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16 Setembro 2020 | Fernanda Mendes

Cineasta brasileiro quer transformar audiovisual em mercado sustentável

Bruno Torres explica sobre os pilares da sustentabilidade em seus projetos

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(Foto: Arquivo pessoal)

A sustentabilidade ambiental cada vez mais é uma preocupação de empresas, conglomerados multinacionais e pautas políticas. No audiovisual, a prática ainda não é tão abordada, mas Bruno Torres, cineasta que venceu mais de 50 prêmios pelo curta metragem que produziu Meu Amigo Nietzsche, quer mudar este cenário.

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Em entrevista ao Portal Exibidor, Torres contou sobre o trabalho de compensação de carbono em todas as suas obras, junto a produtora Aquarela Midwest, da qual é CEO. Como exemplo está a série A Sustentável Leveza Do Ser, que será a primeira com um modelo de produção 100% sustentável do país, compensando absolutamente todos os impactos da produção tanto ambientais quanto sociais. No entanto, por conta da pandemia, as gravações tiveram que ser adiadas. “A paralisação da série, ao mesmo tempo que prejudica, nos fortalece a entender que estamos no caminho mais correto possível, e neste tempo que estamos forçados a estar paralisados agora, estamos intensificando as ações sustentáveis da série. A data de produção foi alterada de forma definitiva para maio de 2021, porque além da pandemia daqui um mês começa o período de chuva na região da Chapada dos Veadeiros”, explica Torres.

No mesmo modelo sustentável, também estão na fila três projetos de longa-metragem: A Espera De Liz, começando a ser exibido em festivais internacionais e com lançamento previsto em salas de cinema para abril de 2021; Terra De Cegos em fase de captação de recursos; e A Insônia Da Eternidade, em estágio final de desenvolvimento de roteiro para começar a ser inscrito em editais e captar recursos.

Tanto a série como os três longas trazem a sustentabilidade não só na trama como também contam departamentos de gestão ambiental. “Percebemos que para fazer uma gestão sustentável de forma responsável dentro da indústria audiovisual, é necessário ter um departamento de gestão ambiental com expertise no assunto, assim como um diretor de marketing para incorporar ações de sensibilização que farão com que a equipe técnica e o público consigam perceber todo o diferencial”, reforça.

Entre os parceiros de Torres nesta jornada está a Ecooar, empresa de compensação de carbono, que planta a quantidade de árvores necessária de acordo com os dados de consumos e emissões de CO2, como viagens de avião e terrestres, transporte público, consumo de água e gás, além de resíduos sólidos. O cineasta já está com um pomar de 30 árvores e para o segundo semestre serão mais 30. (O público pode acompanhar o pomar virtual aqui)

“A sustentabilidade é um caminho sem volta. A partir do momento que você começa efetivamente, você quer se aprofundar cada vez mais”, reforça. E por isso mesmo, ele descobriu que a sustentabilidade não se dá somente na gestão ambiental, mas há outros dois pilares que compõem um projeto sustentável: ser socialmente justo e economicamente viável.

Assim, a produtora passou a contar com uma checklist a ser preenchida antes das gravações começarem. A lista tem o intuito de forçar o empenho para que os números de inclusão social e responsabilidade socioambiental sejam melhores. “Ajuda muito na etapa inicial do projeto, quando você está ainda formando equipe e selecionando elenco, pois aponta se você está faltando em algum dos quesitos, e se por acaso estiver, é preciso refazer antes de dar o ‘start’ na produção”.

O longa A Espera de Liz, por exemplo, tem como pano de fundo em sua trama a igualdade de gênero, mas não só isso, também teve sua equipe composta por mais de 60% de mulheres.

“A sustentabilidade está muito além do meio ambiente, e a partir do momento que tomei a decisão de transformar minha produtora em uma empresa sustentável, foi justamente para conseguir aplicar todos os pilares que regem ela e tentar promover mudanças na sociedade e no setor audiovisual”, finaliza Torres.

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