O dia de hoje (17) em Hollywood começou com uma péssima notícia para a Paramount Skydance: a Warner Bros. Discovery rejeitou sua oferta hostil de US$ 108 bilhões por todas as ações da companhia. Desta forma, a oferta da Netflix segue sendo a favorita. Apesar disso, a Paramount sinaliza que lutará pela aprovação dos acionistas da WBD e que, por enquanto, não aumentará a proposta de US$ 30 por ação. As informações são dos portais Deadline e Variety.

Em uma carta de três páginas, a WBD expôs suas preocupações sobre diversos aspectos da oferta da Paramount. Uma das principais questões é a insistência da Paramount em afirmar que sua oferta é garantida pela fortuna da família Ellison, enquanto, na verdade, além de Larry Ellison, pai do CEO da Paramount, David Ellison, a RedBird Capital, a Apollo e três fundos soberanos do Oriente Médio estão entre os investidores no negócio.

“A proposta mais recente da Paramount Skydance inclui um aporte de capital de US$ 40,65 bilhões, para o qual não há qualquer tipo de compromisso da família Ellison. Em vez disso, eles propõem que vocês dependam de um fundo fiduciário revogável, desconhecido e opaco para garantir o financiamento deste negócio crucial. Apesar da WBD ter informado repetidamente sobre a importância de um compromisso de financiamento integral e incondicional da família Ellison – e apesar de seus próprios recursos abundantes, bem como das múltiplas garantias da PSKY durante nosso processo de revisão estratégica de que tal compromisso seria firmado – a família Ellison optou por não apoiar a oferta da PSKY”, ressalta a carta.

A carta também acrescenta que os documentos fornecidos pela Paramount relacionados ao fundo fiduciário revogável contêm lacunas, brechas e limitações que colocam os acionistas e a empresa em risco. 

O documento aos acionistas também classificou a oferta da Paramount como “ilusória”, pois, segundo a Warner, garante o direito de alterar a oferta em qualquer aspecto (inclusive alterando o preço da oferta). E, com as aprovações regulatórias globais provavelmente levando de 12 a 18 meses para serem concluídas, “nada nessa estrutura oferece à WBD qualquer certeza quanto ao negócio. A oferta da Paramount apresenta um grau insustentável de risco e potencial de perda para os acionistas da WBD”.

Espera-se que, em breve, a Paramount aumente sua oferta e a Netflix poderá fazer o mesmo.

Por outro lado, os co-CEOs da Netflix, Greg Peters e Ted Sarandos, enviaram sua própria carta aos acionistas da Warner, reafirmando os méritos de sua oferta de US$ 82,7 bilhões: "Este foi um processo competitivo que proporcionou o melhor resultado para os consumidores, criadores, acionistas e para a indústria do entretenimento em geral. A Netflix e a Warner se complementam, e estamos entusiasmados em combinar nossas forças com sua divisão de filmes para cinema, seu estúdio de televisão de classe mundial e a icônica marca HBO, que continuará focada em séries de prestígio. Também estamos totalmente comprometidos em lançar os filmes da Warner nos cinemas, com uma janela de exibição tradicional, para que o público de todo o mundo possa apreciá-los na telona”.

Após o conselho da WBD rejeitar oficialmente a oferta da Paramount, a Paramount emitiu um comunicado afirmando que reafirma seu compromisso de adquirir a Warner Bros. Discovery integralmente por US$ 30 por ação em dinheiro. Essa postura indica que a Paramount está se preparando para uma longa batalha pelos votos dos acionistas contra o acordo da Netflix para comprar os estúdios da Warner e a HBO Max.

David Ellison, presidente e CEO da Paramount, afirmou: “Continuamos comprometidos em unir dois estúdios icônicos de Hollywood para criar uma líder global de entretenimento única. Nossa proposta oferece claramente aos acionistas da WBD valor e segurança superiores, um caminho claro para a conclusão do negócio e não os deixa com uma empresa linear de pequena escala e altamente endividada. Fiquei encorajado pelo feedback que recebemos dos acionistas da WBD, que claramente entendem os benefícios da nossa oferta. Continuaremos avançando para concretizar esta transação, que é do melhor interesse dos acionistas da WBD, dos consumidores e das indústrias criativas”.

Embora tenham surgido notícias de outros pretendentes, incluindo Amazon e Apple, nos últimos meses, a principal disputa pública se resumia à Netflix, Paramount e Comcast. Após a oferta da Netflix ser aceita, a Comcast desistiu.

Independentemente de quem vencer a disputa pela Warner, o acordo entrará como uma das fusões de mídia mais caras da história e alterará o cenário do entretenimento. Para uma indústria já abalada por milhares de demissões no último ano em grandes estúdios e emissoras, existe uma perspectiva profundamente cética em relação ao futuro do portfólio da Warner. 

Por fim, vale ressaltar que qualquer acordo ainda precisará de aprovação federal dos Estados Unidos e de um longo caminho a ser percorrido rumo à fusão.