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01 Julho 2021 | Renata Vomero

"O audiovisual tem um papel muito transformador", ressalta executiva da Maria Farinha Filmes

Luana Lobo traçou panorama dos mais de dez anos que a produtora e seus derivados estão no mercado

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(Foto: Exibidor)

A Maria Farinha Filmes nasceu há 13 anos com o objetivo de criar produções audiovisuais que tragam uma aprofundada reflexão sobre importantes temas da sociedade. Entre seus mais de 80 projetos produzidos, estão Criança: A Alma do Negócio, Muito Além do Peso, O Começo da Vida, Um Crime Entre Nós, Aruanas, entre outros.

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Apostando no poder transformador do audiovisual, as executivas responsáveis pela produtora também criaram a Flow Impact, que atua como um laboratório de distribuição com o intuito de expandir o alcance e o acesso ao audiovisual pelo Brasil.

“Nesse percurso, desenvolvemos uma expertise sobre filmes de entretenimento atrelados a impacto e criamos uma equipe multidisciplinar que olha para os temas mais relevantes numa escala global para encontrarmos a abordagem mais potente possível para cada projeto. Como fruto dos nossos resultados ao longo dos anos, criamos também uma spin-off da MFF, a Flow Impact, um laboratório de distribuição de histórias que movimentam o mundo. Nossa metodologia tem como premissa um olhar sensível, diverso e inclusivo para criar estratégias de comunicação, licenciamento e mobilização com o objetivo de ampliar e engajar audiências”, explicou Luana Lobo, sócia-diretora da Maria Farinha Filmes e da Flow Impact.

Tendo como principal diferencial justamente essa questão de trazer entretenimento, mas com uma mensagem que traga reflexão, discussão e inclusão, a Maria Farinha Filmes acredita justamente neste caminho para conseguir levar esse debate para os espectadores.

Este é um movimento que está sendo cada vez mais visto na indústria, até mesmo no cinema mais comercial, que vê essa demanda do público por diversidade e também por profundidade e complexidade de temas em tela.

“Acreditamos que o audiovisual tem um papel muito transformador, não só pelo potencial de alcance de um grande número de pessoas, mas por esse poder de emocionar e impactar através das histórias. De acordo com um levantamento divulgado em 2020 pelo USC Center for Public Relations, tanto ativistas, quanto comunicadores concordam que histórias contadas na TV e em filmes são muito eficazes para chamar a atenção para causas e problemas sociais”, reforçou a executiva.

Tendo em vista este dado, o streaming tem se tornado um grande aliado, já que o parque exibidor brasileiro ainda carece de capilaridade, deixando de alcançar uma parcela significativa dos brasileiros. Desta forma, mesmo com as dificuldades de acesso à internet em muitas localidades, estes serviços conseguem mesmo complementar essa demanda.

“Nosso compromisso principal é com as audiências e junto com a nossa distribuidora Flow, buscamos sempre as melhores alternativas para que os conteúdos cheguem longe e que as pessoas tenham a oportunidade de se emocionar com as nossas histórias.

Neste sentido o crescimento dos streamings tem trazido bastante diversidade, são muitas plataformas com diferentes enfoques de curadoria e também de preço. Isso também dá pluralidade às narrativas que são contadas, um movimento muito importante para o setor”, comentou.

Claro que para o crescimento do parque exibidor, quanto para o estímulo ao desenvolvimento e fortalecimento do audiovisual brasileiro - e para além da pandemia – entra em cena também as dificuldades enfrentadas pelo setor no âmbito das políticas públicas, neste momento quase que inteiramente paralisadas.

“Isso tem um impacto enorme, especialmente para produtores independentes. O nosso setor tem um poder muito grande de se reinventar e hoje em dia é uma indústria muito mais consolidada e com um impacto positivo na economia”, finalizou Luana.

Confira a entrevista íntegra:

Com 13 anos de mercado, como analisam a trajetória de vocês neste período?

A Maria Farinha nasceu a partir de uma provocação: como trazer um assunto distante do público para a pauta de conversa? Assim surgiu nosso primeiro filme, uma investigação sobre publicidade infantil e suas consequências para a sociedade.

Desde então, a produtora realizou mais de 80 projetos com apoio de mais de 100 organizações que alcançaram milhões de pessoas ao redor do mundo.

Nesse percurso, desenvolvemos uma expertise sobre filmes de entretenimento atrelados a impacto e criamos uma equipe multidisciplinar que olha para os temas mais relevantes numa escala global para encontrarmos a abordagem mais potente possível para cada projeto. Como fruto dos nossos resultados ao longo dos anos, criamos também uma spin-off da MFF, a Flow Impact, um laboratório de distribuição de histórias que movimentam o mundo. Nossa metodologia tem como premissa um olhar sensível, diverso e inclusivo para criar estratégias de comunicação, licenciamento e mobilização com o objetivo de ampliar e engajar audiências.

O mercado de cinema mudou muito nesses 13 anos, qual balanço vocês fazem dele?

Nosso mercado amadureceu muito nesse período, fruto de políticas públicas que ajudaram a consolidar o setor e também pelo investimento em conteúdo nacional feito pelos streamings nos últimos anos. Temos hoje muita mão de obra qualificada, desde roteiristas até profissionais de gestão, gerando diversas oportunidades de profissionalização e carreira. 

Nós criamos a Maria Farinha e a Flow por acreditarmos na potência do entretenimento para jogar luz nos assuntos mais urgentes e relevantes que impactam a vida de todos nós, a fim de emocionar e inspirar transformações reais.

Hoje, 13 anos depois, ficamos felizes em ver cada vez mais players do mercado reconhecendo a potência de conteúdos ativistas, que fortalecem narrativas pautadas em diversidade, inclusão, meio ambiente e justiça social.

Vocês trabalham muito com temas urgentes, sociais e importantes, como vocês desenvolvem os projetos de vocês neste sentido e como entendem o papel do cinema neste contexto?

Acreditamos que o audiovisual tem um papel muito transformador, não só pelo potencial de alcance de um grande número de pessoas, mas por esse poder de emocionar e impactar através das histórias. De acordo com um levantamento divulgado em 2020 pelo USC Center for Public Relations, tanto ativistas, quanto comunicadores concordam que histórias contadas na TV e em filmes são muito eficazes para chamar a atenção para causas e problemas sociais. 

Nossos projetos nascem com um olhar para os principais desafios que precisamos trabalhar como sociedade, para alavancar a agenda 2030 dos objetivos de desenvolvimento sustentável criados pela ONU, com o propósito de fomentar uma sociedade mais sustentável e justa para todas as pessoas.

O mercado de cinema passou por uma forte transformação neste período de pandemia, como vocês estão encarando este momento?

Estamos nos adaptando, como toda a indústria audiovisual. Focamos nossos esforços em desenvolvimento de novos projetos para os próximos anos, além de seguir com a produção de alguns outros. No ano passado produzimos bastante para o universo digital, que contou também com uma produção 100% online e remota, inclusive nas gravações. Atualmente, estamos com mais de 15 projetos em desenvolvimento. No momento de abertura para filmagens, retomamos os maiores projetos em produção com todos os protocolos de segurança e uma nova logística que comportasse todas as mudanças necessárias.

Para vocês, qual é o papel do cinema (como espaço mesmo, tela grande) dentro da indústria do audiovisual e como o streaming está se consolidando neste mercado?

Enxergamos muito potencial no mercado de cinema, nada substitui a experiência coletiva da tela grande. Mas nem todos têm acesso a essa janela de exibição e, olhando do ponto de vista da democratização do acesso, ter quase 40% da população brasileira sem conseguir assistir os filmes, segundo dados do IBGE, é um grande desafio não só para a distribuição mas para todos que se envolvem nos projetos.

Nosso compromisso principal é com as audiências e junto com a nossa distribuidora Flow, buscamos sempre as melhores alternativas para que os conteúdos cheguem longe e que as pessoas tenham a oportunidade de se emocionar com as nossas histórias.

Neste sentido o crescimento dos streamings tem trazido bastante diversidade, são muitas plataformas com diferentes enfoques de curadoria e também de preço. Isso também dá pluralidade às narrativas que são contadas, um movimento muito importante para o setor.

 

Quais os desafios de produzir no Brasil hoje e como enxergam o futuro do audiovisual brasileiro?

Para além dos desafios da pandemia, que aumentou os custos e dobrou os protocolos de segurança no set, temos o desafio da paralisação das políticas públicas consistentes para diversas áreas da cultura, incluindo o audiovisual. 

Isso tem um impacto enorme, especialmente para produtores independentes. O nosso setor tem um poder muito grande de se reinventar e hoje em dia é uma indústria muito mais consolidada e com um impacto positivo na economia.

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