar opinião, crítica, tem formato que permite dar informação mais quente, videocast em formato capaz de receber talento do mercado e também fora do mercado para falar de cinema, falar da relação que as pessoas têm com cinemas. 

Para mim, tem esses pilares que são muito importantes, para o usuário e para o mercado. Hoje o AdoroCinema é a maior mídia para falar disso no Brasil. E com um aumento de audiência e também de engajamento nas redes sociais, como Instagram, com mais de 3 milhões de seguidores, Tik Tok, com mais de 1 milhão de seguidores, e com um engajamento que está crescendo bastante. Essa mídia fala diariamente e engaja diariamente com o movie-going.

Quais foram os principais desafios e principais trunfos do AdoroCinema nos últimos anos, desde que você assumiu a diretoria?

Vou te confessar que ser diretor de um site chamado AdoroCinema durante a pandemia foi um desafio. Mas estou muito feliz de ter superado isso e acho que a gente conseguiu bastante fidelizar nossa audiência nesse período também. Estou muito feliz de ter participado do movimento para voltar ao cinema, para ajudar com o que a gente podia ajudar no mercado nesse momento. 

Estou à frente dessa operação há quase sete anos e uma das coisas que a gente sempre olhou bastante foi uma mídia para trazer pessoas para a sala de cinema. Mas sem entrar numa pegada que seja elitismo, nem entrar também numa pegada que seja unicamente popular, mas trazer um conteúdo para todos os públicos. Então a gente tá fazendo com bastante cuidado, por exemplo, um banco de dados que representa hoje todos os cinemas, de dar visibilidade com ficha e conteúdo a todos os cinemas. A gente tinha, por exemplo, uma presença em Cannes neste ano e em quase todos os festivais brasileiros esse ano. 

E tudo isso para mim é um desafio extremamente forte. E de incentivar o máximo possível o conteúdo que permita às pessoas ter consciência do que está no cinema e de poder ir ao cinema. Porque num país de 220 milhões de pessoas, foram 110 milhões de ingressos vendidos (2023), entre provavelmente 25 milhões a 35 milhões de pessoas. Então esse foi o primeiro desafio.

E um segundo desafio foi se adaptar ao novo meio de comunicação e distribuição de conteúdo que evolui bastante rápido no digital. Se adaptar ao algoritmo de Google, Facebook, Instagram e no TikTok. Acho que isso é um desafio constante da nossa equipe e de proporcionar conteúdo que se distribui bem no digital aí

Como tem sido a relação com a indústria? 

A gente está voltando às campanhas mais pesadas e frequentes no mercado, que é um ótimo sinal. E efetivamente hoje a gente conversa e tem uma ótima relação com o mercado. A gente gosta de se posicionar como uma mídia especialista, onde vão encontrar o público fiel de cinema - um público onde eles vão ter facilidade de se comunicar com eles, porque é um público já engajado, né? A gente fez campanha com Garfield: Fora de Casa (Sony) e Amigos Imaginários (Paramount) que foram campanhas com criação de conteúdo e entrevistas.

E indo para a grande novidade: o AdoroCinema vai lançar um app para ajudar o público a encontrar determinada sessão próxima da região. O que mais pode dizer sobre o app? Tem nome  data de lançamento prevista?

O nome vai ser AdoroCinema, a gente vai capitalizar na marca que já é bastante presente e conhecida no mercado. Ela deve estrear na metade do inverno, então durante o mês de julho, final de julho provavelmente. É um aplicativo que, antes de tudo, é de serviço e que se resume em duas coisas: o que assistir e onde assistir. Efetivamente, a gente já tem essa informação bastante presente hoje no site e transpor isso para um aplicativo é o melhor dos mundos. 

E também vai proporcionar, acredito para o mercado, uma capacidade de entender melhor o usuário, de ter uma capacidade de medir uma conversão. Sabemos que a conversão nesse mercado de cinema não está ainda 100% digital. Então é importante medir os movimentos digitais.