Grandes estúdios de Hollywood divulgam seus balanços fiscais do último trimestre
Maior bilheteria entre as majors no período foi de “Jurassic World: Recomeço”, da Universal
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(Foto: Divulgação)
Nas últimas semanas, os principais estúdios de Hollywood revelaram seus últimos balanços fiscais, informando aos acionistas a situação de suas finanças. O levantamento de cada major é referente a 1º de julho a 30 de setembro, três meses que marcam o verão no hemisfério norte, período em que costumam ser lançados grandes blockbusters, com o objetivo de alimentar os cinemas durante as férias escolares. As informações são dos portais Variety, Deadline e The Hollywood Reporter.
Disney, Sony, Paramount, Universal e Warner tiveram trimestres bem distintos, com a Warner sendo a grande protagonista no quesito cinema. A Universal, entretanto, também se destacou e foi responsável pelo lançamento de maior bilheteria no período: Jurassic World: Recomeço, que faturou quase US$ 900 milhões em todo o mundo. Em ordem de divulgação do balanço, confira como cada estúdio se saiu no último trimestre fiscal.
UNIVERSAL | 30 de outubro
No geral, o lucro da Universal no último trimestre caiu em relação ao mesmo período do último ano. Os principais motivos foram o cancelamento de assinaturas de TV a cabo em seu principal negócio de distribuição de conteúdo e o "efeito Olimpíadas de Paris", em 2024. No último ano, o streaming Peacock, que não atua no Brasil, ganhou mais de 3 milhões de assinantes pelo fato de a plataforma ter sido o streaming oficial de transmissão das Olimpíadas de Paris. Essa movimentação havia gerado uma receita extra de US$ 1,9 bilhão para a Universal.
A empresa perdeu 257 mil assinantes de TV paga e a receita proveniente de suas operações de mídia, que incluem a NBCUniversal, foi de US$ 6,6 bilhões, uma queda de quase 20%. Sem considerar os Jogos Olímpicos de Paris, a receita cresceu 4% em relação ao mesmo período do ano anterior.
Nos cinemas, a Universal foi responsável pela maior bilheteria do período com o lançamento de Jurassic World: Recomeço (US$ 868,82 milhões). Também se destacaram Os Caras Malvados 2 (US$ 237,35 milhões) e Downtown Abbey: O Grande Final (US$ 102,23 milhões). A receita com filmes, vale destacar, aumentou 6%, para US$ 3 bilhões.
Desta forma, a major viu o lucro líquido atribuível à Comcast (grupo administrador da NBCUniversal) cair 8%, para US$ 3,33 bilhões, ou US% 0,90 por ação. Em comparação ao mesmo trimestre do ano anterior, o lucro havia sido de US$ 3,63 milhões, ou US$ 0,94 por ação.
"Estamos ganhando impulso na NBC e no Peacock à medida que nos aproximamos de um dos períodos mais empolgantes de esportes ao vivo em nossa história, incluindo uma cobertura robusta da NBA que começou na semana passada. Geramos US$ 4,9 bilhões em fluxo de caixa livre neste trimestre e US$ 14,9 bilhões no acumulado do ano, apesar do investimento significativo que estamos fazendo no reposicionamento da nossa empresa, o que demonstra a durabilidade e a resiliência do nosso negócio principal" disse Brian L. Roberts, presidente da Comcast, em comunicado aos acionistas.
WARNER | 6 de novembro
Três sucessos em três meses impulsionaram a Warner Bros., que viu seu estúdio de cinema decolar. Por outro lado, a receita publicitária despencou nas redes de mídia em um terceiro trimestre misto, o que reforça a lógica de uma venda ou divisão da empresa.
A empresa já dividiu internamente seus negócios em duas divisões, antecipando uma separação formal. O lucro da divisão de Streaming e Estúdios, de US$ 1 bilhão, representou um aumento de 58% em relação ao mesmo período do último ano, com receita de US$ 5,3 bilhões, que representa um aumento de 8%. Já na divisão de Redes Lineares Globais, o lucro caiu 20%, para US$ 1,7 bilhão, com receita 22% menor, totalizando US$ 3,8 bilhões.
A receita de bilheteria disparou 74%, impulsionando um aumento de 23% nos lucros da DC Studios, para US$ 3,3 bilhões. Superman, dirigido por James Gunn e lançado em 11 de julho, arrecadou US$ 616,68 milhões em todo o mundo. Outros destaques foram A Hora do Mal (US$ 268,25 milhões) e Invocação do Mal 4: O Último Ritual (US$ 494,53 milhões), que fizeram com que apenas os três filmes, juntos, tivessem uma receita de US$ 1,37 bilhão.
No geral, a Warner reportou uma queda de 16% na receita consolidada, para US$ 1,4 bilhão, ficando abaixo das previsões de Wall Street. O prejuízo líquido registrado foi de US$ 148 milhões, com o trimestre tendo US$ 1,3 bilhão em despesas de reestruturação e outros itens. O lucro ajustado de US$ 2,5 bilhões representou um aumento de 2%, apesar de as ações da empresa estarem em queda.
Em relação ao streaming, a HBO MAX adicionou 2,3 milhões de assinantes, chegando a 128 milhões, enquanto o serviço de streaming busca uma expansão global com planos de lançamento na Alemanha e Itália no primeiro trimestre de 2026. A receita de streaming ficou estável em US$ 2,6 bilhões e os lucros aumentaram 19%, para US$ 345 milhões.
SONY | 10 de novembro
A Sony Pictures Entertainment gerou US$ 2,3 bilhões em receitas no último trimestre fiscal, uma queda de 2% em comparação com o mesmo período do ano anterior. Os lucros caíram 25%, para US$ 93 milhões, e o OIBDA ajustado (Lucro Operacional antes da Depreciação e Amortização) recuou 16%, para US$ 183 milhões.
A queda no último trimestre deve-se, em grande parte, ao sucesso de É Assim Que Acaba, que faturou US$ 351,44 milhões no mesmo período do ano passado. No entanto, houve uma compensação significativa devido à distribuição nos cinemas de Demon Slayer: Kimetsu no Yaiba - Castelo Infinito, lançado no mês de setembro. O anime é um dos maiores sucessos de 2025, já tendo arrecadado US$ 729,99 milhões em todo o mundo. Grande parte do valor, entretanto, entrará na contabilidade do próximo trimestre, tendo em vista que o filme ainda está em cartaz e estreou apenas na última semana na China. Outros destaques da Sony no período foram Kokuho, filme japonês indicado ao Oscar de Melhor Filme Internacional, que faturou US$ 109,13 milhões, e
remake de Eu Sei O Que Vocês Fizeram no Verão Passado (US$ 64,80 milhões).
Em resumo, ao divulgar seus resultados em Tóquio, a Sony Corp. informou que a receita da gigante de mídia e eletrônicos aumentou 5% em relação ao ano anterior no trimestre, atingindo 3,108 trilhões de ienes (US$ 20,1 bilhões). O lucro operacional subiu 10%, para 429 bilhões de ienes (US$ 2,8 bilhões).
A previsão para o ano fiscal completo até março de 2026 foi revisada para cima em 3%, para uma receita de 12 trilhões de ienes (US$ 77,8 bilhões), enquanto a projeção de lucro operacional foi aumentada em 8%, para 1,43 trilhão de ienes (US$ 9,27 bilhões), em parte devido a um aumento esperado na receita com música e a uma diminuição no impacto estimado das tarifas americanas.
PARAMOUNT | 10 de novembro
Após a fusão da Paramount com a Skydance, a receita da major no último trimestre ficou abaixo da previsão de analistas de Wall Street, mas a empresa divulgou projeções otimistas para 2026 e aumentou sua meta de redução de custos. A receita para o período de julho a setembro totalizou US$ 6,7 bilhões, enquanto os analistas esperavam US$ 7 bilhões.
A receita total projetada para 2026 é de US$ 30 bilhões, impulsionada por uma "aceleração saudável" da receita de streaming. A empresa afirmou que a economia de custos resultante da fusão com a Skydance, inicialmente estimada em US$ 2 bilhões, agora chegará a US$ 3 bilhões. A Paramount está atualmente reduzindo seu quadro de funcionários, demitindo cerca de 2 mil trabalhadores (aproximadamente 10% de sua força de trabalho global).
Na divisão de cinema, os principais destaques da Paramount no período foram Smurfs (US$ 124,15 milhões) e Corra Que a Polícia Vem Aí (US$ 102,14 milhões), fazendo com a major ficasse abaixo de suas principais concorrentes dentro desse recorte.
"Quase 100 dias se passaram desde o lançamento da nova Paramount, e estamos satisfeitos com o progresso alcançado até o momento. Nosso objetivo ao unir a Paramount e a Skydance foi homenagear uma empresa com mais de um século de história e profundo impacto cultural, transformando-a para o futuro por meio de investimentos em narrativas excepcionais, tecnologia inovadora e oportunidades de crescimento estratégico que moldarão a próxima era do entretenimento. Hoje, estamos confiantes de que estamos no caminho certo – tomando as medidas necessárias para construir uma empresa mais forte e duradoura para o futuro" disse David Ellison, CEO da Paramount, em carta aos acionistas.
DISNEY | 13 de novembro
A receita da Disney no trimestre encerrado em setembro ficou praticamente estável em comparação com o mesmo período do ano anterior — ficando abaixo das estimativas de Wall Street — e o lucro ajustado por ação caiu 3%. No entanto, o número de novos assinantes do Disney+ e do Hulu superou as expectativas, e a empresa afirma que continua no caminho certo para alcançar um crescimento de dois dígitos nos lucros nos próximos dois anos.
Foi reportada uma receita de US$ 22,46 bilhões para o último trimestre, abaixo da expectativa média dos analistas, de US$ 22,75 bilhões. O lucro ajustado por ação de US$ 1,11 superou as expectativas do mercado em 6 centavos. O lucro operacional total do segmento foi de US$ 3,5 bilhões, uma queda de 5% em relação ao ano anterior, devido ao declínio nos negócios de TV linear e cinema, compensado pelos fortes resultados do streaming e um bom trimestre para parques temáticos e experiências. Para o ano fiscal completo de 2025, a receita foi de US$ 94,43 bilhões (um aumento de 3%) e o lucro ajustado por ação cresceu 19%, para US$ 5,93.
No trimestre encerrado em setembro, a receita da Disney+ e do Hulu aumentou 8%, para US$ 6,25 bilhões, e o lucro operacional atingiu US$ 352 milhões, um aumento de 39%. A Disney+ registrou um ganho líquido de 3,8 milhões de assinantes e o Hulu, de 8,6 milhões. Este é o último trimestre em que a Disney divulga esses números de assinantes, seguindo o exemplo da Netflix.
A receita da divisão de Vendas de Conteúdo/Licenciamento e Outros, que engloba a divisão de cinema, caiu 26% no trimestre, para US$ 1,9 bilhão, e registrou um prejuízo operacional de US$ 52 milhões (contra um lucro operacional de US$ 316 milhões no ano anterior). A Disney atribuiu esse resultado à comparação desfavorável com o desempenho recorde de bilheteria de Divertida Mente 2 e Deadpool & Wolverine no mesmo trimestre do ano anterior. O último trimestre incluiu a arrecadação de bilheteria de Quarteto Fantástico: Primeiros Passos (US$ 521,85 milhões), Os Roses: Até Que a Morte os Separe (US$ 51,96 milhões) e Uma Sexta-feira Mais Louca Ainda! (US$ 153,17 milhões).
"Este foi mais um ano de grandes progressos, no qual fortalecemos a empresa alavancando o valor de nossos ativos criativos e de marca, e continuamos a fazer avanços significativos em nossos negócios de venda direta ao consumidor. Nossa estratégia, aliada ao nosso portfólio de negócios complementares e a um balanço patrimonial sólido, nos permite continuar investindo em ofertas de alta qualidade para nossos consumidores e aumentando o retorno para nossos acionistas, e estou satisfeito com nossas muitas conquistas neste ano fiscal, que posicionam a Disney para o futuro", destacou o CEO Bob Iger em comunicado aos acionistas.