Estamos no sexto ano desde que a pandemia do Covid-19 assolou o mundo e, desde então, o setor cinematográfico é um dos que ainda sofrem para conseguir voltar ao ritmo anterior. Em parte, por consequência direta da paralisação da indústria, mas também porque os anos dentro de casa mudaram a forma de consumo do público. Mas 2025 chegou em sua metade com uma ótima notícia, visto que foi o melhor primeiro semestre que as salas de cinema tiveram desde 2020.

Os números foram retirados do Observatório do Cinema e do Audiovisual (OCA), da Ancine, e levam em consideração somente os dados recolhidos até a 26ª cine-semana de cada ano, que corresponde ao primeiro semestre. Por praticidade, não consideramos - para nenhuma comparação - os números de 2020 e de 2021, anos em que as salas de cinema estiveram totalmente fechadas em boa parte dos meses.

Nas 26 primeiras semanas deste ano, foram vendidos 60 milhões de ingressos. O número é 4,1% maior do que os 57,2 milhões de 2024, superando também os anos anteriores: 59,2 milhões em 2023 e 47,4 milhões em 2022. Apesar da melhora, os 60 milhões de ingressos vendidos em 2025 ainda estão 33,8% abaixo dos 90 milhões vendidos no primeiro semestre de 2019. 

Na renda, a diferença é menor: com R$ 1,22 bilhão arrecadados, 2025 está apenas 16,4% abaixo do R$ 1,46 bilhão do último ano pré-pandêmico. A explicação se dá pelo valor dos ingressos: enquanto o ticket médio hoje está em R$ 20,41, em 2019 estava em R$ 16,16.

Mesmo com os números ainda distantes dos observados em 2019, existe uma categoria em que houve uma significativa melhora. O market share para o cinema nacional é consideravelmente maior do que nos últimos anos e, com 14,6%, o primeiro semestre de 2025 supera os 10,2% da primeira metade de 2019. Em números absolutos, porém, os primeiros seis meses daquele ano venderam mais ingressos para filmes nacionais do que o primeiro semestre de 2025: 9,1 milhões e 8,7 milhões. 

A quantidade de sessões é outro ponto que vem em constante recuperação, considerando somente o primeiro semestre de cada ano. De 2022 a 2024 foram, respectivamente, 1,870 milhão, 1,968 milhão e 2,075 milhões de sessões, e esse ano já foram 2,154 milhões, levemente abaixo do que os 2,180 milhões de 2019.

A ocupação média da sala, por outro lado, estagnou. Enquanto em 2019 cada sessão vendeu, em média, 41 ingressos, os anos seguintes registraram uma queda considerável: 25 (2022), 30 (2023) e 28 (2024), mesmo número observado no primeiro semestre de 2025.

Como sabemos, a recuperação do setor levará um importante tempo para acontecer, dependendo não apenas dos filmes que estão em cartaz, como também das ações das distribuidoras e das redes de exibição. Ações políticas, como a recém-anunciada suspensão das cobranças de empréstimo relacionadas ao FSA, também são muito importantes não apenas para auxiliar a indústria nesse momento ainda delicado, como também para fomentar a produção de filmes e incentivar o consumo cinematográfico nas telonas através da formação de público. 

Filmes mais vistos

O principal lançamento de 2025 até o momento é Lilo & Stitch (Disney), que vendeu 9,4 milhões de ingressos nos seis primeiros meses do ano. Considerando as duas semanas de julho, o filme já superou a marca dos 10 milhões.

Antes do alienígena hawaiano assumir a liderança, quem ostentava o título desde abril era Um Filme Minecraft (Warner), que fechou a campanha com 5,2 milhões de público. Um pouco atrás e ainda em cartaz, está Como Treinar o Seu Dragão (Universal), que acumulou 4,1 milhões de espectadores no primeiro semestre - e, aliás, deve ultrapassar Minecraft nos próximos dias, considerando o público de julho.

Filmes lançados ano passado, como Mufasa: O Rei Leão (Disney), Sonic 3 - O Filme (Paramount), O Auto da Compadecida 2 (H2O Films), Ainda Estou Aqui (Sony) e Moana 2 também estão entre os filmes mais vistos no primeiro semestre de 2025.

Confira os 15 filmes mais assistido nos seis primeiros meses do ano:

• - Lilo & Stitch | 9,4 milhões de ingressos vendidos;
• - Um Filme Minecraft | 5,2 milhões;
• - Como Treinar o Seu Dragão | 4,1 milhões;
• - Mufasa: O Rei Leão | 4 milhões;
• - Sonic 3 | 3,1 milhões;
• - Capitão América: Admirável Mundo Novo (Disney) | 2,95 milhões;
• - O Auto da Compadecida 2 | 2,92 milhões;
• - Ainda Estou Aqui | 2,7 milhões;
• - Thunderbolts* (Disney) | 2 milhões;
• - Branca de Neve (Disney) | 1,88 milhão;
• - Premonição 6: Laços de Sangue (Warner) | 1,80 milhão;
• - Missão: Impossível - O Acerto Final (Paramount) | 1,4 milhão;
• - Moana 2 | 1,1 milhão;
• - Chico Bento e a Goiabeira Maraviósa (Downtown/Paris) | 979 mil;
• - Nosferatu (Universal) | 919 mil.

Considerando somente os nacionais, além dos já citado (O Auto 2, Ainda Estou Aqui e Chico Bento), o ranking dos dez mais vistos conta com: Vitória (Sony), com 710 mil ingressos vendidos; Homem com H (Downtown/Paris), com 627 mil; Fé Para o Impossível (Galeria), com 268 mil; Uma Advogada Brilhante (Downtown/Paris), com 140 mil; MMA - Meu Melhor Amigo (Disney), com 90 mil; além dos documentários Ritas (Paris FIlmes), com 29 mil, e Milton Bituca Nascimento (Gullane), com 26 mil.