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10 Julho 2020 | Fernanda Mendes

Profissionais falam sobre união do mercado para colocar em prática a acessibilidade de conteúdo

Webinar promovido pela Revista Exibidor colocou em xeque o assunto da acessibilidade que tem prazo final até janeiro de 2021

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(Foto: Reprodução)

Ontem (09), o webinário da Revista Exibidor recebeu Leonardo Edde, presidente do Sicav (Sindicato Interestadual da Indústria Audiovisual), e os fornecedores Danielle Santos, CEO da Acensia Acessibilidade Audiovisual e Comunicação, Luciano Taffetani, gerente sênior de vendas da Dolby, e Ronaldo Bettini Jr., diretor de marketing da ETC Filmes, para falarem sobre acessibilidade de conteúdo na retomada dos cinemas brasileiros.



O prazo para que os exibidores adequem seus complexos com equipamentos de acessibilidade de conteúdo, foi estendido, mais uma vez, indo para janeiro de 2021. E, provavelmente, por conta do Covid-19, essa data será prorrogada novamente. No entanto, Ronaldo Bettini, salientou, que muitas salas no Brasil já estão com os aparelhos para acessibilidade implementados, e há uma fila de conteúdos já adaptados para pessoas com deficiência. Por isso, o mercado precisa debater e entender o que falta para colocar tudo isso em prática.

“Quando as distribuidoras fazem a campanha do lançamento de um filme, falta a divulgação sobre o recurso de acessibilidade, além disso, nas salas que já estão adaptadas não há comunicação para o consumidor falando que lá há soluções para ele usar. Não tem nos sites de venda de ingressos as informações se o filme possui sessão com acessibilidade. Ou seja, existem uma série de situações para discutirmos e pensarmos como fazer esse mecanismo todo começar a funcionar. É caro a implementação, mas é mais caro ainda se você não a utiliza”, explicou o executivo.

Danielle, da Acensia, que trabalha com produção de LIBRAS, audiodescrição e legenda descritiva, também acredita em uma união do setor para que a acessibilidade possa ser efetiva na retomada. “Vai ser muito difícil termos uma retomada efetiva, sem olhar para todos os responsáveis: sindicatos, Ancine e empresas que trabalham com acessibilidade. Precisamos nos unir para começar a ter uma fusão real, para quando uma distribuidora ou produtora quiser ser nosso cliente, ela saiba como funciona o processo de acessibilidade”.

Ainda, a executiva também falou sobre possíveis auxílios financeiros, como reduções tributárias para ajudarem as produtoras - que passam por grave crise financeira por conta da paralisação em vista do Covid-19 - a continuarem produzindo conteúdo com acessibilidade.

Outro ponto que mexe no bolso, e muitas vezes é um desmotivador para desenvolver conteúdo com acessibilidade, é a falta de janelas para explorar o conteúdo. “Os distribuidores conseguem pensar nos arquivos pós-produzidos só para a primeira janela, do cinema, a continuação desses conteúdos fica aquém das expectativas até por conta da usabilidade dessas plataformas, não tem streaming absorvendo efetivamente os recursos de acessibilidade”, contou Ronaldo.

Por parte da Dolby, Taffetani afirmou que a última sala de cinema que implementaram os recursos de acessibilidade foi em fevereiro, antes da pandemia ser anunciada. Em maio, o interesse nessas ferramentas voltou a crescer e estão com novas parcerias com universidades e outros órgãos. No entanto, ele atenta que, caso ocorra uma prorrogação novamente do prazo da acessibilidade, isso pode ser injusto com os pequenos exibidores que fizeram o esforço de implementarem as soluções dentro do prazo inicial. “Não podem aguardar anos para passarem os filmes neste formato”.

Atualmente, as soluções de acessibilidade de conteúdo aprovadas pela Ancine são o ProAccess, parceria da Riole e ETC, que é uma solução que utiliza o sistema de infravermelho, em que não é necessário realizar o download dos conteúdos acessíveis (libras, áudio descrição, áudio assistência e legendas descritivas), pois os mesmos são extraídos diretamente do DCP; e o CineAssista, produto fruto da parceria entre a Dolby e a Assista Tecnologia, que oferece audiodescrição, legenda descritiva e tradução de LIBRAS simultaneamente com o filme.

Futuro

Na opinião do presidente do Sicav, Leonardo Edde, o mercado cinematográfico precisa realizar mais pesquisas e entender mais o que o público com deficiência quer assistir, e o que eles precisam. Além disso, também falta uma melhor fiscalização da lei por parte do governo. “A falta do acompanhamento dessa lei, a falta do contato direto e da atenção ao público alvo é um dos graves problemas. Não há grandes rodas de discussão, não há nenhuma pesquisa profunda sobre isso, para entender o que é esse consumidor, o que ele gosta”, explica. “Todos nós precisamos de acessibilidade, todo mundo usa óculos, por exemplo, essa é uma forma de acessibilidade. Precisamos também de legenda para ver um filme que não é da nossa língua, isso também é acessibilidade. Se há o direito de cultura e informação, tem que ter também o direto de acesso”, completa.

Para finalizar, Ronaldo Bettini lembrou sobre o vídeo que saiu esta semana da campanha em prol do movimento #JuntosPeloCinema: “Saiu o vídeo do #juntospelocinema, foi divulgado amplamente na internet, com milhares de pessoas envolvidas. Mas porque não temos um vídeo desse com audiodescrição? Poderíamos viralizar tanto quanto viralizamos. Será que vamos esperar as três mil salas se equiparem para falarmos de acessibilidade para o consumidor?”.

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