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Artigo / Captação

29 Julho 2020

Fontes de recursos

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Nas duas a três últimas décadas o investimento privado em cultura se tornou uma vertente forte e relevante para a viabilização de projetos diversos do setor cultural no Brasil, inclusive para a manutenção de instituições perenes. Essa parceria com o mundo privado tem muitos pontos positivos mas, dentre os aspectos negativos, um item merece destaque: uma geração de produtores se habituou a pensar a captação de recursos focada somente na prospecção com empresas. E é impossível haver perspectiva de sustentabilidade financeira trabalhando com uma fonte única.

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Dentro do âmbito privado, vale ressaltar a importância dos investimentos de pessoas físicas, em expressiva ampliação e com potencial gigantesco de crescimento...

Para ser sustentável financeiramente, é essencial diversificar as fontes de recursos. A captação com pessoas físicas e jurídicas é apenas uma das diversas possibilidades de investimentos financeiros para concretização de ações culturais. Na esfera governamental, é bastante viável a parceria com municípios e os investimentos estaduais (até por meio de editais). Por mais difícil que seja obter financiamentos diretos do governo federal, é fundamental que o setor siga pleiteando recursos, mostrando a demanda. Se não há demanda, não há investimento, razão pela qual é importante cobrar e insistir nas solicitações. Importante também não esquecer das emendas parlamentares, mas para produtoras independentes com fins lucrativos essa não é uma opção – somente instituições sem fins lucrativos podem pleitear essa verba. Mas além do dinheiro, Estados e municípios podem contribuir com relativa facilidade com apoios. E não os desprezem! A troca de serviços e produtos é em si uma fonte de recursos, na medida em que tais permutas retiram custos de um projeto e podem ser significativas conquistas e expressivas reduções orçamentárias.

Algo que o planejamento da captação não pode ignorar é a capacidade do seu produto cultural em gerar renda: pensar a cultura como negócio é essencial, dado o potencial de retorno que uma ação pode ter. O setor audiovisual é um dos que faz isso bem e, para além da comercialização dos próprios produtos culturais e também de ingressos, utiliza a venda de direitos de uso de imagem e autorais, o product placement, como importantes fontes de retroalimentação financeira de suas realizações.

Ainda é possível pensar em marketing relacionado à causa, investimento anjo, financiamentos, licenciamento de marca, eventos e outras formas de se obter recursos para a cultura – a multiplicidade de fontes deve ser considerada num bom planejamento de captação, sendo o mix destas a base do caminho para a sustentabilidade a médio prazo.

Daniele Torres
Daniele Torres

Daniele Torres é museóloga, com pós em história da arte, gestão cultural e comunicação empresarial. Atua há mais de 20 anos com leis de incentivo e captação de recursos. Sócia da Companhia da Cultura, gestora de projetos e consultora de Investimento Social Privado, e também sócia diretora do Cultura e Mercado, site e escola de cursos livres. Atualmente é também conselheira da Comissão de Direito das Artes da OAB-SP.

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