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25 Junho 2021 | Renata Vomero

Velozes & Furiosos: a aposta da Universal que se tornou franquia bilionária

Décimo longa deste universo promete remexer o mercado neste fim de semana

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(Foto: Universal)

Velozes & Furiosos é um sucesso inegável no mercado cinematográfico. Com uma arrecadação bilionária, a saga voltou aos cinemas em 2021 e está quebrando recordes globais, com soma de quase US$300 milhões. Estreante nesta semana na América do Norte e em outros importantes mercados, como o Brasil, a expectativa é que Velozes & Furiosos 9 seja um importante símbolo da volta à normalidade do setor.

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O longa estava programado, inicialmente, para maio de 2020 e não precisamos mais explicar por aqui porque ele foi adiado. Com idas e vindas e uma normalização de diversos territórios, começando pela China, onde a franquia é sucesso absoluto – por lá já foram arrecadados US$203 milhões -, o filme ganhou data de estreia programada para o verão do hemisfério norte, junto ao avanço da vacinação e o controle da pandemia. É esperado um dos verões mais fortes para a indústria.

 Na América do Norte, a estimativa é de que o filme alcance os US$60 milhões em sua abertura, sendo a maior bilheteria de estreia da pandemia. O longa tem a maior presença do circuito em 18 meses, estando em cartaz em 4 mil cinemas.

É ainda mais louvável pensar nesses valores, quando voltamos no tempo, em 20 anos especificamente, estreia da saga. E aí entramos em um caminho extremamente importante para ser discutido e, no mínimo, por dois motivos. O primeiro é que Velozes & Furiosos estreou nos cinemas em 2001 com orçamento de US$38 milhões, bem distante do orçamento atual que gira em torno dos US$200 milhões. A bilheteria global do filme foi de US$207 milhões, mais do que o suficiente para garantir uma sequência.

E aí chegamos na segunda questão: Velozes & Furiosos foi uma aposta da Universal, e assim como qualquer aposta, poderia ter dado errado. Quantos títulos não deram certo nestes anos todos de indústria, não é? O ponto principal deste exemplo é que a partir desta aposta em um filme original, surgiu uma das franquias mais rentáveis do cinema. É o tipo de coisa que talvez a gente não veria acontecer atualmente.

Ainda mais em 2021, com um setor combalido e na necessidade de programar títulos que faturem na casa do bilhão. E mais ainda, uma indústria que está quase que totalmente apoiada em sagas, franquias e formação de universos, com conteúdos que se desdobram para o streaming e mantém essa conexão e integração. São cada vez mais raras as histórias dispostas a começar do zero e ver no que vai dar.

Foi o caso, como muto bem apontado por uma análise do IndieWire, de Um Lugar Silencioso (Paramount), o primeiro, de 2018. O sucesso do título desconhecido, embora com grandes nomes no elenco, deu a ele o sinal verde para a continuação, o que deve se desmembrar em um universo completo no futuro.

Mas voltando a Velozes, sua peculiaridade está também em ser uma das poucas grandes sagas de sucesso do momento que tiveram origem neste século, até mesmo Harry Potter, que teve lançamento no mesmo ano, pega um público que já estava cativo no fim dos anos 1990 na literatura. Ou seja, o público de Velozes & Furiosos acompanhou de perto o crescimento da saga, sendo fundamental para ela, mas mergulhando na aposta, de “deixa eu ver o que vai ser deste filme” lá em 2001.

“Não sabíamos quais eram as regras e quais não eram. Nós meio que saímos e fizemos. Tenho certeza de que eles acreditaram na pior das hipóteses, que poderia ser um lançamento direto para o vídeo. Simplesmente não havia aquela pressão no filme”, comentou o produtor Neal H. Moritz, em análise do The Hollywood Reporter.

Dirigido por Bob Cohen, o longa tinha um elenco não tão conhecido na época, encabeçado por Paul Walker, que se tornou um símbolo da saga, e Vin Diesel. Quando os produtores exibiram o longa em uma sessão teste naquele ano, já sentiram que “estavam no caminho certo”.

Se o primeiro filme foi lançado sem pressão sobre o resultado, essa não é a perspectiva de agora, dez filmes depois e mais de US$6 bilhões acumulados. Só para ter comparação, o sétimo título da saga, lançado em 2015, tem a melhor performance da franquia e arrecadou US$1,5 bilhão no mundo todo. O parâmetro se manteve alto até para o spin-off Hobbs & Shaw (2019), que faturou quase US$800 milhões e teve campanha massiva no Brasil, onde até então a franquia – com exceção da arrecadação do derivado - embolsou cerca de R$400 milhões, tornando o país um dos principais mercados para a saga.

Neste lançamento, a Universal, agora com os títulos distribuídos pela Warner no Brasil, não divulgou os detalhes da campanha de marketing. No entanto, é fato que os exibidores estão contando com o título para fortalecer suas receitas. O longa, que estreou por aqui ontem (24), está com presença em 90% dos cinemas. Na pré-venda da Ingresso.com, o longa bateu o recorde da retomada, faturando dez vezes mais do que a pré-venda de Invocação do Mal 3 (Warner), que tem o posto de melhor resultado da pandemia no Brasil, com soma de R$23,7 milhões e público de 1,4 milhão de pessoas.

Com os motores quentes, pisando fundo no acelerada e em velocidade total, somando aqui mais algumas expressões do mundo automobilístico, Velozes & Furiosos 9 está com a desafiadora missão de recuperar toda uma indústria. Mas tendo em vista a trajetória da saga, que passou por obstáculos, perdeu sua principal estrela e coloca em tela algumas cenas bastante exuberantes e surreais, este deve ser só mais um excitante desafio em uma longa, e vindoura, jornada.

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