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07 Junho 2019 | Renata Vomero

Lei antiaborto da Geórgia movimenta o mercado

Políticos e profissionais destacam possíveis prejuízos do boicote

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(Foto: G1)

Em maio, o governador republicano do Estado da Geórgia, Brian Kemp, assinou a lei que proíbe que abortos sejam realizados a partir do momento em que é possível identificar os batimentos cardíacos do feto (sexta semana). A medida criou uma enxurrada de críticas por parte da oposição, já que muitas mulheres descobrem a gravidez depois desse período, o que as impossibilitaria de interromper a gestação. Nos Estados Unidos o aborto é legalizado em nível federal desde 1973.

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Toda a discussão acerca do assunto, mexeu com Hollywood, já que a Geórgia é reconhecida por ser a casa de milhares de produções dos estúdios, sendo apelidada até de “Hollywood do Sul”. Tudo começou com a Netflix se pronunciando e dizendo que iria reavaliar os investimentos no Estado caso a lei fosse para frente, tal movimento levou outros estúdios a seguirem seu exemplo, como Bob Iger da Disney, e os executivos da Warner, Universal, Sony, Viacom, AMC, entre outros.

O que foi especulado pela Variety em uma análise contundente sobre o assunto, era que os estúdios esperavam que a MPAA (Motion Picture Association of America) tomasse a frente dessa questão, representando todas as empresas do meio. No entanto, com a antecipação da Netflix, os outros conglomerados sentiram-se pressionados pelos próprios colaboradores para tomarem posicionamento também, o que acabou sendo feito e gerando uma grande discussão sobre o assunto. Uma petição criada por grupos pró-vida da Geórgia já conta com 14 mil assinaturas pedindo para que o CEO da Netflix, Reed Hastings, reconsidere o posicionamento da empresa. Alguns políticos republicanos do estado comentaram com ironia o fato de Hollywood se posicionar sobre a questão, dizendo que o Estado não precisa da opinião da “terra de Harvey Weinstein”, relembrando os escândalos do produtor.

Maior parte da oposição a esta legislação espera que as ameaças de Hollywood ao Estado surta bom efeito, já que a indústria movimento US$2,7 bilhões e gera mais de 90 mil empregos na região. No entanto, alguns nomes da política estadunidense declararam sua preocupação justamente quanto a este impacto econômico, conforme fora apurado pela Variety.

“Eu entendo e aprecio aqueles que estão advogando pelo boicote, mas não é possível mudar a política se você abandona o local. No entanto, eles tiveram uma abordagem correta e estão trazendo visibilidade para o assunto, espero que isso nos dê munição para parar a legislação”, comentou o senador Jen Jordan, que é contra a lei, para a Variety.

O veículo The Hollywood Reporter também abordou a questão e trouxe a perspectiva daqueles que trabalham com cinema na região. “São quase 100 mil profissionais na Geórgia que estão com o risco de perder os empregos. Nós somos mais diversos e com grande número de mulheres, o que costumava ser uma dificuldade. Nós também temos o único dono de estúdio afro-americano dos EUA. E agora Hollywood quer nos boicotar”, desabafou o produtor Patrick Millsaps, que trabalha no estado, para o The Hollywood Reporter.

Segundo o portal, outros estados já estão fazendo campanha para serem a nova casa de Hollywood, prometendo trazer diversidade e, muito importante, benefícios monetários atrativos, já que na Geórgia as empresas tinham um desconto de 30% nos impostos. Os estados se esforçando para atrair os estúdios seriam: Illinois, Nova York e Califórnia, que lançou um vídeo nas redes com a frase: “Este é o momento de voltar para a casa”, referindo-se ao fato de que o Estado já foi local para grandes produções no passado.

 

Movimentação nos bastidores

Quando toda essa polêmica foi levantada, o produtor Peter Chernin, um dos maiores nomes da indústria, decidiu contatar os executivos de Hollywood com o intuito de levantar US$15 milhões para doar para a ACLU (American Civil Liberties Union), não só para combater a legislação da Geórgia, mas principalmente para tentar resistir a leis similares que estão ganhando força em outros estados do país.

Segundo o The Hollywood Reporter, o produtor enviou e-mail para os executivos pedindo doações e dando prazo de 1 de julho para juntar o valor. Alguns dos nomes que teriam sido contatados por Chernin seriam: Ari Emanuel, Ted Sarandos e Shonda Rhimes. No comunicado, ele afirma acreditar que essa seja a melhor solução para conseguir frear a lei na Geórgia, ao invés do boicote, já que este meio prejudicaria os profissionais que trabalham na região. No entanto, ainda não se sabe quanto já foi arrecadado pelo produtor e se os estúdios teriam aderido totalmente a sua campanha.

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