Que o cinema brasileiro voltou a ocupar espaço relevante no radar da indústria internacional ficou evidente depois do prêmio de Melhor Filme Internacional para Ainda Estou Aqui (Sony) no Oscar deste ano! Agora, já se preparando para a próxima edição, foi divulgado hoje (16) o shortlist do Oscar 2026 pela Academia de Artes e Ciências Cinematográficas e temos quatro representantes nacionais: O Agente Secreto (Vitrine Filmes), Apocalipse nos Trópicos (Netflix), Amarela (Vitrine Filmes) e Yanuni.

Mesmo sendo apenas a lista prévia, ainda sem garantias de quem marcará presença no Oscar, há uma expectativa que o Brasil possa figurar com essas quatro produções (sendo uma delas, coprodução internacional) e bater o próprio recorde de indicações simultâneas, em um movimento que reforça a consistência recente da produção nacional no circuito global.

Entre os títulos mais comentados do shortlist está O Agente Secreto, de Kleber Mendonça Filho, que figura em duas categorias estratégicas: Melhor Filme Internacional e Direção de Elenco. Em um ano em que a disputa se mostra pulverizada e competitiva, o longa brasileiro se destaca não apenas pela presença dupla, mas pelo peso simbólico de representar um cinema que se impõe sem concessões estéticas ou temáticas.

Vale lembrar que o shortlist não equivale à lista final de indicados. Trata-se de uma etapa intermediária do processo do Oscar, em que a Academia reduz o universo inicial de inscrições para um grupo mais restrito de títulos por categoria. 

É a partir dessas listas que novas votações são feitas e, assim, definem os cinco indicados oficiais, que serão anunciados em 22 de janeiro de 2026. Estar no shortlist já é, portanto, um indicativo claro de relevância artística e de força na campanha internacional.

A trajetória de O Agente Secreto até aqui sustenta o otimismo do setor. O longa já conquistou o Prêmio da Crítica no Festival de Cannes, venceu Melhor Filme Internacional no New York Film Critics Circle Awards e garantiu a Wagner Moura o prêmio de Melhor Ator na mesma premiação. O longa também foi indicado ao Globo de Ouro 2026 nas categorias de Melhor Filme de Drama e Melhor Filme em Língua Não-Inglesa, além de colocar Wagner novamente na disputa individual. As indicações e premiações demonstram que o filme de Kleber Mendonça está na memória de muitos, sinalizando uma força real na corrida por essa indicação ao Oscar.

Outro nome brasileiro da lista divulgada hoje é Apocalipse nos Trópicos, documentário dirigido por Petra Costa e produzido por Alessandra Orofino. O filme aparece na pré-lista de Melhor Documentário, após uma circulação sólida por festivais como Veneza, Telluride e New York Film Festival. Recentemente, a produção venceu duas categorias no IDA (International Documentary Awards), uma das premiações mais relevantes do gênero, reforçando sua posição como um dos documentários políticos mais discutidos do ano.

Na categoria de Melhor Curta-Metragem, o Brasil é lembrado por Amarela, de André Hayato Saito. O curta acumula um currículo expressivo, com passagem por Cannes, TIFF e prêmios em festivais como Havana, Tous Courts e Hollywood Shortfest. Sua inclusão no shortlist consolida a força do curta brasileiro no circuito internacional.

Também lembrado como Melhor Documentário, o quarto dessa lista à parte contando apenas brasileiros é Yanuni, que entra como coprodução com participação brasileira liderada pela cacica Juma Xipaia, ao lado de Leonardo DiCaprio, com direção de Richard Ladkani. O filme circulou por festivais de peso como o Tribeca, venceu o Jackson Wild Media Award de Melhor Longa Documental e foi premiado pelo público na 49ª Mostra Internacional de Cinema de São Paulo, consolidando-se como um dos destaques do cinema ambiental em 2025.

Um quinto elemento do cinema brasileiro é o diretor de fotografia Adolpho Veloso, que está no shortlist por Sonhos de Trem (Netflix).

E, quando o assunto é Brasil, a Vitrine Filmes e Netflix têm motivos de sobra para comemorar. Com duas produções entre a pré-lista, a Vitrine se mostra — com o perdão do trocadilho — uma grata vitrine para duas obras que buscam fazer mais história no Oscar 2026. Assim como a Netflix, que também costuma marcar presença com curtas-metragens, apostando em Amarela e tendo reconhecimento por parte dos avaliadores da Academia.

Com quatro representantes em três categorias distintas, o Brasil encerra essa etapa do Oscar 2026 com um saldo que vai além da torcida. Trata-se de um reflexo direto de estratégias mais maduras de circulação internacional, escolhas autorais consistentes e com investimentos no setor que geram maior lembrança da Academia.

 

Veja abaixo as pré-listas nas cinco categorias com brasileiros:

 

Melhor Filme Internacional

• - Belén: Uma história de injustiça (Prime Video) | Argentina

• - O Agente Secreto (Vitrine) | Brasil

• - Foi apenas um acidente (Imovision) | França

• - O som da queda | Alemanha

• - Homebound (Netflix) | Índia

• - O bolo do presidente | Iraque

• - Kokuho: O Mestre Kabuki | Japão

• - Tudo que resta de você | Jordânia

• - Valor sentimental (Retrato Filmes | Mubi) | Noruega

• - Palestina 36 | Palestina

• - A única saída (Mubi) | Coreia do Sul

• - Sirât (Retrato Filmes) | Espanha

• - Late Shift | Suíça

• - A garota canhota (Netflix) | Taiwan

• - A Voz de Hind Rajab (Synapse Distribution) | Tunísia

Melhor Direção de Elenco

• - Frankenstein (O2 Play | Netflix)

• - Hamnet: A Vida Antes de Hamlet (Universal)

• - Marty Supreme (Diamond Films)

• - Uma Batalha Após a Outra (Warner)

• - O Agente Secreto

• - Valor sentimental

• - Pecadores (Warner)

• - Sirât

• - A Hora do Mal (Warner)

• - Wicked: Parte 2 (Universal)

Melhor Documentário

• - Alabama: Presos do Sistema (Warner)

• - Apocalipse nos Trópicos

• - Coexistence, My Ass!

• - Embaixo da Luz de Neon (Apple TV+)

• - Cover-Up (Netflix)

• - Rompendo Rochas

• - Contos do Norte

• - Esperando por Liat

• - Sr. Ninguém Contra Putin

• - Mistress Dispeller

• - Meus Amigos Indesejáveis: Parte I - Último Ar em Moscou

• - A Vizinha Perfeita (Netflix)

• - Seeds

• - A 2000 Metros de Andriivka

• - Yanuni

Melhor Fotografia

• - Balada de um jogador (Netflix)

• - Bugonia (Universal)

• - Morra, Amor (Paris Filmes)

• - F1: O Filme (Warner)

• - Frankenstein

• - Hamnet: A Vida Antes de Hamlet

• - Marty Supreme

• - Nouvelle Vague (Mares Filmes)

• - Uma Batalha Após a Outra

• - Valor sentimental

• - Pecadores

• - Sirât

• - Song Sung Blue – Um sonho a dois (Universal)

• - O Som da Queda

• - Sonhos de Trem

• - Wicked: Parte 2

Melhor Curta-Metragem

• - Ado

• - Amarela

• - Beyond Silence

• - The Boy with White Skin

• - Butcher’s Stain

• - Butterfly on a Wheel

• - Dad’s Not Home

• - Extremist

• - A Friend of Dorothy

• - Jane Austen's Period Drama

• - Pantyhose

• - The Pearl Comb

• - Pedra, Papel e Tesoura

• - Os Cantores

• - Two People Exchanging Saliva