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Artigo / Comportamento

27 Março 2020

FOMO na indústria do Audiovisual

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Estamos monotemáticos e com razão. Por que falar e ouvir sobre outros conteúdos, que não o que mais nos traz reflexão e ansiedade hoje? Por isso proponho aqui também uma reflexão! Momentos como este pedem pensamentos disruptivos. E será que nossas mentes estão abertas e sabendo selecionar no que devemos efetivamente prestar atenção? Estamos investindo o nosso tempo e foco em assuntos realmente interessantes e produtivos? 

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A sigla FOMO diz respeito a uma sensação ou síndrome que se você não a sentiu até hoje é porque trabalha muito bem o seu equilíbrio e autocontrole emocional. Ou porque ainda não submergiu nas profundezas do mundo digital. Talvez seja uma questão de tempo. 

FOMO é uma sigla em inglês que significa Fear of Missing Out ou o “medo de ficar de fora” de um assunto ou conteúdo sobre qualquer coisa, que circula na internet. O número é assustador: quase dois terços do total de usuários das redes sociais no mundo padecem desta síndrome, que foi identificada e explicada em um artigo publicado em 2004. Já se passaram alguns anos e a questão continua. Neste período de isolamento social, os acessos estão frenéticos. 

De fato, as pessoas desenvolveram hábitos digitais que afetaram as suas vidas. É só analisar, por exemplo, o tempo que passam conectadas. O brasileiro costuma permanecer em média nove horas e 29 minutos por dia conectado – muito acima da média global de seis horas e 42 minutos. Os dados são do Relatório Digital de 2019.  

No segmento do audiovisual não estamos distantes dessa realidade. Temos inúmeras fontes de informação e conteúdos que nos bombardeiam constantemente, através de matérias, números, índices e notas, que dividem a nossa atenção com as notícias do país, do mundo, dos filhos na escola... e por aí vai. Como acompanhar esse frenesi de circulação de informação? 

Só no Brasil relacionado à indústria, temos inúmeras fontes de conteúdo que nos impactam – dos relatórios da Comscore com resultados sessão-a-sessão a eventos como Expocine, CCXP, Show de Inverno e o Rio2C. As variáveis são muitas. Tanto o Portal Exibidor quanto o site Telaviva enviam diariamente um resumo das principais notícias do mercado para seus assinantes ou cadastrados. DIARIAMENTE chegam em média, somente destes dois veículos, 7 notas que são divididos em assuntos como: mercado, streaming, programação, entre outros. Com todo esse acesso disponível a conteúdos do mercado, como não estar por dentro de todos os assuntos? 

O escritor e historiador Yuval Harari, em um de seus livros, arrisca uma previsão que diz: “Uma classe inútil pode surgir em 2050 devido não apenas à falta absoluta de emprego ou de educação adequada, mas também devido à falta de energia mental.” Energia para repensar a vida profissional diante de sua volatilidade atual e energia para acompanhar o fluxo de informações e a dinâmica de atualizações dos assuntos diversos aos quais somos impactados por dia. 

Como não considerar que estamos condicionados a uma maratona de informações? Não é à toa que a palavra “maratonar” agora é tão conhecida e apreciada. E não estamos falando apenas das séries e conteúdos on demand.  Uma exposição no Louvre com obras do artista Da Vinci, que comemora o 500º de aniversário de sua morte, aconteceu no mês passado (antes da pandemia), entre os dias 21 e 24 de fevereiro e ficou 80 horas aberta, sem pausa. 

É o senso de urgência gerado pela cultura do imediatismo. Checar o WhatsApp a cada cinco minutos, passar horas vendo postagens no Instagram até parecem comportamentos usuais, mas podem ser sintomas de um problema bem maior. Uma pesquisa da agência de marketing Tecmark conclui que o usuário médio verifica o celular aproximadamente 1.500 vezes por semana. 

Vale aproveitarmos esse momento que estamos vivendo agora, para uma avaliação importante: como andam as relações humanas em tempos de hiperconectividade? Essa reflexão sobre a relação que temos com a circulação da informação pela web pavimentou o caminho para o surgimento do JOMO,  Joy of Missing Out ou em bom português: prazer em ficar por fora; apurar nossos valores. 

No mínimo umas respiradas mais profundas ao longo do dia podem ajudar a focar no que é efetivamente necessário e relaxar com relação ao bombardeio de informações. 

Você já meditou hoje?

Cris Cunha
Cris Cunha

Executiva com mais 20 anos de experiência na liderança de marketing de distribuição de filmes nacionais e estrangeiros. Esteve ligada ao lançamento, à estratégia e à distribuição de diversos longas, como: Cidade de Deus, A Vida é Bela, Madame Satã, Olga, Minha Mãe é Uma Peça, De pernas Pro Ar, Chico Xavier, Estômago, Todo Mundo em Pânico, entre outros. A partir de 2017, iniciou atividades ligadas à coordenação de lançamento de filmes - planejamento estratégico da campanha - e à realização de pesquisa de produto (quantitativa e qualitativa) para o segmento audiovisual.

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