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20 Setembro 2021 | Renata Vomero

Festival de Cinema Russo retorna com curadoria alinhada ao público brasileiro

2ª edição do evento acontece em formato online e gratuito até 10 de outubro

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"Masha" é um dos destaques da programação; abaixo as entrevistadas Evgenia Markova e Viviane Ferreira (Foto: Divulgação)

No fim de 2020, aconteceu o 1º Festival de Cinema Russo (RFF), organizado pela estatal russa Roskino e pelo Ministério da Cultura do país. Passando por nove países, o evento, online, desembarcou no Brasil trazendo o melhor do novo cinema local e criando uma ponte com o público brasileiro.

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Realizado em parceria com a Spcine, o festival contou com mais de 30 mil espectadores nos oito filmes da programação, o que garantiu de imediato sua segunda edição, que começou em 16 de setembro e vai até 10 de outubro. A presente edição conta também com oito filmes com sessões transmitidas pela Supo Mungam Plus, em parceria com a Spcine Play.

“Estamos muito satisfeitos com a forma como decorreu o festival do ano passado - com a organização do processo, a cooperação com os nossos colegas - parceiros da SPcine e, claro, com a calorosa recepção do público. E literalmente logo após o término do Festival, pensamos que seria ótimo voltar ao Brasil no ano que vem. Então, já na primavera, começamos a discutir o segundo festival RFF com a SPcine”, comentou a CEO da Roskino, Evgenia Markova.

Claro, que a Spcine responde na mesma medida, entendendo a importância desta parceria para ampliar as possibilidades de acesso de diferentes escolas cinematográficas e trazer pluralidade de olhares para o público brasileiro.

"É o segundo ano que firmamos parceria com o Festival de Cinema Russo e estamos muito entusiasmadas com isso, pois a filmografia russa tem uma produção pulsante, plural e diversa. Nesta edição, a Spcine Play, que é a primeira plataforma de streaming pública do Brasil, ainda conta com o apoio da Supo Mungam Plus, que hospeda os 8 títulos que integram o festival. De forma totalmente gratuita, oferecemos aos entusiastas do cinema uma seleção de qualidade, que vai do drama ao documentário, passando pelo infantil. Para a Spcine é de extrema importância estar ao lado desta iniciativa, pois existe o compromisso em oferecer ao público uma curadoria não só nacional, mas estrangeira também, comprometida com a diversidade de narrativa”, reforçou  Viviane Ferreira, diretora-presidente da Spcine.

Portanto, com uma seleção ainda mais diversificada, claro que o gosto do brasileiro não ficaria de fora da seleção. Já que depois deste primeiro contato no ano passado, a Roskino conseguiu fazer essa conexão com os cinéfilos brasileiros, que adoraram os filmes russos do gênero drama. Foram eles os três primeiros mais vistos na primeira edição do evento: Arrhythmia, de Boris Khlebnikov; Text, de Klim Shipenko, e The Man Who Surprised Everyone, de Natasha Merkulova e Aleksey Chupov.

Desta forma, a programação do RFF foi pensada para trazer diversas vertentes dramáticas, como dramas policiais, dramédias, drama esportivo, entre outros. Um dos destaques da curadoria, portanto, é o filme Masha, de Anastasiya Palchikova (apresentado no programa RFF pela primeira vez), que mostrará a Rússia nos turbulentos anos 1990.

No entanto, como o próprio cinema russo se orgulha em mostrar, há muita pluralidade entre suas criações e, claro, que isso estará impresso nesta edição do evento, que segue com o objetivo de aproximar o brasileiro da produção russa.

“Esperamos que o público brasileiro compreenda e aprecie o humor russo tanto quanto dramas”, explicou Markova ao destacar as comédias Parentes e Sheena 667, ambas na programação deste ano. Ela complementou: “Este ano, adicionamos um documentário ao programa - Luta de Maxim Arbugaev. E estamos muito interessados em saber como o público brasileiro vai aceitar isso. Este é um filme dedicado ao futebol. Como você sabe, para o brasileiro, o futebol é quase uma espécie de religião. Porém, não é futebol que estamos acostumados a assistir na TV ou jogar no quintal - o filme conta a história da seleção russa de futebol para cegos, onde todos os jogadores são totalmente cegos. Além disso, adicionamos outro filme sobre esportes – Na Ponta baseado em uma história real dos Jogos Olímpicos de 2016, - o confronto entre duas esgrimistas russas: Sofya Velikaya e Yana Egoryan. E esperamos que ambos os projetos tenham uma resposta do público brasileiro. Entre outras novidades está a série animada Kid-E-Cats. A animação russa é amada e valorizada internacionalmente, e esta série infantil é muito popular em todo o mundo - é transmitida em 170 países e o número total de visualizações no YouTube ultrapassou 5,3 bilhões. Os personagens deste cartoon vão falar com as crianças em português devido à dublagem profissional, enquanto os filmes estarão disponíveis com legendas locais”.

Desafios da pandemia e retomada

Quando a primeira edição do Festival de Cinema Russo aconteceu no ano passado, muitos dos filmes exibidos ainda eram de antes da pandemia. Neste ano, foi importante destacar o quanto a indústria cinematográfica se reergueu a ponto não só de conseguir trazer o festival de novo para o Brasil, mas também se destacar nos festivais internacionais de 2021, inclusive, entre os compradores destes eventos. Foram 140 projetos apresentados na European Film Market, mais de 400 no Key Buyers Event e 60 na Marche du Film. Isso se contar nos prêmios conquistados em Cannes e do destaque do cinema local nos rankings globais da Netflix, que tem sido uma aliada em levar filmes de diversos países para fora de suas fronteiras, incluindo as produções brasileiras.

Essa diversidade e força deste novo cinema russo bebe diretamente na fonte de sua origem, enquanto se renova e traz um olhar oxigenado deste país tão grande quanto é o nosso. Afinal, não vemos também no Brasil uma pluralidade de olhares por conta de nossa magnitude? Essa é uma das conexões importantes entre nós.

Uma outra característica do cinema local é o quanto é influenciado pela literatura clássica russa, que tem entre seus representantes, nomes como Fiódor Dostoiévski, Mikhail Bulgákov, Anton Tchékhov, Alexander Pushkin, entre outros. Todos eles criaram clássicos que pintam um importante quadro atemporal da sociedade russa e que continua se refletindo até hoje também nas telonas. Inclusive, a edição deste ano do RFF conta com A História de uma Nomeação, de Avdotia Smirnova, e que narra eventos da vida do escritor Liev Tolstói.

“A programação do segundo festival RFF no Brasil é muito diversificada. Eu diria que nosso festival é um retrato do cinema russo moderno em miniatura. O cinema russo é um cinema para todos com histórias humanas muito claras e também muito bem feitas tecnicamente. Esperamos que cada vez mais filmes russos viajem pelo mundo e encantem o público. Devo também mencionar que as empresas de conteúdo russas fizeram uma série de grandes negócios com compradores que representam os territórios latino-americanos nos mercados de filmes recentes, e em breve o público latino-americano poderá ver mais alguns títulos russos populares”, ressaltou a executiva, que ainda convida a todos a assistirem aos filmes, garantindo que encontrarão o filme perfeito para cada gosto.

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