Apesar de dívida de aproximadamente US$ 35 bilhões, Warner possui ao menos quatro interessados em sua compra; confira os cenários
Interessados na aquisição da major devem apresentar uma primeira rodada de propostas até hoje (20)
Compartilhe:
(Foto: Divulgação)
Após a Warner Bros. Discoveryadmitir a possibilidade de venda, depois de receber sondagens de diversos interessados, o mercado cinematográfico entrou em ebulição. Apesar de uma dívida que supera US$ 30 bilhões, no último mês surgiram rumores de diversos interessados em um dos maiores estúdios de Hollywood. Entre eles estão Paramount, Netflix, NBCUniversal e até mesmo um fundo soberano árabe. As informações são dos portais Omelete, Exame, Valor Econômico e TecMundo.
Hoje, a Warner possui uma dívida de aproximadamente US$ 35 bilhões, e no dia 21 de outubro, após a empresa anunciar que começou a avaliar ofertas de aquisição, suas ações saltaram em pouco mais de 11%. Vale destacar que em 2020 a Warner já havia sido adquirida pela AT&T por US$ 85 bilhões, e a partir daí foi desencadeada a grande crise financeira da major.
Ao entrar na guerra dos streamings com o HBO Max, a Warner encontrou uma mar de dívidas ao não conseguir o crescimento desejado no número de assinantes. O resultado foi um retorno financeiro abaixo do necessário para dar conta da estratégia agressiva adotada pela AT&T. Além disso, em 2022 a WarnerMedia se fundiu com a Discovery para criar a Warner Bros. Discovery, mas a fusão trouxe uma carga de mais de US$ 50 bilhões em dívidas, com a maior parte vinda da WarnerMedia, refletindo anos de expansão agressiva e altos custos em conteúdo.
Em uma tentativa de diminuir o rombo financeiro, em junho deste ano a Warner tomou a decisão de desfazer a fusão e criar duas novas empresas de capital aberto: a Streaming & Studios, dedicada ao streaming e produção de conteúdo, e a Global Networks, dedicada à televisão tradicional. A tentativa, entretanto, se mostrou insuficiente, e depois de receber o que a empresa classificou como "interesse não solicitado", a Warner se viu obrigada a reavaliar sua estratégia na busca de maximizar o valor destinado aos seus acionistas.
O que inclui o "pacote Warner"?
Um dos principais atrativos da Warner em uma hipotética venda é seu valioso portfólio de ativos que incluem a franquia Harry Potter, com um valor de US$ 34,5 bilhões, e Batman, que vale US$ 29,6 milhões. Além disso, a empresa possui direitos sobre o Universo Estendido DC,Looney Tunes, Game of Thrones, e Succession, além de ser um grande player no mercado de streaming com o HBO Max.
As principais notícias sobre a eventual venda da empresa destacam que há três possíveis caminhos a serem seguidos pelo conglomerado:
- seguir com os planos em andamento de separar a empresa em duas, uma delas contendo a Warner Bros. e a outra com os ativos da Discovery Global — praticamente desfazendo a fusão anunciada em 2022 e mantendo o controle sob os atuais donos;
- vender toda a Warner Bros. Discovery, do estúdio de cinema e streaming até os negócios de TV a cabo, para um único comprador ou grupo de investidores;
- realizar a separação e permitir "uma fusão da Warner Bros. e a cisão da Discovery Global para nossos acionistas", ou seja, vender as partes para grupos distintos ou manter apenas o grupo Discovery;
Quem vai levar a Warner?
- Paramount
A Paramount foi uma das primeiras empresas a surgir como potencial compradora da Warner. Ainda no mês de outubro, de acordo com o Deadline, a Paramount demitiu 2 mil funcionários, cerca de 10% de sua força de trabalho, em uma movimentação que visava preparar a compra da Warner. Os rumores, inclusive, apontam a Paramount como a empresa mais incisiva nas tentativas de aquisição, oferecendo múltiplas propostas.
Informações do Wall Street Journal especularam a Paramount como a única empresa interessada em comprar a Warner como um todo, enquanto outras propostas teriam interesse apenas nos ativos de cinema e televisão, incluindo o HBO Max, e não os seus componentes de televisão tradicionais, como CNN e o Discovery Channel.
Dando a entender que os boatos de venda vão muito além de simples rumores, a Reuters reportou na última terça-feira (18) que o conselho da Warner exigiu que a Paramount aumentasse sua última oferta de US$ 23,50 por ação para US$ 30,00. A última proposta da Paramount seria composta 80% em dinheiro e 20% em ações.
Caso a oferta seja aumentada para US$ 30,00 por ação, a Warner passaria a valer US$ 74,34 bilhões, bem acima da avaliação da oferta atual de US$ 58,23 bilhões. Após a divulgação das informações, as ações da Warner subiram 5%, enquanto as da Paramount avançaram cerca de 2%.
- Netflix
Outra possibilidade que vem sendo bastante ventilada é a venda da empresa para a Netflix. De acordo com o Deadline, no dia 30 de outubro o serviço de streaming contratou a empresa de consultoria financeira Moelis & Co. para explorar uma possível oferta pela Warner.
A Netflix teria procurado o banco de investimento para avaliar uma potencial proposta pelos negócios de streaming e estúdios da Warner, ao contrário da Paramount, que teria interesse em todo o conglomerado. Vale destacar que o serviço de streaming entrou "para valer" na disputa uma semana depois de seu co-CEO, Greg Peters, tentar despistar sobre um eventual interesse.
"Você precisa fazer isso com o trabalho árduo de desenvolver essas capacidades no dia a dia. Você não chega lá simplesmente comprando outra empresa que também ainda está desenvolvendo essas mesmas capacidades", disse à época.
A entrada da Netflix na disputa, entretanto, vem preocupando especialistas do setor. Uma possível compra da Warner pela plataforma de streaming, que já possui grande poder de mercado, poderia esbarrar na lei antitruste dos Estados Unidos. Incorporando a HBO Max e o catálogo da Warner, a participação da Netflix no mercado de streaming poderia superar 30%, um nível considerado potencialmente problemático pelas leis estadunidenses. A lei antitruste, vale destacar, é um conjunto de regras que impede que uma empresa concentre poder a ponto de prejudicar a concorrência, os consumidores ou a indústria.
A Netflix, assim como qualquer interessado na aquisição, deve apresentar uma primeira rodada de propostas não vinculativas pela Warner antes do prazo final de 20 de novembro, que se encerra hoje. A Warner, por sua vez, espera decidir seu futuro até o final de dezembro.
- NBCUniversal
No dia 6 de novembro surgiram notícias que a NBCUniversal teria contratado consultores financeiros para avaliar uma eventual aquisição da Warner. Segundo informações da Reuters, a Comcast, empresa-mãe da NBCUniversal teria acessado informações financeiras para uma possível oferta de aquisição.
Apesar do interesse, alguns especialistas acreditam que a aquisição pode se mostrar complicada graças às críticas do presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, ao CEO da Comcast, Brian Roberts.
A NBCUniversal, assim como a Netflix, teria interesse apenas nos ativos de cinema e televisão da Warner Bros. Discovery, incluindo o HBO Max.
- Fundo soberano árabe
Na última terça-feira (18), a disputa pelo controle da Warner se tornou ainda mais acirrada, com a entrada do príncipe da Arábia Saudita, Mohammed bin Salman, na disputa. Em um encontro com o presidente Donald Trump, bin Salman afirmou que vai investir US$ 1 trilhão na economia dos Estados Unidos, e a Paramount se aproveitaria da situação.
David Ellison, CEO da Paramount, teria participado de um jantar oficial em Washington com o príncipe herdeiro da Arábia Saudita e articulado a compra integral da Warner. É provável que uma formação de uma coalização entre Arábia Saudita, Abu Dhabi e Catar, estaria por trás de uma oferta da Paramount que chegaria a US$ 71 bilhões. Após o encontro entre Trump e o príncipe, inclusive, especula-se que o presidente estaria mais propenso a apoiar a proposta da Paramount.
Vale destacar que o fundo soberano saudita já participa da compra da Eletronic Arts e apoia iniciativas com a LIV Golf. No entretenimento, o Oriente Médio investe em parques temáticos, festivais e novos estúdios — como a Arena SNK Studios, com ex-executivos da Disney e Lionsgate.
Após os rumores, a Paramount negou como "categoricamente imprecisa" a informação sobre uma associação com o fundo soberano árabe, e também afirmou que não iria comentar o assunto, por ser confidencial.
Mas, reforçando os rumores, o Deadline reportou que voos executivos entre Hollywood e o Golfo Pérsico têm se intensificado nas últimas semanas. Um participante descreveu a movimentação como "uma ofensiva total sobre Hollywood".