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09 Outubro 2019 | Renata Vomero

Compradores chineses estão cautelosos quanto à censura no cinema

Recentes mudanças sugerem que os filtros devem ficar mais rigorosos

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(Foto: Nikkei Asian Review)

Nesta última semana aconteceram dois feriados importantes na China, o feriado Nacional, no dia 1º de outubro e também o 70º aniversário da República Popular da China, no mesmo período. Com isso, o cinema chinês fortificou a exibição das produções locais, como The Climbers, The Captain e My People, My Country, que somados geraram uma arrecadação de US$392 milhões nos seis dias em que durou o feriado.

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Desta maneira, ficou uma questão no mercado de distribuição, tanto entre os compradores chineses, quanto os do exterior a respeito da entrada de filmes estrangeiros e a flexibilidade quanto aos conteúdos, dada a censura vigente no país, principalmente desde 2018, quando foi criada o China Film Administration, dentro do departamento de propaganda do Partido Comunista Chinês. Apesar de não haver uma grande mudança política com essa criação, os profissionais do mercado sentem uma resistência quanto a alguns conteúdos estrangeiros, principalmente com as dificuldades nas relações políticas que estão acontecendo com os EUA, com a Coreia do Sul também e aparentemente com a Suécia. Muitos destes profissionais, estão preferindo não se arriscar quanto a possíveis filmes que possam gerar controvérsias com o governo, apesar de não haver ainda nenhum documento escrito explicando as novas regras quanto à censura. As informações são do Screen Daily.

Para o veículo, alguns compradores, que não quiseram se identificar, comentaram essas dificuldades. “Alguns filmes independentes dos EUA estão sendo lançados agora, mas os compradores hesitam em adquirir mais títulos porque a política não é clara", falou um deles. Outro profissional ressaltou: "Embora nenhum documento escrito tenha sido emitido, os filmes independentes dos EUA, Canadá, Austrália e Suécia estão tendo dificuldade em obter aprovação".

Essa restrição vem contra o que vem acontecido nos últimos anos no país, que viu crescer a diversidade de títulos americanos em sua programação, muitos deles fazendo sucesso na bilheteria local. Foi o caso de Extraordinário (Paris), que faturou US$30 milhões e de Resident Evil 6: O Capítulo Final (Sony), que arrecadou US$159 milhões. Segundo o Screen Daily, a Independent Film & Television Alliance (IFTA), associação mundial que representa os profissionais do cinema, relatou que o único título independente lançado neste primeiro semestre do ano na China foi Tio Drew (Paris), diferente dos 19 títulos de 2018 e 18 de 2017.

"Houve um período de quatro a cinco anos em que o setor estava crescendo e a indústria chinesa ganhava muita flexibilidade, mas agora o ministério da propaganda assumiu o controle, tudo isso mudou", disse Jean Prewitt, CEO da IFTA, ao veículo.

No entanto, os filmes maiores de Hollywood ainda estão tendo uma entrada satisfatória no país, como Era Uma Vez Em... Hollywood (Sony) e Projeto Gemini (Paramount), que ainda vão estrear na China. Além disso, o veículo reportou que filmes de países que não têm conflitos com a China não estão sofrendo problemas para ganharem espaço no território, é o caso de títulos japoneses, indianos e alguns europeus.

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