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20 Junho 2025 | Redação

"A Procura de Martina" reforça importância de coproduções para o Brasil: "Fundamental para a expansão do nosso cinema"

Longa dirigido por Márcia Faria chegou aos cinemas no início de junho após ser premiado em festivais internacionais

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(Foto: Divulgação)

A Procura de Martina (Bretz Filmes) fez sua estreia nos cinemas brasileiros em 5 de junho depois de ser premiado no Festival de Mar del Plata e Festival do Uruguai. O longa é uma coprodução entre Brasil e Uruguai, e a diretora Márcia Faria e o produtor Rodrigo Letier concederam uma entrevista exclusiva ao Portal Exibidor para falar sobre a importância do intercâmbio nas produções. "Ganhar o mercado internacional é fundamental para a expansão do nosso cinema e as coproduções são o caminho mais evidente para isso", destacou Letier.



O longa que marca a estreia de Márcia na direção foi inspirado na luta real das mulheres que tiveram seus netos sequestrados durante o regime militar da Argentina, conhecidas como as "Avós da Praça de Maio". O drama acompanha a jornada de uma destas avós, Martina, que se vê em uma briga contra o tempo, enquanto ainda apresenta alguma autonomia, diante do recente diagnóstico de Alzheimer. Sozinha, Martina parte de Buenos Aires com destino ao Rio de Janeiro, para onde seu neto teria sido levado.

Além de receber o prêmio de Melhor Filme na competição latino-americana do 39º Festival de Mar del Plata, na Argentina, e ser eleito o melhor filme pelo júri popular no Festival do Uruguai, A Procura de Martina também teve uma recepção muito calorosa no Festival de Guadalajara, no México, e agora segue para o Social World Film Festival, em Nápoles.

"Isso mostra como o cinema brasileiro continua relevante, capaz de dialogar com diferentes públicos e contextos, sem perder a sua singularidade", destacou a diretora sobre o sucesso e repercussão internacional do filme.

Como dito anteriormente, o longa mostra a luta de mulheres durante o regime militar na Argentina, trazendo a mesma temática de sucesso brasileiros recentes, como Ainda Estou Aqui (Sony), vencedor do Oscar, e O Agente Secreto (Vitrine Filmes), premiado no Festival de Cannes. A diretora afirmou que o sucesso de A Procura de Martina em sua carreira internacional se deve, em parte, à identificação do público com a obra. No contexto do sucesso ibero-americano especificamente, Márcia destaca que o tema das memórias e feridas deixadas pelas ditaduras ainda está muito presente nos países e, por isso, é fundamental que essas narrativas sejam levadas às telonas.

"O cinema tem essa força de lembrar o que alguns tentam apagar. Quando contamos histórias como a de 'A Procura de Martina', estamos dizendo que essas feridas seguem abertas — e que ainda é preciso falar sobre elas. O silêncio, muitas vezes, é o que permite que a violência se repita. Ao levar essas narrativas para as telonas, estamos também convidando o público a pensar criticamente sobre o presente", afirmou.

Apesar do filme retratar a ditadura argentina, o tema gera identificação com o Brasil e também com o Uruguai, como destacou a diretora. O Uruguai viveu uma ditadura cívico-militar durante 12 anos, de 1973 até 1985, e talvez essa identificação tenha atraído as produtoras uruguaias Básico e Criatura para coproduzirem A Procura de Martina. Além de contribuírem para a internacionalização de obras brasileiras, o produtor Rodrigo Letier pontuou que as coproduções também ajudam a trazer frescor aos filmes brasileiros, inclusive em modelos de financiamento e estratégias de comercialização.

"A parceria com os coprodutores uruguaios trouxe uma excelente troca com os técnicos e artistas que vieram fazer o filme, não somente no set de filmagem, mas também durante a pós-produção. Isso obviamente nos ajuda na hora de comercializar o filme e colocá-los nos festivais internacionais. A diversidade de olhares enriquece o processo criativo e espero que os mecanismos públicos de cooperação internacional permaneçam vivos para que possamos buscar sempre mais parcerias que nos ajudem a levar o cinema brasileiro ao exterior", disse.

Por fim, o produtor destacou a felicidade de colocar A Procura de Martina em mercados estrangeiros, com forte repercussão no mercado latino, em especial, e aspectos de fotografia, som e mixagem que contribuem ainda mais para a experiência de assistir a produção nos cinemas.

"A qualidade cinematográfica e o olhar sensível da direção da Marcia Faria imprimem um resultado deslumbrante ao filme. A tela grande naturalmente potencializa todos esses aspectos: a interpretação da Mercedes Morán é de altíssimo nível, a linda fotografia do Leo Bittencourt projeta-se de forma exuberante, e nada mais adequado do que a tela grande para refletir todos esses cuidados que tivemos durante todo o processo de produção. O filme tem camadas sonoras surpreendentes que reverberam o sentimento de busca constante da personagem por seu passado, em luta permanente com sua perda de memória. Nesse sentido, faço especial menção ao trabalho de edição de som e mixagem do Ricardo Cutz, que nos cinemas, ganha ainda mais força", finalizou.

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