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06 Agosto 2021 | Renata Vomero

Presidente da NATO fala sobre mercado, cinema, streaming e CinemaCon

John Fithian concedeu entrevista à Variety

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(Foto: Variety/AP)

Frente a um mercado ainda rodeado de incertezas, polêmicas com relação ao streaming e uma variante que vem preocupando o setor, os executivos de cinema estão se posicionando com relação a todas as transformações da indústria, entre eles John Fithian, presidente da NATO (Associação Nacional dos Proprietários de Cinemas), que deu entrevista à Variety comentando todas essas questões.

Junto a tudo isso, se aproxima também a CinemaCon, evento voltado ao mercado de cinema e organizado pela própria NATO. A convenção, que tradicionalmente acontece entre março e abril, foi cancelada no ano passado e adiada para agosto, neste ano, e acontecerá em formato presencial.

Muito se espera do evento, tendo em vista que reúne os grandes nomes da indústria de exibição, um segmento que foi não só muito afetado pela pandemia, mas também pelas mudanças causadas por ela, como o encurtamento das janelas de exibição, a guerra dos streamings, lançamentos simultâneos no digital e até grandes aquisições e fusões.

“Esta não será uma CinemaCon normal. Nada está normal agora. Todos os grandes estúdios farão apresentações de seus produtos, que é o mais importante para que possamos ver trechos de seus próximos filmes ou, às vezes, de seus filmes inteiros. Mas não haverá a grande quantidade de estrelas que havia em 2019 e não haverá tantos participantes registrados”, confirmou.

Para participar do evento, os visitantes terão que apresentar um comprovante de vacinação ou um teste recente realizado em ao menos 48 horas apontando para o resultado negativo da covid-19. Uma prática que vem ganhando força não só em eventos, como também em espaços públicos fechados, como cinemas, bares e restaurantes. Tudo isso frente à preocupação da variante delta, que fez aumentar o número de casos nos EUA.

“Não há uma resposta padrão para o que são os protocolos. O prefeito De Blasio, da cidade de Nova York, acaba de anunciar uma regra que diz que em todos os lugares onde você se reúne publicamente, você deve ser vacinado - restaurantes, cinemas, peças da Broadway. Estamos trabalhando com o gabinete do prefeito sobre o que isso significa e como implementá-lo. Estamos preocupados com as crianças menores de 12 anos, que não podem ser vacinadas. Eles meio que precisam ser isentos dessa regra. Estamos preocupados com as pessoas que, por razões médicas, não querem ser vacinadas. Eles podem usar um teste negativo em vez disso?”, reforçou.

Dito isso, para a NATO, o único caminho para a total recuperação da indústria, chegando aos níveis de pré-pandemia, é por meio da vacinação da população, ao menos em sua grande maioria, o suficiente para conter a transmissão do vírus e deixar o público com maior confiança nos cinemas. Inclusive, uma pesquisa nesta semana apontou para a queda no grau desta confiança na audiência estadunidense, o que pode voltar a causar um impacto no setor de exibição.

Quanto a isso, a NATO batalhou bastante durante todo o período de maiores restrições e fechamentos para que houvesse mais ajuda do governo para os exibidores. Agora, com os cinemas abertos e a bilheteria norte-americana mostrando boa recuperação e um cenário animador, a briga da associação é pela volta dos lançamentos exclusivos nas telonas, mesmo que implique no encurtamento da janela, mas sem a estratégia de estreia híbrida.

Na ocasião do lançamento de Viúva Negra, por exemplo, a associação divulgou um comunicado repudiando o formato, argumentando ser uma espécie de “canibalismo” na indústria.

“Acreditamos que o lançamento simultâneo de filmes é um péssimo modelo de negócios para o setor como um todo. A disponibilidade em casa canibaliza a venda de ingressos e a disponibilização de uma cópia digital no mesmo dia em que um filme entra nos cinemas agrava e acelera a pirataria. Uma coisa é gravar um filme com uma câmera de vídeo em um cinema e tentar obter uma cópia decente que sincronize com o áudio. Eles existem e muitas vezes não são muito bons. Outra coisa é ser capaz de extrair uma cópia original de um lançamento doméstico. Exclusividade de cinema e as janelas sempre seguraram uma pirataria substancial”, reforçou o executivo.

Com isso, ele destacou o quanto a maior parte dos estúdios estão se comprometendo com o lançamento exclusivo nos cinemas, incluindo a Warner que foi a primeira a adotar o formato simultâneo, mas já reforçou que é uma estratégia apenas para este ano da pandemia, já tendo sinalizado estabelecer uma janela de 45. Frente a isso, Fithian também ressaltou os bons números de Um Lugar Silencioso – Parte II (Paramount) e Velozes & Furiosos 9 (Universal), inclusive, no Brasil, a saga da Universal vem liderando a bilheteria mesmo com fortes estreias na programação.

Ainda para finalizar, Fithian falou sobre o futuro do cinema e as eternas preocupações de que ele vai acabar. Para ele, que trabalha há 30 anos na indústria, e já ouviu essas preocupações diversas vezes, não há dúvida de que o cinema voltará após esta crise.

“Represento os exibidores de uma forma ou de outra por quase 30 anos e nesse período de tempo acho que o epitáfio para o negócio do cinema foi escrito seis ou sete vezes, e foi escrito muito mais antes de eu entrar em cena. Sempre voltamos. Quando a televisão foi inventada, ela afetou substancialmente o nosso negócio por algum tempo. Quando o videocassete foi lançado, as pessoas pensaram que isso acabaria com o negócio. O cinema é viver uma história da melhor maneira possível, com a melhor imagem e som. É sobre fugir de casa e de suas tarefas e rotinas diárias e se perder em um filme. Eu não acho que isso vá embora. Foi prejudicado pela pandemia, mas os seres humanos ainda querem isso”, afirmou.

Confira a entrevista completa em inglês na Variety.

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