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Artigo / Audiovisual

24 Novembro 2020

Distrair para focar

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Foco, Força e Fé, como diria Kleber Cavalcante Gomes, o Criolo. Precisamos dessa fórmula sempre. E não é apenas neste momento disruptivo - é sempre, sempre mesmo. E prestar atenção tem uma ciência.

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Focar não é atitude fácil com todos os estímulos a que estamos submetidos ao longo do dia. Uma palavra da moda resume bem o que buscamos: mindfullness. Vários caminhos podem nos ajudar neste treinamento da mente e o mais divulgado hoje é a meditação. Além dela, a mente errante, como os especialistas gostam de definir, nos ajuda a pensar e organizar o futuro, em uma característica que só o ser humano tem.

É engraçado saber que é importante acrescentar "distrações" à mente e reduzir a divagação, de acordo com um estudo da neurocientista Nilli Lavie, da Universidade de Londres. Colocar música de fundo durante a produção de um texto por exemplo, pode ajudar algumas pessoas. “A atenção é um recurso limitado, de modo que, se todos os ‘espaços’ de atenção da mente são preenchidos, não há lugar para outras distrações”, afirma a pesquisadora. O processo é algo assim como dar a um bebê um chocalho para que não jogue um objeto frágil no chão.

Assuma que você irá se distrair, querendo ou não; é o natural. Ter a sensação de nos desconcentrar constantemente é completamente normal: os seres humanos passam entre 15% e 50% do tempo com a cabeça nas nuvens enquanto realizam qualquer tipo de atividade (ler, trabalhar, se exercitar), de acordo com um estudo da Universidade da Califórnia. E um relatório da Microsoft diz que a capacidade de atenção plena média dos seres humanos era de 8 segundos em 2013. Pouco né? Ficamos desatentos facilmente. Não é por acaso que os conteúdos têm cada vez menos tempo, menos textos, mais edição.

Associado ao nosso prazo curto de foco está um paradoxo - precisamos de distrações para focar a mente. É a tal da mente errante. Nosso cérebro não sabe distinguir entre um espaço de trabalho e um espaço de ócio; é necessário ensiná-lo a separar. Isso se faz com as pausas ativas - tomar um café, olhar pela janela e fazê-lo fora do local que associamos ao trabalho para mudar de estímulo. O essencial é fazer, na medida do possível, coisas que associamos ao lazer e ao prazer em lugares exclusivos para isso, e trabalhar em um local que só identificamos com essa atividade.

A teoria do ócio criativo segundo Domenico de Masi, professor e sociólogo italiano, tem muito mais a ver com a ideia de o ser humano se valer da sua capacidade de ser multitarefas, do que de ficar à toa, esperando uma possível inspiração chegar.

Mas, ele defende também a ideia de que não adianta forçar o cérebro para desempenhar mil atividades quando ele já se encontra cansado e saturado. O resultado será insuficiente, pois o ser humano tende a ser menos criativo e produtivo quando se encontra em momentos de sobrecarga. É, realmente, um fato que quando estamos "leves" nos sentimos estimulados mentalmente e as melhores ideias fluem.

Cris Cunha
Cris Cunha

Executiva com mais 20 anos de experiência na liderança de marketing de distribuição de filmes nacionais e estrangeiros. Esteve ligada ao lançamento, à estratégia e à distribuição de diversos longas, como: Cidade de Deus, A Vida é Bela, Madame Satã, Olga, Minha Mãe é Uma Peça, De pernas Pro Ar, Chico Xavier, Estômago, Todo Mundo em Pânico, entre outros. A partir de 2017, iniciou atividades ligadas à coordenação de lançamento de filmes - planejamento estratégico da campanha - e à realização de pesquisa de produto (quantitativa e qualitativa) para o segmento audiovisual.

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