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18 Fevereiro 2022 | Renata Vomero

Supervisora musical, Patricia Portaro é pioneira na função no Brasil: "Insisti tanto que alguns produtores toparam apostar"

Profissional está envolvida em mais cinco projetos só no primeiro semestre do ano

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(Foto: Arquivo Pessoal)

Atuante no mercado de música desde 1996, Patrícia Portero, formada em direito e Music Business, passou a exercer a função de Supervisora Musical desde 2009, depois de fazer especialização na área na Califórnia. Desde então ela é um dos principais nomes do mercado brasileiro, sendo pioneira na área, ainda pouco explorada no país.

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Em 2022, Patrícia soma mais de cinco projetos de supervisão musical só no primeiro semestre: “Lulli”, recente sucesso da Netflilx estrelado por Larissa Manoela, “Lov3”, aposta da Amazon Prime para o público jovem, “De Volta Aos 15”, primeira série estrelada por Maísa para Netflix, que se passa em 2006, a animação “Wake Up Carlo”, e  “Só se For Por Amor”, série de seis episódios com Agnes Nunes e Lucy Alves sobre o universo sertanejo.

“Trabalhar em projetos com estilos musicais diferentes é incrível porque me mantém super atenta, sempre pesquisando novas músicas, artistas, épocas específicas, etc. Claro que existe um desafio porque hoje uma série pode ter 30, 40 musicas numa temporada. Então o número de pesquisas criativas e de músicas em licenciamento é muito alto e estamos sempre num ritmo frenético. Mas a supervisao musical é um trabalho de equipe, e tenho a sorte de ter um time talentoso que ama o que faz e que, como eu, se preocupa com a qualidade do trabalho em todas as etapas”, explicou.

Para aqueles que buscam entrar na área, ela explica um pouco da sua jornada até ingressar no meio. Seu primeiro trabalho na função foi no filme As Melhores Coisas do Mundo, de Laís Bodanszki, em 2010.

“Minha formação como advogada é muito importante nessa profissão. Entender de música e estar antenado é fundamental, mas o supervisor musical também deve cuidar da parte legal e de negócios, e manter um extenso network de gravadoras, editoras, managers e artistas”, comentou Patrícia, que começou o trabalho atuando na supervisão musical do longa “As Melhores Coisas do Mundo”,

A supervisão musical em geral começa na pré-produção e vai até a finalização de uma produção. O profissional ajuda a criar o conceito musical para o projeto, pensa/analisa o budget, indica compositor para trilha ou canções originais e  artistas que possam participar de performances e/ou gravações nos filmes, indica repertório de acordo com a ideia da direção e substitui músicas que não cabem no budget. Além disso, negocia e licencia as canções que serão usadas no filme e acompanha a pós-produção musical, com análise dos cortes para checar as músicas utilizadas e auxílio na confecção de cue-sheets, entre outros processos.

“Quando voltei do mestrado na Inglaterra senti que havia um espaço porque as produções não tinham alguém dedicado à área musical. Insisti tanto que alguns produtores toparam apostar. Naquele inicio o trabalho criativo era sempre de substituição de musicas e não passava muito disso, mas eu já cuidava de todo o restante, comenta a profissional, que atuou na área musical de mais de duas centenas de produções nacionais e internacionais, e tem no currículo títulos como “Pelé (Netflix), “Bingo O Rei das Manhãs" (Gullane), "The American Guest" (HBO), "Modo Avião" (Netflix), dentre outros. "Em geral, o uso de música é uma questão complicada mesmo quando já existem ideias musicais para o projeto. São diferentes tipos de direitos envolvidos e varias possibilidades de utilização de músicas, artistas, e só realmente alguém com um conhecimento específico sabe lidar com essas questões”, explica.“Esse profissional facilita o fluxo da área musical de qualquer produção porque existe alguém dedicado a transformar as ideias criativas em realidade, já que sempre existe um budget musical", reflete ela.

Patrícia afirma que a maioria das produções norte-americanas contam com a figura do Music Supervisor. “Nos Estados Unidos esse profissional é muito importante nas produções”, comenta ela. Envolvida com o sindicato local “Guild Of Music Supervisors”, Patrícia reforça: “os profissionais unidos estão, aos poucos, conquistando espaço em premiações importantes, como o Emmy Awards, que já possui a categoria de Outstanding Music Supervision”, diz. ”Neste ano estamos trazendo o Guild of Music Supervisors para o Brasil. Será criado o Guild  Brasil, que terá como missão a regulamentação da profissão e também um caráter educativo, para a formação de novos profissionais que realmente entendam a complexidade e os desafios do trabalho de supervisão musical”.

Formada em Direito e Music Business, Patrícia Portaro iniciou a carreira no mercado da música em 1996, trabalhando com gravadoras, editoras e artistas independentes. Como advogada, dirigiu um selo musical no início dos anos 2000, criou o projeto Ambulante Discos em parceria com os compositores Beto Villares e Antônio Pinto, e ajudou a criar outros tantos selos independentes que surgiram nos anos 2000. Em 2009, após estudar Supervisão Musical na Califórnia, entrou para o universo que une criação e negociação, ajudando a trazer esse novo conceito ao Brasil. Em 2014 se mudou para Los Angeles para se unir ao time da empresa Air Lumiere, empresa que atua em produções nos Estados Unidos e América Latina.

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