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22 Agosto 2025 | Yuri Cavichioli

Mares Filmes e Alpha Filmes fortalecem parceria e projetam crescimento com sete estreias até início de 2026

Distribuidoras apostam em diversidade e codistribuição estratégica para ampliar participação no mercado nacional

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(Foto: Divulgação)

O mercado de exibição brasileiro deve ganhar fôlego extra nos próximos meses com a estratégia de codistribuição da Mares Filmes e da Alpha Filmes. As distribuidoras, que já conquistaram destaque em 2025 com Flow, vencedor do Oscar de Melhor Animação, agora projetam entregar sete lançamentos até fevereiro do ano que vem, contando com produções premiadas em festivais internacionais e títulos de forte apelo comercial. A expectativa é consolidar posição entre as dez maiores distribuidoras do país em market share.



O Portal Exibidor conversou com exclusividade com Marcelo de Souza, diretor geral da Mares Filmes, e Roberto Queirós, diretor geral da Alpha Filmes. Ambos comentaram sobre o atual momento da exibição nacional, assim como detalharam o line-up das distribuidoras.

O resultado do primeiro semestre já evidencia o impacto da parceria. Juntas, as empresas alcançaram R$ 10 milhões em bilheteria, combinando estreias individuais e filmes lançados em conjunto. “Nosso objetivo é oferecer diversidade e qualidade para que mais pessoas voltem ao cinema”, esclarece Marcelo. 

A aposta agora é em um line-up capaz de atrair desde o público cinéfilo até famílias e jovens, reforçando o papel estratégico desse modelo de colaboração como ferramenta de redução de riscos e ampliação da oferta para os exibidores. A aliança também se apoia em um movimento de retomada gradual do público às salas. O desafio ainda é equilibrar espaço para blockbusters e filmes independentes, oferecendo campanhas criativas que gerem desejo e experiências que justifiquem a ida ao cinema.

Apesar do crescimento registrado em público e renda, os filmes independentes ainda enfrentam obstáculos. O setor não recuperou totalmente o público pré-pandemia, e a presença segue concentrada nos grandes centros urbanos. Há ainda a dificuldade de garantir espaço e horários adequados nas salas. Para driblar esses entraves, as distribuidoras apostam em criatividade, com ações voltadas à imprensa, influenciadores e exibidores, além de materiais diferenciados para engajar espectadores.

“Lançamos três filmes indicados ao Oscar, sendo que ‘Flow’ fez uma carreira belíssima nas salas. Somados os resultados, atingimos a marca de R$ 10 milhões em bilheteria, o que, até o momento, nos coloca entre as dez distribuidoras do ano em market share”, comenta Marcelo.

A combinação de expertise, relacionamentos e estratégias de comunicação cria um pacote mais competitivo diante dos exibidores, garantindo variedade de line-up e mais consistência na oferta.

Para os próximos filmes, a curadoria das estreias de setembro a fevereiro parte de dois eixos: relevância cultural e potencial de público. Entre os destaques, estão a animação Little Amelie, vencedora do público no Festival de Annecy; o drama jovem Sorry, Baby; o terror The Ugly Stepsister; e Nouvelle Vague; tributo de Richard Linklater à obra de Jean-Luc Godard. 

Outros títulos são Orwell 2+2=5, com temática política e social contemporânea; Enzo, que abriu da Quinzena dos Realizadores no Festival de Cannes de 2025; e Sr. Blake ao seu Dispor, próximo filme das distribuidoras a entrar em cartaz, em 18 de setembro.

Para as companhias, o segredo do acerto está em combinar curadoria cuidadosa e estratégia comercial. Longas como Parasita, distribuído pela Alpha Filmes em 2020, e Flow mostraram que qualidade artística e apelo de bilheteria podem caminhar juntos. Agora, a expectativa é repetir a fórmula com novas apostas capazes de gerar repercussão crítica, engajamento nas redes sociais e ocupação consistente nas salas.

“Acreditamos que alguns deles têm potencial para brilhar na temporada de premiações, como aconteceu com nossas apostas do início do ano”, reforça Marcelo.

A seleção, portanto, não se restringe ao prestígio em festivais. O objetivo é transformar reconhecimento crítico em bilheteria, estimulando debates, engajamento em redes sociais e ocupação prolongada das salas. Essa estratégia dialoga tanto com o público cinéfilo quanto com audiências mais jovens, abrindo espaço para obras autorais e, ao mesmo tempo, para produções capazes de disputar atenção com os blockbusters.

“Mais do que oferecer filmes, queremos oferecer experiências. Cada título virá acompanhado de campanhas criativas, materiais de apoio e ações que estimulem o boca a boca. Nosso objetivo é que cada exibidor tenha em nossas estreias um aliado para trazer mais público ao cinema e fortalecer a retomada do setor”, explica Roberto.

Os executivos, vale ressaltar, reforçam que a prioridade é estreitar ainda mais a relação com os exibidores, porque acreditam que só com esse alinhamento será possível devolver ao público o hábito de frequentar as salas e manter vivo o encantamento do cinema.

Em um cenário em que a disputa por público segue intensa, a aposta das empresas aponta para: diversidade com consistência, prestígio aliado à capacidade comercial e, sobretudo, proximidade com os exibidores. Se a primeira metade do ano mostrou resultados sólidos, os próximos meses serão determinantes para confirmar se a parceria pode se consolidar como um dos polos mais relevantes da distribuição nacional.

Um olhar para o futuro

Embora não seja novidade no mercado, a codistribuição vem ganhando maior relevância no cenário atual. Entre as principais características desse modelo de negócio estão a divisão de riscos financeiros — o que permite investir em mais títulos e apostar em obras que talvez fossem inviáveis de forma isolada —, a soma de experiências e as redes de relacionamento de cada distribuidora, resultando em campanhas mais criativas e eficazes. Por fim, também há maior força junto aos exibidores, com line-ups mais variados e consistentes.

“O primeiro semestre foi muito positivo para nós. A Alpha Filmes, agora em parceria com a Mares, conseguiu ampliar seu line-up e trazer títulos de grande relevância artística e comercial. Essa união tem nos permitido reduzir riscos, investir em mais filmes e oferecer ao exibidor mais opções de programação”, afirma Roberto Queirós.

Para Marcelo de Souza, a parceria seguirá priorizando filmes diferenciados, com bons atores e boas histórias, capazes de se destacar em um mercado cada vez mais competitivo. A ideia é manter a curadoria atenta tanto à qualidade artística quanto ao potencial de público, reforçando a identidade de uma distribuidora que alia consistência e prestígio.

Projetando um trabalho cada vez mais sólido e comprometido com o fortalecimento da experiência cinematográfica, o diretor da Alpha Filmes fala sobre o objetivo de investir em títulos que conciliem reconhecimento crítico e resultados comerciais, oferecendo aos exibidores diversidade, apoio estratégico e consistência. “Olhando para o futuro, nossa prioridade é simples: estreitar cada vez mais a relação com os exibidores, pois acreditamos que só juntos conseguiremos devolver ao público o hábito de frequentar as salas e manter vivo o encantamento do cinema”, ressalta.

Com esse movimento, Mares e Alpha buscam ampliar protagonismo em um mercado competitivo, equilibrando prestígio cultural e resultados comerciais. Para os exibidores, a perspectiva é: line-ups diversificados, apoio estratégico de lançamento e uma parceria sólida para reconquistar o hábito do público de frequentar as salas.

Confira mais detalhes sobre as próximas estreias das distribuidoras

  • - Sr. Blake ao seu Dispor | 18 de setembro: dirigido por Gilles Legardinier, é o primeiro filme de John Malkovich como protagonista inteiramente falado em Francês;
  • - The Ugly Stepsister | 23 de outubro: de Emilie Blichfeldt, é uma releitura sombria e visceral da história da Cinderela, combinando elementos de terror corporal, humor ácido e crítica social;
  • - Sorry, Baby | novembro de 2025: Eva Victor dirige esse sucesso no mercado independente, que estreou no Festival de Cinema de Sundance em janeiro e foi adquirido pela A24;
  • - Nouvelle Vague | 11 de dezembro de 2025: Novo filme de Richard Linklater, esteve na seleção oficial do Festival de Cannes 2025. É uma homenagem à Nouvelle Vague, o movimento cinematográfico francês;
  • - Orwell:2+2=5 | dezembro de 2025: exibido na seção Cannes Premiere do Festival de Cinema, é um documentário dirigido por Raoul Peck que explora a vida e obra de George Orwell;
  • - Little Amélia or the Character of Rain | janeiro de 2026: dirigido por Maïlys Vallade e Liane-Cho Han Jin Kuang, foi o vencedor do Prêmio do Público no Festival de Annecy 2025;
  • - Enzo | janeiro ou fevereiro de 2025: dirigido por Robin Campillo, abriu a Quinzena dos Realizadores no Festival de Cannes de 2025.

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