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12 Fevereiro 2020 | Renata Vomero

Animações japonesas assumem o protagonismo do cinema

Mostra no CCBB traça panorama de um dos gêneros mais reverenciados do mercado

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Cena da animação "Akira" (Foto: Divulgação)

Começa hoje (12) no Centro Cultural Banco do Brasil de São Paulo (CCBB-SP), a mostra Anime: O Fantástico Mundo das Animações Japonesas, que fica em cartaz até o dia 24 de fevereiro. Com exibição gratuita de diversos filmes do gênero, a mostra também contará com debates e discussões após as sessões de alguns filmes selecionados.



Sucesso de público no ano passado, quando passou pelos CCBBs de Brasília e Rio de Janeiro, o evento busca traçar uma perspectiva dos diversos estilos e escolas que se desenvolvem dentro das animações japonesas. Além disso, a iniciativa consegue dar ao público a chance de conhecer esse universo e de os fãs conseguirem ver alguns de seus títulos favoritos pela primeira vez no cinema.

“Contemplamos um pouco de tudo em nossa seleção, temos algumas obras bem clássicas, como Ghost In The Shell e Akira, temos outras  que são até muito raras. Fizemos parceria com a Fundação Japão, que disponibilizou alguns filmes que são muitos difíceis de serem encontrados, principalmente em mostras, como o Pop in Q e o Kappa. É uma seleção que faz uma perspectiva legal das possibilidades da animação japonesa”, comentou Juliana Melo, curadora e idealizadora da mostra, produzida pela Villa-Lobos Produções.

A iniciativa do CCBB chega em boa hora, tendo em vista a visibilidade que o cinema oriental, como um todo e com suas peculiaridades regionais, vem ganhando nos últimos meses, impulsionado pela vitória de Parasita (Alpha/Pandora), filme sul-coreano, nesta edição do Oscar, também e, neste caso falando já no âmbito dos animes, com a Netflix disponibilizando parte do catálogo do Studio Ghibli para seus assinantes.

Com essa força, fica evidente a importância das animações japonesas para o mundo, que as utiliza como referência e as reverencia por suas principais peculiaridades. Entre elas, a própria estética, que se utiliza da animação em 2D e enfatiza o cuidado dos animadores japoneses em cada produção. Mas também, e isso é algo bastante relevante, o fato de as animações japonesas não se limitarem ao público infantil, mas também de tratarem de assuntos densos e atuais, voltados aos adultos.

“É uma das grandes escolas de animação do mundo, são filmes que reverenciam questões da cultura japonesa e do mundo todo. Levam alguns temas que são muito interessantes de se trabalhar, o que para muita gente é um estilo ainda infantil. Esse é um legado, de poder mostrar todas as possibilidades que existem dentro da animação. Podem ter filmes adultos, filmes com temáticas muito importantes e atuais. E você também pode levar esse tipo de conteúdo para crianças e jovens de uma forma que realmente abra diálogos”, explica a curadora.

Desta forma, o cinema ocidental bebe e muito na fonte dessas animações, buscando construir novos caminhos para as suas produções. A Mostra, inclusive, buscou levantar essa questão, trazendo, por exemplo, o filme A Tartaruga Vermelha, uma coprodução do Studio Ghibli com a França e a Alemanha, e que mistura os olhares do ocidente e do oriente. A produção foi totalmente acompanhada pelos profissionais japoneses, que continuam criando escolas e novas vertentes dentro do gênero. 

Outra forma de conseguir mensurar a sua importância, é acompanhando alguns dos remakes atuais de Hollywood, tendo nos últimos anos adaptado Ghost In The Shell, Death Note e até mesmo o queridinho Pokémon para as telonas. O que realmente abre as portas para o público conhecer esse rico universo de produção cinematográfica.

Um indicativo desse grande retorno, e que deve persistir por bastante tempo, é o Studio Ghibli voltando à ativa depois de anos sem fazer novas produções e diversos outros estúdios seguindo esse mesmo caminho. Parte dessa popularidade se dá, segundo Juliana, também muito por conta do streaming e a facilidade de acesso a estes conteúdos que a internet traz.

“É um gênero que veio para ficar. Sempre teve uma força grande, o que muda atualmente é o acesso, ele é muito mais fácil. Hoje em dia é possível ver por streaming, até mesmo os DVDs, falando mais aqui do Brasil. Isso dá uma força maior para o gênero, assim como esses eventos, como esse que estamos fazendo. É muito difícil de ver esses filmes no cinema e ainda assim, com todas essas facilidades, tem muita coisa que ainda não chega aqui”, acrescentou a curadora.

Público no Brasil para assistir a esses filmes no cinema existe, já que somos reconhecidos como grandes consumidores de animes e diversas outras produções japonesas. Um exemplo, foram as mostras já feitas em outros estados e que contaram com sessões esgotadas. “As sessões estavam lotadas, a resposta foi muito boa. Tem um saudosismo da infância também, de relembrar o que a gente via na televisão, era muito comum. Além disso, esses são filmes e desenhos de grande qualidade, tanto em narrativa, quanto em estética”, acrescenta.

Apesar de não serem vistos com muita frequência na programação regular dos cinemas, muitas redes exibidoras reservam seus espaços para fazerem eventos voltados aos animes, sejam em maratonas ou mostras especiais. Anualmente, é possível ver esses conteúdos invadindo as telonas brasileiras. Além disso, desde 2003, em São Paulo, acontece o Anime Friends, uma convenção para os fãs das animações e da cultura japonesa que atrai mais de 100 mil pessoas ao Anhembi todos os anos. Em 2020, o evento acontecerá entre os dias 12 e 14 de julho. Pela primeira vez neste ano, a convenção também acontecerá no Rio de Janeiro e em uma terceira cidade que a organização ainda não divulgou.

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