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05 Julho 2021 | Renata Vomero

Patty Jenkins defende retorno de lançamentos exclusivos nos cinemas

Cineasta falou sobre a indústria em entrevista ao The Hollywood Reporter

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(Foto: Divulgação)

Patty Jenkins participou de uma excursão com a imprensa na retomada do Warner Bros. Studio Tour Hollywood, em Los Angeles. Em entrevista ao The Hollywood Reporter, a cineasta falou sobre o modelo de lançamento híbrido e o papel do cinema e do streaming dentro do mercado atual.

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“Eu não acho que vai durar. O streaming é ótimo, mas todo mundo o está perseguindo por motivos financeiros, e não acho que o apoio financeiro esteja lá para segurar o setor do jeito que está. Uma coisa seria se fosse apenas a Netflix, mas agora todas as empresas têm streaming. As pessoas não vão assinar tantos. Os estúdios realmente vão desistir de filmes de bilhões de dólares apenas para apoiar seu serviço de streaming? Financeiramente, não acho que faça sentido. Eu vejo o cinema voltando, e ambos deveriam existir e existirão. As pessoas gostam de ir ao cinema. Não é porque eles não podiam ver filmes em casa. Sempre pudemos assistir a filmes em casa. Não é nada novo. Eu acho que está totalmente voltando”, ressaltou a cineasta.

Jenkins foi responsável pela direção de Mulher-Maravilha 1984 (Warner), o filme que inaugurou o modelo de lançamento híbrido na HBO Max e mexeu com o mercado na época do anúncio. A decisão foi tomada depois de meses de adiamentos do filme, o que casou com o fortalecimento do streaming da WarnerMedia. Até o momento o modelo adotado pela empresa não parece estar afetando tanto as bilheterias, mas isso é algo ainda para ser observado ao longo deste ano. Inclusive, a Warner já sinalizou que deve voltar ao modelo de lançamento exclusivo nos cinemas em 2022, apenas encurtando a janela para o streaming em 45 dias.

“Não sei o que teria feito de diferente porque sinto que, no final do dia, foi uma decisão ajustada com base em uma série de opções comprometidas. Não havia uma boa opção. Ao contrário de muitos filmes que estão sendo lançados agora, nós estávamos sentados em um filme já finalizado há um tempo. A partir daí, vimos como cada filme voltava em cascata. O que enfrentamos foi um amontoado [de lançamentos]. Os cinemas literalmente pediram que fizéssemos. Eles disseram: ‘Vamos fechar nossas portas se ninguém entrar’. Então o que você vai fazer? Estou cheia de tristeza por não ter tido uma exibição cinematográfica de verdade. Espero que um dia isso aconteça. Muda completamente a forma como as pessoas veem, mas o que você vai fazer? Aconteceu. Muitas pessoas viram coisas terríveis acontecerem durante a pandemia, e nós fomos uma dessas perdas”, desabafou a cineasta.

Na época do lançamento, a maior parte do circuito dos Estados Unidos estava fechado, o que fez com os grandes estúdios de Hollywood seguissem adiando seus grandes títulos, enquanto os circuitos abertos de outros mercados internacionais sofriam sem estes blockbusters para atrair o público de volta. Se Mulher-Maravilha 1984 foi o primeiro lançamento híbrido de uma sequência de outros, também foi o primeiro blockbuster a chegar nos cinemas e dar um alívio aos exibidores, embora seus números não tenham alcançado os resultados de pré-pandemia, muito menos o valor que o título tinha como potencial. O filme fez bilheteria global de US$166,5 milhões. A estimativa inicial era de que o filme ultrapassasse a bilheteria de US$1 bilhão. Isso antes da pandemia, claro.

Embora Jenkins ainda lamente como tudo aconteceu com sua super-heroína, talvez este já seja um capítulo virado na trajetória da cineasta. Com o dissabor do lançamento atrapalhado do filme, veio também o anúncio mundial de que ela comandará um dos próximos derivados do universo de Star Wars, o Star Wars: Rogue Squadron, que será lançado nos cinemas, ainda não se sabe a data exata.

“Está sendo incrível. Eu já estava neste projeto seis meses antes mesmo de anunciar isso, então estamos muito envolvidos nele. Estamos terminando um roteiro, montando uma equipe, e está tudo indo maravilhoso. Estou tão animada com a história e animada por sermos o próximo capítulo de Star Wars, que é uma grande responsabilidade e uma oportunidade de realmente começar algumas coisas novas. É realmente emocionante dessa forma”, ressaltou.

A responsabilidade não foi diferente quando Jenkins assumiu o primeiro Mulher-Maravilha, de 2017, que a princípio seria dirigido por Zack Snyder. Com a pressão nas mãos e muitas críticas dos fãs, ela foi a responsável por dar vida ao primeiro filme da história sobre a Mulher-Maravilha, uma das super-heroínas mais conhecidas do universo dos quadrinhos. O longa não só agradou os fãs, que ajudaram o filme a faturar US$822 milhões, mas também à crítica - o longa tem aprovação de 93% no Rotten Tomatoes. Além disso, foi um marco na história da representatividade e protagonismo feminino, sendo o primeiro filme do gênero protagonizado por uma mulher e também dirigido por uma cineasta. Algo que abriria as portas dentro do universo de cinema comercial para novos filmes do tipo.

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