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29 Janeiro 2020 | Renata Vomero

Festival de Berlim conta com participação recorde de filmes brasileiros

Seleção final do festival foi anunciada na manhã de hoje (29) na Alemanha

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(Foto: Divulgação)

O Festival Internacional de Cinema de Berlim, mais conhecido como Berlinale, já tem a sua lista de selecionadas na mostra competitiva. O anúncio foi feito na manhã de hoje (29) em Berlim, Alemanha. Entre os dezoito filmes que concorrem ao Urso de Ouro neste ano, há um brasileiro, o longa Todos os Mortos, de Caetano Gotardo e Marco Dutra. A 70ª edição do festival acontece entre os dias 20 de fevereiro e 1 de março, e neste ano registrou participação recorde de filmes brasileiros (produzidos e coproduzidos no país), com 19 títulos entre suas diversas mostras.

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Esta é a primeira vez em três anos que um filme brasileiro é selecionado na mostra principal competitiva, a última disputa pelo Urso de Ouro foi com Joaquim (Imovision), de Marcelo Gomes. Todos os Mortos é uma coprodução entre o Brasil e a França e distribuído pela Vitrine Filmes, ainda sem previsão de data de estreia nos cinemas do país. A produção se passa na virada do século 19 para o 20 e foca no período pós abolição da escravidão.

“Estamos muito felizes de fazer parte da Berlinale num momento em que a presença brasileira lá, e também em outros festivais recentes, prova a potência criativa em nosso país. Estamos muito animados para mostrar o filme e também conhecer as obras dos nossos colegas. Estamos trabalhando há alguns anos no roteiro do filme, que veio de uma vontade de filmar um determinado período em São Paulo (no caso, 1899/1900) para tentar entender e destrinchar alguns dos nossos conflitos mais atuais. Ainda não temos data de estreia no Brasil, mas nossa distribuidora Vitrine está começando a preparar o terreno e em breve teremos novidades para contar aos exibidores - é muito importante contar com eles para termos força em nosso lançamento”, comentaram os diretores do longa em entrevista ao Portal Exibidor.

A participação da Vitrine Filmes não se dá apenas com o filme de Dutra e Gotardo, outro título selecionado para o festival, na Mostra Panorama, foi o Cidade Pássaro, de Martin Mariani, e que conta a história de um Nigeriano que vem para o Brasil em busca do irmão mais velho. “Para a Vitrine Filmes, a seleção dos longas para festivais do porte de Berlim é fundamental para se trabalhar principalmente o público do cinema de arte. Selos como Berlim, Cannes e Veneza são conhecidos entre cinéfilos, o público cult, além de gerar mídia espontânea do filme pela repercussão internacional”, explicou Felipe Lopes, diretor geral da distribuidora.

A Mostra Panorama, uma das principais do festival, fora a competitiva, também conta com mais três filmes selecionados, além de Cidade Pássaro, são eles: O Reflexo do Lago, de Fernando Segtowick; Vento Seco, de Daniel Nolasco, e Nardjes A., novo filme de Karim Aïnouz, que acompanha um dia da vida de Nardjes, uma jovem Argelina que participa, em 2019, de protestos pacíficos na Argélia contra o regime de governo atual. Em comunicado à imprensa Karim falou: “Quero que o filme seja ousado, alto, barulhento, rápido e voraz, como as manifestações foram e continuam sendo. As manifestações de Argel ressoam além da Argélia. Eles falam de uma geração que teve seu futuro roubado, mas ainda encontra na esperança um lugar fértil para imaginar o amanhã”. 

A Elo Company, responsável pelo documentário O Reflexo no Lago também falou sobre a seleção do filme, que agora passa a ganhar uma nova vitrine com a chegada em Berlim. “Estamos bem animados! Temos uma enorme oportunidade de ampliar a exportação de conteúdo brasileiro. Tenho trabalhado nessa frente desde 2005 e acredito que estamos no nosso melhor momento. A diversidade de plataformas e canais, a cultura do filme estrangeiro estabelecida pela Netflix e a qualidade da produção nacional, fazem com que tenhamos grandes chances de vendas e coprodução internacional. Tendo em vista esse momento, acabamos de abrir um escritório em Miami com objetivo de maior aproximação dos clientes pan-regionais e plataformas”, comemora Sabrina Nudeliman Wagon, CEO da Elo Company.

Na Mostra Generation, voltada a filmes com temáticas sobre a juventude, o filme Meu Nome é Bagdá, de Caru Alves, foi um dos escolhidos, o que também é motivo de muita comemoração da produtora Manjericão Filmes, responsável pelo longa, que ainda não tem distribuidora e nem previsão de estreia no Brasil. “Desde seu desenvolvimento o filme buscou se comunicar com temas ligados a juventude e principalmente falar das mulheres e suas redes apoio.  O Festival de Berlim, além de ser um dos maiores e mais importantes festivais do mundo é um festival conhecido por estrear filmes de diretoras mulheres numa porcentagem consideravelmente maior aos outros festivais de mesmo porte”, comentou Rafaella Costa, produtora do filme. Na Mostra Forum foram selecionados os longas Vil, Má, de Gustavo Vinagre, e Luz nos Trópicos, de Paula Gaitán. No Forum Expanded, ApiyemiyekîJá, de Ana Vaz, está entre os escolhidos.

Com a divulgação da lista final dos longas selecionados, o Projeto Paradiso, iniciativa filantrópica de suporte a projetos e profissionais do audiovisual brasileiro, anunciou seu apoio aos profissionais e equipes dos filmes brasileiros selecionados para esta edição do Festival de Berlim. O suporte será dado aos títulos da Competição Oficial, Encounters, Panorama e Generation, além dos projetos selecionados para o Co-production Market. A ajuda é feita com apoio financeiro realizado de forma variada, como compra de passagens, reserva de hospedagens, material de divulgação, market screening, tradução, entre outros.

“São muitos profissionais envolvidos para que um filme chegue a Berlim e é fundamental reconhecer este trabalho e valorizá-lo. Entendemos que nosso apoio é uma forma de reconhecimento também. Queremos contribuir de alguma maneira para que esses profissionais possam seguir com conquistas deste tipo. Também há de se comemorar a presença de tantos talentos jovens e potencializar sua presença num evento como este que pode abrir oportunidades únicas para a obra se viabilizar”, explicou Josephine Bourgous, diretora do Instituto Olga Rabinovich, mantenedor do Projeto Paradiso

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