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26 Abril 2021 | Renata Vomero

Vitória de "Nomadland" e diversidade histórica no Oscar 2021 apontam para transformação da indústria

Netflix foi a distribuidora com o maior número de estatuetas

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(Foto: Reuters)

Aconteceu ontem a 93ª edição do Oscar. Marcado pelo ano da pandemia, a cerimônia estava rodeada de expectativas em como seria contornada a promessa do formato presencial. A decisão se consolidou em uma edição rápida e enxuta, exibida de diversas localidades, em que os indicados e seus discursos foram os maiores protagonistas da noite.

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Entre o grande e aguardado destaque, o vencedor de Melhor Filme foi o favorito Nomadland (Disney), dirigido por Chloé Zhao, que levou a estatueta por seu trabalho na direção, tornando-se a segunda mulher a vencer na história do prêmio e a primeira não-branca a conseguir tal feito. Frances McDormand também foi reconhecida por sua atuação na produção, que levou três estatuetas para casa. O filme acabou não levando como Melhor Roteiro Adaptado, prêmio que ficou com Meu Pai (California), e nem Melhor Fotografia, que reconheceu Mank (Netflix). Estas eram duas outras categorias em que o longa estava muito bem cotado também.

As vitórias de Nomadland e Chloé Zhao reforçaram as marcas desta edição do prêmio mais importante do cinema: filmes independentes e maior diversidade. Essa segunda foi a que deu o tom à cerimônia, marcada por muitas “primeiras vezes”. Começando por Zhao, mas passando por Daniel Kaluuya recebendo sua primeira estatueta, agora por ator coadjuvante devido a seu trabalho central em Judas e o Messias Negro (Warner). Além de Yuh-Jung Youn, primeira sul-coreana a levar o prêmio. Ela venceu como Melhor Atriz Coadjuvante por seu trabalho em Minari (Diamond).

Mia Neal and Jamika Wilson, responsáveis por Cabelo e Maquiagem de A Voz Suprema do Blues (Netflix) , se tornaram as primeiras profissionais negras a serem premiadas na categoria. O filme, inclusive, era esperado que premiasse postumamente Chadwick Boseman, como Melhor Ator. No entanto, em uma disputa acirrada na categoria, o prêmio acabou ficando com Anthony Hopkins em Meu Pai, por muitos considerada a melhor atuação da carreira do britânico. Aliás, com o feito, Hopkins se torna o artista mais idoso a levar a estatueta, com 83 anos.

Essa foi uma das únicas surpresas da noite, já que a maior parte dos analistas já davam como certa a vitória de Boseman. Com isso, a cerimônia, que pela primeira vez foi encerrada com a categoria de Melhor Ator – possivelmente esperando justamente a grande emoção da premiação póstuma de Boseman -, acabou em um anticlímax, já que o próprio Anthony Hopkins não estava presente para receber seu prêmio.

Portanto, sem grandes reviravoltas, a cerimônia se tornou a grande surpresa da noite, entregando um evento por vezes acelerado, por vezes finalmente mais enxuto, mas que, com reajustes e adaptações, pode mostrar o caminho do que deve acontecer nos próximos anos no tradicional Dolby Theatre.

Entre as distribuidoras de destaque, não é surpresa para ninguém a vitória da Netflix, com 7 estatuetas, a empresa também liderou o número de indicações neste ano. Além dos prêmios dados à Voz Suprema do Blues e técnicos à Mank, a plataforma dominou mais uma vez a categoria de Melhor Documentário, prêmio dado a Professor Polvo. A estatueta denota a força do serviço em se tornar uma das mais importantes janelas de exibição para o gênero.

A Disney também não tem do que reclamar, com 5 prêmios, incluindo os dados à Soul por Melhor Animação e Trilha Sonora, também vai para ela o reconhecimento dado à Nomadland, um feito da qual ela vem buscando desde que adquiriu a Fox, com o bem premiado selo Searchlight. A Warner levou três prêmios, seguida pela Califórnia e Amazon com dois, e Universal, Diamond, Vitrine e Synapse com um.

Agora é o momento dos cinemas, em processo de gradual e restritiva abertura no Brasil, se movimentarem com os títulos premiados na temporada, marcada por lançamentos no digital e a conta gotas nas salas de exibição.

É o caso, por exemplo, de Druk – Mais Uma Rodada (Vitrine/Synapse), lançado no fim de março nos poucos cinemas abertos e também nas plataformas digitais, justamente para alcançar o público do Oscar. No entanto, agora o filme vencedor de Melhor Filme Internacional, ganha um novo fôlego nas salas abertas, já em expansão.

“Ser considerado o Melhor Filme Internacional no Oscar cria ainda mais curiosidade para quem não assistiu a essa obra-prima que é Druk - Mais Uma Rodada. O prêmio traz mais visibilidade para o filme e chega no momento em que ele está disponível em mais salas de cinema, com a reabertura em cidades importantes como São Paulo, nos trazendo esperança de que o público volte às salas com segurança para a experiência única de ver o filme na tela grande. Também esperamos um crescimento nos números de aluguéis nas plataformas digitais, onde está disponível para todo o Brasil”, comentou Felipe Lopes, diretor da Vitrine Filmes.

O cenário é muito semelhante ao de Meu Pai, que acabou vencendo em fortes categorias e deve chamar bastante atenção do público nas próximas semanas, já que o filme estreou no início do mês em formato digital e está crescendo conforme a retomada.

“No final a gente tem que fazer acontecer, disponibilizar para o público, porque a coisa anda, então, adiamos algumas vezes e lançamos em abril no digital para chegar no público do Oscar. Estamos felizes da vida com o resultado do Oscar, estamos esperançosos, vivemos do segmento simplesmente e é um segmento que a grosso modo está há 14 meses fechados, abriu e fechou. Queremos esse negócio bombando, é nosso oxigênio, então, expandimos o circuito no fim de semana em São Paulo e ele deve crescer mais ainda nas próximas semanas, ainda terá uma cauda longa. As pessoas estão ansiosas para voltar ao cinema e será importante terem uma opção como esta. Cinema é cinema, não tem outra definição”, finalizou Euzebio Munhoz Junior, diretor da California Filmes.

 

Confira os vencedores por distribuidora:

Netflix - 7

Disney – 5

Warner – 3

Amazon - 2

Califórnia - 2

Universal – 1

Diamond – 1

Vitrine - 1

Veja a lista de ganhadores:

MELHOR FILME

Nomadland (Disney)

 

MELHOR DIREÇÃO

Chloé Zhao – Nomadland (Disney)

 

MELHOR ATOR

Anthony Hopkins - Meu Pai (California)

 

MELHOR ATRIZ

Frances McDormand – Nomadland (Disney)

 

MELHOR ATOR COADJUVANTE

Daniel Kaluuya - Judas e o Messias Negro (Warner)

 

MELHOR ATRIZ COADJUVANTE

Yuh-Jung Youn – Minari (Diamond)

 

MELHOR ROTEIRO ADAPTADO

Meu Pai (California)

 

MELHOR ROTEIRO ORIGINAL

Bela Vingança (Universal)

 

MELHOR CURTA-METRAGEM

Two Distant Strangers (Netflix)

 

MELHOR ANIMAÇÃO

Soul (Disney)

 

MELHOR CURTA DE ANIMAÇÃO

If Anything Happens I Love You (Netflix)

 

MELHOR DOCUMENTÁRIO

Professor Polvo (Netflix)

MELHOR DOCUMENTÁRIO DE CURTA-METRAGEM

Collete

 

MELHOR FILME INTERNACIONAL

Druk: Mais uma Rodada (Dinamarca) (Vitrine/Synapse)

 

MELHOR FOTOGRAFIA

Mank (Netflix)

 

MELHOR MONTAGEM

O Som do Silêncio (Amazon)

MELHORES EFEITOS VISUAIS

Tenet (Warner)

 

MELHOR TRILHA SONORA ORIGINAL

Trent Reznor, Atticus Ross e Jon Batiste – Soul (Disney)

 

MELHOR CANÇÃO ORIGINAL

“Fight for You” - Judas e o Messias Negro (Warner)

 

MELHOR SOM

O Som do Silêncio (Amazon)

 

MELHOR FIGURINO

A Voz Suprema do Blues (Netflix)

 

MELHOR CABELO E MAQUIAGEM

A Voz Suprema do Blues (Netflix)

 

MELHOR DESIGN DE PRODUÇÃO

Mank (Netflix)

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