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Artigo / Audiovisual

24 Fevereiro 2021

É momento de investir em infra-estrutura

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Algo que argutos observadores previam há 3 ou quatro anos atrás começou de fato a ocorrer: a entrada de diversas plataformas de streaming no mercado nacional e a dinâmica de competição entre elas está gerando aquilo que décadas de políticas públicas para o setor audiovisual vem buscando: uma dinâmica de mercado. Talentos e produtores locais enfim vislumbram um mercado em que há competição pelos melhores projetos; em que talentos locais são disputados e veem seu valor de mercado aumentar; e sobretudo a possibilidade de que obras brasileiras passem efetivamente a adentrar mercados internacionais – projetando a cultura e a criatividade brasileiros para além-fronteira.

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Com cada vez mais lançamentos, e qualidade e orçamentos cada vez maiores, o investimento em produções nacionais está aumentando e espera-se que aumente ainda mais nos próximos anos. O mercado brasileiro é atrativo, e ávido pelo consumo de conteúdos na internet, em geral, e por serviços de streaming, em particular. As condições estão postas para um crescimento vigoroso deste mercado nos próximos anos, mas como muitas vezes o Brasil acaba representando um inimigo a si mesmo: em uma indústria cuja qualidade dos produtos está diretamente atrelada a uma pesada infraestrutura tecnológica e parque de produção avançado, o País com sua pesada legislação de importação e custos excessivos sobre o investimento não possui uma infraestrutura condizente com o potencial deste mercado.

Os gargalos estão por toda a parte: acesso a equipamentos de última geração, estúdios com tecnologia de ponta, maquinário de pós-produção e introdução de efeitos digitais. Embora o volume produzido cresça, existem limites concretos a um aumento efetivo de qualidade enquanto os desafios de infraestrutura não forem efetivamente endereçados.

Se durante décadas o Estado brasileiro investiu nos setores de produção e distribuição, é fundamental que as atenções se voltem para os gargalos de infraestrutura. As empresas do setor de infraestrutura audiovisual enfrentam todo tipo de dificuldades para ampliar e aprimorar suas capacidades de serviço, sendo os altíssimos custos de importação, câmbio desvalorizado e escassez de capital para investimento as principais delas.

Eis aqui um excelente exemplo de como a atuação estatal poderia dar-se de forma estruturadora e não assistencial, ampliando capacidade produtiva e o crescimento geral do setor – com grandes benefícios para a economia do país. A facilitação dos processos de importação de maquinário e equipamentos, assim como a ampliação de acesso ao capital por empresas do setor, contribuiriam enormemente para o desenvolvimento do mercado.

Em uma visão moderna de como o Estado deve apoiar o desenvolvimento, é por meio da construção das condições estruturais a partir das quais o crescimento pode se dar em sua plenitude que deve estar orientada a atuação estatal.  Como vemos em diversos setores econômicos, a falta de investimentos em infraestrutura termina por minar o potencial de crescimento, gerando perda de oportunidades. Em um momento em que as condições estão dadas para um crescimento robusto do setor de mídia e produção de conteúdo (em especial a partir do consumo digital), é sem dúvida chegado o momento de investir em infraestrutura.

José Maurício Fittipaldi
José Maurício Fittipaldi | fittipaldi@jmfmedia.com.br

JOSÉ MAURÍCIO FITTIPALDI (fittipaldi@cqs.adv.br / http://linkedin.com/in/jfittipaldi) – Advogado especializado nos mercados de mídia e entretenimento, sócio de CQS|FV Advogados (www.cqs.adv.br). É também sócio-fundador da JMF Media, onde presta consultoria a grandes players dos mercados de mídia e entretenimento, e co-fundador da Animus Consultoria e Gestão, especializada na gestão de investimentos sociais privados para investidores nacionais e internacionais (www.animusconsult.com.br).

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