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28 Junho 2021 | Amanda Luzivotto

SIBYL: As complexas relações terapeuta-paciente

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(Foto: Exibidor)

Distribuído pela Imovision e com estreia prevista para o dia 15 de julho, a produção franco-belga Sibyl chega aos cinemas em uma nova versão, desta vez executada pela diretora francesa Justine Triet. (Por favor, verifique a disponibilidade das salas de cinema em sua cidade; a mesma pode sofrer alterações em função das medidas provenientes da covid-19).

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Apesar da similaridade do título, o filme NÃO é baseado na obra literária homônima escrita pela jornalista estadunidense Flora Rheta Schreiber, lançada em 1973 e cuja adaptação cinematográfica teve duas versões: a primeira em 1976 protagonizada por Sally Field e a segunda em 2007, com Jessica Lange no elenco. O livro é inspirado em um fato real ocorrido na década de 50 em Minnessota, Estados Unidos, em que a jovem Shirley Ardell Mason tornou-se o mais conhecido caso de transtorno de personalidade múltipla já registrado, provavelmente desenvolvido em consequência dos abusos maternos que sofreu durante a infância. Seu nome e alguns aspectos da história foram adaptados pela escritora na tentativa de preservar a identidade de Shirley - o que não deu certo.

Já o filme de Justine Triet tem o roteiro assinado pela própria diretora, em parceria com Arthur Harari e David H. Pickering. A trama é focada no relacionamento entre a psicoterapeuta Sibyl, alcoólatra que luta para manter sua sobriedade e sonha em abandonar a psicanálise e dedicar-se à escrita, e Margot,  atriz problemática e envolvente.  Ao tornar-se paciente de Sibyl, a jovem também passa a ser uma fonte de inspiração para o romance que a terapeuta pretende escrever, mas a relação entre as duas mulheres desenvolve-se intensamente, trazendo à tona lembranças do passado da profissional que ela não gostaria de confrontar.

A atriz Virginie Efira dá vida à protagonista da obra, em seu segundo trabalho com a diretora; já Margot é interpretada pela talentosa Adèle Exarchopoulos, conhecida interpretar a personagem Adèle no polêmico e premiado filme Azul é a Cor Mais Quente, de 2013, dirigido por Abdellatif Kechiche. Após as filmagens ambas pessoas envolvidas na produção vieram à público para denunciar os inúmeros abusos cometidos pelo diretor nos bastidores das gravações, incluindo horas ininterruptas de filmagem de cenas sexuais que chegaram a ferir fisicamente as atrizes em cena (Adèle dividiu a tela com a atriz francesa Léa Seydoux). O filme está disponível nas plataformas de streaming Apple TV, Telecine Play e Claro Vídeo - NetNow.

Apesar de sua estreia acontecer somente este ano (muito provavelmente em função da pandemia), Sibyl foi lançado em 2019. Exibido em diversos festivais de cinema, o filme chamou atenção da crítica especializada e recebeu diversas indicações e prêmios, incluindo a da diretora Justine Triet à Palma de Ouro em Cannes (2019) e os prêmios de melhor atriz para Virginie Efira no ICS (International Cinephile Society) Cannes Awards (2020) e melhor filme no Festival de Cinema de Sevilla (2019). O longa-metragem também foi exibido no último Festival do Rio, em 2019. 

Este não é o primeiro trabalho de Triet; a diretora já executou outras três obras, sendo Na Cama com Victoria, de 2016, a mais conhecida delas. No longa-metragem escrito e dirigido pela francesa e também protagonizado por Virginie Efira, o espectador acompanha Victoria, advogada criminalista de trinta e poucos anos que procura por amor e estabilidade financeira enquanto lida com questões do seu passado. Após uma série de acontecimentos a advogada se vê envolvida em um julgamento tecnicamente absurdo, no qual um cachorro é a principal testemunha. O filme está disponível na plataforma Telecine Play.

Buscando sempre priorizar o protagonismo feminino e o desenvolvimento de questões psicológicas em suas obras, a diretora viu seu nome ganhar maior visibilidade e reconhecimento no universo cinematográfico com seu trabalho mais recente. Sendo assim, esta não é uma estreia que possa ser ignorada pelos espectadores. Sibyl está previsto para chegar aos cinemas de todo o país em 15 de julho, distribuído pela Imovision.

Amanda Luvizotto é Crítica de Cinema formada pela Academia Internacional de Cinema do Rio de Janeiro, Arquiteta e Urbanista pela PUC-RJ, estudiosa da representação feminina no cinema, faz parte do Coletivo @3locadas e do grupo Mulheres no Terror

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