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21 Janeiro 2021 | Renata Vomero

Diretores da Vitrine Filmes defendem união do setor e maior conciliação entre telas

Silvia Cruz e Felipe Lopes deram perspectiva da distribuidora para 2021

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(Foto: Divulgação)

2020 não foi um ano fácil para o cinema, disso já sabemos, mas foi um ano que forçou o mercado a pensar fora da caixa e buscar inovações, mesmo que improvisadas. 2020 também foi o ano em que a Vitrine Filmes comemorou 10 anos no mercado brasileiro, trabalhando com destaques do cinema nacional, como os mais recentes A Vida Invisível, Bacurau, A Febre e Todos os Mortos e também do cinema independente estrangeiro, como Frances Ha, O Farol, Roma, entre muitos outros.

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Mas chega 2021 e as incertezas permanecem, abrindo ainda mais os caminhos para mudanças e mostrando novas facetas do mercado e do público. Facetas essas que começam a despontar e chamar a atenção dos diretores da Vitrine, Silvia Cruz e Felipe Lopes, que, em entrevista ao Portal Exibidor, arriscaram seus palpites sobre o que será o futuro do setor e deram uma perspectiva sobre as janelas de exibição e o papel da distribuição em meio a tudo isso.

Os executivos também revelaram como estão se preparando para o novo ano, que é recebido cheio de expectativas e novidades. No line-up da Vitrine Filmes, que contará com mais de 20 filmes para os cinemas, entram as apostas de Cruz e Lopes para: Dente por Dente, Druk/Another Round, Slalom - Até o Limite, Alvorada, O Livro dos Prazeres, DNA, Gagarine, Alemão 2, entre outros.

“Estamos com expectativa de uma recuperação gradual do mercado neste primeiro semestre, ainda de pandemia, com um trabalho de trazer o público de volta em segurança para as salas e encontrar o público de cada filme em todas as telas”, comentaram os executivos. Inclusive, este ano a empresa organiza mais uma edição da Sessão Vitrine, projeto de distribuição coletiva de filmes brasileiros em salas de cinema comerciais e plataformas digitais.

A entrevista faz parte da nova série especial do Portal Exibidor, que trará semanalmente entrevistas com grandes nomes do setor para falarem sobre as perspectivas para 2021.

Confira a entrevista completa:

Quais são suas expectativas para o mercado de cinema em 2021?

Primeiramente, que seja muito melhor que 2020! Estamos com expectativa de uma recuperação gradual do mercado neste primeiro semestre, ainda de pandemia, com um trabalho de trazer o público de volta em segurança para as salas e encontrar o público de cada filme em todas as telas.

Assim, seguimos com um line-up diverso com mais de 20 filmes em 2021, com foco em filmes brasileiros, mas também trazendo o melhor do cinema internacional e teremos uma nova edição da Sessão Vitrine.

Começamos o ano apostando no cinema, com o lançamento em 28 de janeiro de Dente por Dente, suspense estrelado por Juliano Cazarré, Paolla Oliveira e Renata Sorrah. Achamos importante que os exibidores tenham títulos com apelo para chamar o público e mostrar como o cinema é um espaço que está preocupado com a saúde e bem-estar do público.

Ainda estamos passando por um período em que nos vimos forçados a nos adaptar muito rapidamente para sobreviver e enfrentar a crise. Mas isso acabou mostrando alternativas em modelos de negócio, uma atenção maior para o hábito do público e um olhar ainda mais atento a cada conteúdo. Então estamos confiantes que o mercado irá crescer, ainda mais com a expectativa de controle da pandemia com o início da vacinação.

2020 foi um ano que pegou todo o mercado de surpresa, como vocês se prepararam e estão se preparando para este ano?

A Vitrine sempre pensou em inovações e alternativas para a distribuição. Entendendo que cada filme é único, as estratégias sempre foram pensadas para cada título e, apesar da surpresa, conseguimos nos adaptar e estamos sobrevivendo à crise.

Tivemos lançamentos em drive-ins, alguns títulos foram lançados em day and date com uma conversa aberta com o circuito pretendido e alguns outros títulos seguiram a estratégia de janelas com exclusividade. O que não fizemos foi parar. Foram 12 lançamentos desde o início da pandemia, pensando o negócio de forma integrada e tomando decisões a partir da análise de risco.

Neste ano, seguiremos observando cada lançamento, sabendo que temos que ter filmes fortes no cinema e buscando também a difusão e democratização do acesso de obras que encontram dificuldade de ter espaço para encontrar seu público.

Nosso planejamento conta com lançamentos todos os meses do ano e dos mais variados estilos. Dentre os internacionais, destaques nos festivais do exterior, como Druk/Another Round (longa dinarmaquês que é favorito ao Oscar de filme estrangeiro); os franceses destaques em Cannes, Slalom - Até o Limite, Gagarine e DNA, que tem elenco de destaque para o público com cinéfilo com Fanny Ardant e Louis Garrel. Temos apostas nacionais como Alvorada, novo longa de Anna Muylaert e Lô Politi que acompanha de perto Dilma Rousseff durante o impeachment, e O Livro dos Prazeres, de Marcela Lordy, com Simone Spoladore, inspirado em Clarice Lispector e que foi destaque na Mostra de SP. A Sessão Vitrine voltará numa edição especial com títulos brasileiros que foram destaque em festivais internacionais e que anunciaremos muito em breve. E, por fim, temos filmes com forte apelo comercial que distribuiremos como Alemão 2 e Dente por Dente.

Quais mudanças vocês enxergam no mercado a partir deste momento crucial?

O mercado precisará de um estudo mais aprofundado de como tornar rentável cada título nas diferentes janelas em um cenário em que a mudança do intervalo forçada pela pandemia tem um impacto no hábito de consumo. A sala de cinema é única e o diferencial de sua experiência deverá ser trabalhado para que o público saia de casa e vá para as salas, uma vez que seguirá havendo muita oferta de conteúdo para entretenimento em casa.

No campo da distribuição, vemos uma oportunidade de ampliar ainda mais a cauda longa dos conteúdos e a exploração nas mais variadas telas para compensar a redução de receita causada pelos fechamentos das salas e redução temporária do público. 

Também é fundamental união e um discurso em defesa do audiovisual tanto para o público voltar às salas como para as autoridades atuarem frente a este setor tão forte no país.

Quais são seus palpites sobre como será o futuro do cinema e do mercado com relação ao streaming e à janela de exibição entre o cinema e o digital?

Precisamos relativizar as polarizações quando falamos de novas tecnologias e mudanças no consumo. A história das mídias mostra que há espaço para a coexistência de diferentes formatos de exibição e consumo.

O streaming veio para ficar, assim como há pouco mais de um século, o cinema também veio para ficar.

Precisamos entender como se dá a relação do espectador em relação a cada janela e entender que estamos vivendo um momento de exceção que não necessariamente determina uma tendência em períodos não-pandêmicos.

E quais são seus palpites sobre como será o futuro do mercado de distribuição cinematográfica?

O mercado de distribuição está dentro do mercado de audiovisual. Vendemos conteúdo e os conteúdos continuarão existindo e sendo consumidos.

O futuro será de, adaptando-se às mudanças, observar o consumidor e oferecer para ele o diferencial de cada obra e de cada experiência que ele pode ter destas obras nas diferentes telas.

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