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04 Maio 2021 | Renata Vomero

Da criação de um universo ao acolhimento dos fãs: os marcos na trajetória de Star Wars

Há mais de 40 anos desde sua criação, a saga é um dos maiores fenômenos do entretenimento

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(Foto: Disney)

“Que a força esteja com você”, “Me ajude Obi-Wan Kenobi, você é a minha única esperança”, “Tenho um mal pressentimento sobre isso”, “Faça ou não faça. Tentativa não há”... essas são apenas algumas das icônicas frases de Star Wars e que mostram a força - perdão pelo trocadilho - deste universo, capaz até de se tornar reconhecido por quem nem sabe do que ele se trata.

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Afinal, não é exagero dizer que possivelmente Star Wars esteja entre as sagas mais referenciadas dentro da cultura pop. Está no cinema, está em séries, propagandas, desenhos, camisetas, bonecos, lojas, em todo lugar. É indiscutível, Star Wars é um fenômeno do entretenimento.

Para muitos, pode ser quase inexplicável o sucesso e a proporção que a saga tomou ao longo dos anos, são mais de 40 anos desde o lançamento de Uma Nova Esperança, em 1977. Em um momento em que o mercado estava consolidando a ideia atual de blockbuster - acompanhando o marcante lançamento de Tubarão, de Steven Spielberg - e também em um momento em que se estava despontando a potencialidade das comunidades de fãs - movimento visto com a série Star Trek - então, George Lucas conseguiu unir esses ingredientes para criar a saga, adicionando, aí,  junto tudo isso, o ingrediente que pode ser a resposta que estamos aqui buscando: a criação de todo um universo.

“O universo é muito melhor do que o primeiro filme em si, porque o primeiro filme é muito mais o que não está nele, do que o que está, e é justamente isso que vai fazer com que as pessoas queiram ver mais. E aí ele deixa claro que vai lançar mais, que vai contar mais dessa história. Mesmo assim a trilogia não se esgota, é um universo muito rico”, explica Pedro Curi, coordenador do curso de cinema da ESPM Rio.  

E é exatamente isso: o primeiro filme chega, embora não desta forma originalmente, mas se torna marcante assim, como o Episódio IV, não é o primeiro, é o quarto. E acima de tudo, ainda começa com um texto inicial explicando que já tem uma guerra acontecendo, então, o espectador precisa se situar rapidamente naquela narrativa, sendo apresentado aos personagens que importam para aquele recorte, mas compreendendo que existe mais além disso e que não haverá respostas para tudo.

“A versão original não tinha isso de episódios, mas ele tinha deixado ganchos, então, ele utiliza disso para criar uma saga muito maior. Essa foi uma jogada maravilhosa, principalmente quando chega O Império Contra-Ataca que revelou muitas coisas, principalmente que o Darth Vader era o pai do Luke. Aquele fim trágico, o fim sem fim”, explica Marcelo Lima, CEO do Grupo Tonks.

É, então, um convite ao espectador e, embora com riscos de ele recusá-lo, havia ali elementos para que estes aceitassem a oferta e embarcassem neste mundo interplanetário, com personagens cativantes, como Han Solo, Luke Skywalker, Leia, Chewbacca e o lendário vilão Darth Vader (que ganha uma trilogia em forma de prequela só para si), assim como sabres de luz, lado bom e lado ruim, espaçonaves...  O encontro estava marcado e ele aconteceria sempre nas salas de cinema.

Portanto, com um universo se expandindo nas mãos dos fãs, com fanfictions, fanfilms, surge, também, a partir disso, o chamado Universo Expandido de Star Wars, depois aceito como cânone oficial da franquia. Porém, os maiores marcos da saga ainda ficam restritos aos lançamentos das trilogias nos cinemas, momento esse em que há a união física entre os admiradores e que serve de combustível para suas próprias criações e alimentação contínua dessa história.

Algo que o mercado acabou sabendo aproveitar muito bem, tanto os exibidores, fazendo até sessões especiais para os grupos de fãs, quanto o estúdio, lançando produtos voltados para esses consumidores e colocando no radar possíveis outras histórias que tivessem este potencial. Há quem até hoje busque um Star Wars para chamar de seu.

“Talvez soe clichê colocar como marcadores as estreias nos cinemas das novas trilogias, mas, embora Star Wars seja um grande caso de sucesso de convergência de mídias, narrativa multiplataforma, a sala de cinema tem um lugar fundamental na saga e no universo, porque a sala de cinema é um lugar de encontro, de repactuação, é quando você renova os votos com os fãs antigos e alcança novos”, enfatiza Pedro Curi.

Clichê ou não, os números de bilheteria reforçam essa ideia do cinema como um espaço crucial para a reenergização destes fãs. Embora mais forte nos próprios Estados Unidos do que em outros mercados, com os números atualizados, os longas alcançam rendas próximas ou senão maiores do que a marca do bilhão de dólares. A volta da saga aos cinemas, com o Episódio VII - O Despertar da Força, lançado em 2015, tem bilheteria global de US$2 bilhões, maior arrecadação da saga.

E se estamos falando de marcos, talvez seja necessário acrescentar aqui também a venda da LucasFilm para a Disney, em 2012, pelo valor de mais de US$4 bilhões. Ali foi anunciado o lançamento da nova trilogia, assim como a possibilidade de ainda maior expansão daquele universo, algo que a Disney sempre soube trabalhar muito bem, desenvolvendo produtos derivados em todas as frentes em que atua. Agora, com força total no streaming, adicionando mais novas camadas às histórias que já conhecemos. A decisão é consolidada no sucesso da série The Mandalorian e que deve continuar nos próximos derivados do serviço.

Desta forma, os fãs antigos seguem acompanhando os lançamentos de Star Wars e há sempre a renovação de fãs, vindos das mais novas gerações. Está na criação de todo este universo e a abertura para a participação do fã um dos grandes trunfos da saga. Algo que seja talvez inexplicável até para quem é apaixonado por ela.

“Até hoje eu não tenho noção da razão disso. A primeira vez que vi Star Wars foi na TV, foi O Retorno de Jedi, eu era criança, lembro muito do visual, do Chewie, na época a gente sabia pouco, não existia internet para isso. Eu vi, fiquei apaixonado e nem sabia o nome do filme, eu explicava e ninguém sabia me dizer o que era”, explicou Marcelo Lima, que demorou mais cinco anos para conseguir ter acesso a todos os filmes da primeira trilogia e participou do lançamento da segunda, como profissional de cinema e fã da saga.

A internet vem ajudando e muito a conectar essa comunidade e dar continuidade a estas histórias e personagens. O que Star Wars fez em 1977, embora não tenha sido o primeiro, se tornou modelo para o mercado repetir, criando seus próprios universos no cinema, sejam do gênero de heróis, como é o MCU, seja de bruxos, como é o de Harry Potter, seja de terror, como é o Invocação do Mal.

“Foram as lacunas de Star Wars que possibilitaram que Star Wars crescesse, porque um negócio muito fechado, ele não cresce, então, imagina uma malha cheia de lugar vazio, ela se expande, há espaço para isso”, finaliza Pedro.

Se Star Wars não inventou a roda, é possível que tenha sido o responsável por fazê-la girar e continuar girando até os dias de hoje. Afinal, só havia dois caminhos ali: fazer ou não fazer, tentativa não há.

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