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06 Junho 2019 | Renata Vomero

Criadores de festival francês no Brasil lamentam: "Lá existe um grande incentivo ao cinema"

Festival Varilux de Cinema Francês acontece entre os dias 6 e 19 de junho

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(Foto: Márcia Alves)

Em sua décima edição, o Festival Varilux de Cinema Francês tem início hoje (6) com a proposta de levar o cinema da França para o Brasil. Agora, o festival deve alcançar 80 cidades, em 124 cinemas. Em 2019, a mostra fará duas homenagens: os 230 anos da Revolução Francesa e os 30 anos do clássico francês Cyrano de Bergerac, de Jean-Paul Rappeneau.

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A Revolução Francesa tem seu espaço por meio do notório longa A Revolução em Paris, de Pierre Schoeller, que veio ao Brasil participar da divulgação do festival e debates sobre o filme. Cyrano de Bergerac ganhou uma versão com uma nova roupagem do diretor Alexis Michalik, com o seu Cyrano Mon Amour (A2 Filmes).

A coletiva de imprensa realizada nesta quarta-feira (05) no Teatro Aliança Francesa (um dos apoiadores do festival), contou com a presença dos diretores destes longas em destaque, além dos franceses Swann Arlaud (ator do filme Graças a Deus), Liza Azuelos (diretora de Meu Bebê) e Thais Alessandrin (atriz de Meu Bebê). A conversa foi mediada pelos curadores Christian Boudier e Emmanuelle Boudier, que revelaram maiores detalhes sobre a mostra. “Conseguimos mudar a imagem do cinema francês ao longo destes dez anos, a prova disso é que conseguimos entrar agora em cinemas comerciais, como Cinemark, Cinépolis, Kinoplex e Cinesystem”, explicou Christian.

Em entrevista ao Portal Exibidor, Emmanuelle comentou algumas particularidades desta edição. “Os cineastas franceses se inspiram muito nos temas da atualidade, como a questão do abuso sexual tem sido muito discutida na França, e no mundo todo, nos últimos dois anos, esse tema surgiu em diversos filmes”, destacou a curadora. Entre os longas que trazem essa temática, um dos mais aguardados é Graças a Deus (Califórnia Filmes), de François Ozon e que venceu o Urso de Prata no Festival de Berlim deste ano. A produção retrata um caso de pedofilia de um bispo francês e foi lançado em meio ao processo contra o membro da igreja católica, o que gerou diversas polêmicas. Swann Arlaud interpreta uma das vítimas deste caso e contou na coletiva como foi o processo de criação do personagem. “Esta é uma história muito conhecida na França, seguimos essa linha documental. No entanto, o diretor queria que fosse uma ficção, então, não chegamos a conhecer o personagem real durante o período de gravação, só na estreia do filme. Ele gostou muito, ficou desacreditado nas coincidências que o meu personagem tinha com ele na vida real”, revelou o ator.

No entanto, Emmanuelle destaca como a grande peculiaridade do festival em 2019, o fato de ele conseguir acontecer em meio à crise. “Nossa particularidade é a de continuar existindo. É muito difícil neste momento, mas com orgulho celebramos nosso décimo ano crescendo, devemos alcançar agora 200 mil pessoas. Temos a sorte de ter o patrocínio que dá nome ao festival desde a primeira edição e que agora dá uma grande visibilidade a empresa”, comenta ela referindo-se à companhia Varilux, que fabrica lentes para óculos.

Assim como boa parte do mercado brasileiro vem assinalando, a curadora também destaca a dificuldade de trazer o cinema francês ao Brasil quando se tem uma maior dominação dos blockbusters norte-americanos nos cinemas. “A gente tenta com o festival resistir contra essa dominação. Não que esses filmes não sejam bons, mas tem que deixar lugar para os outros também. Os brasileiros também gostam do cinema francês, tanto é que o festival entrou na agenda cultural do brasileiro”, afirma a curadora. Christian explicou que na França existe uma boa proteção quanto ao cinema regional, o que evita essa disparidade com os filmes que vêm de Hollywood. “Lá existe um grande incentivo ao cinema, com leis de cota de tela e apoio à produção nacional. No entanto, o que acontece na França é que os cidadãos apreciam o próprio cinema, são grandes consumidores da própria arte”, revelou na coletiva de imprensa.

O festival tem como um dos destaques a diversidade de temas e gêneros cinematográficos, indo de grandes produções até animações e filmes independentes. Além disso, a BonFilm, produtora responsável pelo festival, fez uma parceria com o Sesc, em 2018, que leva os filmes para 21 unidades deles em cidades que, muitas vezes, não contam com um cinema. Nestes locais as sessões são gratuitas.

O Festival Varilux de Cinema Francês acontece entre os dias 6 e 19 de junho. A programação completa pode ser acessada no site do evento.

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