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03 Janeiro 2024 | Yuri Codogno

Arrecadação de 2023 na América Norte ultrapassa US$ 9 bilhões pela primeira vez desde 2019

No cenário global, a Disney foi destronada pela Universal como a major com a maior receita do ano

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(Foto: Divulgação)

Pela primeira vez desde 2019, último ano em que o setor cinematográfico teve paz para prosperar sem grandes obstáculos, a bilheteria da América do Norte chegou - e superou, por pouco - a marca dos US$ 9 bilhões arrecadados. Enquanto isso, no cenário global, a Universal ultrapassou a Disney como a major com maior receita em 2023. As informações são da Variety, IndieWire, Hollywood Reporter e Box Office Mojo.

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Segundo a Comscore, a arrecadação final na América do Norte deve ficar entre US$ 9,03 bilhões e US$ 9,05 bilhões. Apesar do bom resultado somado de Estados Unidos e Canadá, que aumentou em 20% a arrecadação em comparação com os US$ 7,5 bilhões de 2022, há duas maneiras de observar os fatos. A primeira é a de superação, que mesmo em um ano em que a indústria ficou paralisada por meses, por causa das greves dos roteiristas e atores, os US$ 9 bilhões foram alcançados. A segunda é em uma perspectiva de enxergar o copo meio vazio: a conquista veio somente no último final de semana do ano, muito graças aos filmes estrangeiros e à excelente sustentação de Wonka (Warner)

Se compararmos com o período pré-pandêmico, a situação piora um pouco: desde 2009, todos os anos as receitas de bilheteria na América do Norte ultrapassaram US$ 10 bilhões e, de 2015 a 2019, nenhum ano ficou abaixo de US$ 11 bilhões. Comparado com os US$ 11,4 bilhões de 2019, 2023 registrou uma queda de 21%, mesmo com os ingressos atuais estando consideravelmente mais caros, graças aos reajustes anuais ocasionados pela inflação. 

É preciso, contudo, fazer algumas observações, visto que 2023 foi um ano em que os filmes que seriam considerados de “fácil” arrecadação não obtiveram os resultados esperados, como quase todas as produções de super-herói. Com exceção de Guardiões da Galáxia: Vol 3 (Disney) e Homem-Aranha: Através do Aranhaverso (Sony), Marvel e DC tiveram um ano para esquecer - e para refletir sobre o que fizeram de errado. E talvez tenham descoberto: enquanto a DC está fazendo um reboot seu universo cinematográfico, a Marvel percebeu que menos é mais e, a partir deste ano, voltará à fórmula antiga de ter menos lançamentos anuais

A tendência que ditou 2023, aliás, foi bem diferente, com produções originais e que não pertenciam às franquias se destacando. Mesmo com personagens conhecidos há décadas, as histórias originais de Barbie (Warner) e Super Mario Bros (Universal) conceberam a esses filmes o título de maiores bilheterias do ano - tanto no cenário doméstico quanto no global. O fenômeno Barbieheimer, por exemplo, fez com que a bilheteria de julho e agosto atingisse níveis pré-pandêmicos.

Enquanto Barbie e Super Mario fizeram, respectivamente, US$ 636 milhões e US$ 574 milhões na região, o pódio se completou com Homem-Aranha: Através do Aranhaverso (Sony), que apesar de ser da Marvel, não pertence ao MCU. A animação fez US$ 381 milhões. 

Agora sim no MCU, Guardiões da Galáxia 3 foi a exceção que comprova a regra de 2023 e arrecadou US$ 359 milhões. Outro filme com um plot original e fora de franquia vem na sequência: Oppenheimer (Universal) marcou o retorno de Christopher Nolan na direção e arrecadou impressionantes US$ 326 milhões na América do Norte, mesmo sendo uma produção para maiores de 18 anos e com cerca de três horas de duração. 

A Disney fez uma dobradinha com A Pequena Sereia (US$ 298 milhões) e Avatar 2: O Caminho da Água, que, embora lançado no final de 2022, arrecadou US$ 283 milhões em 2023. Lembrando que o filme do James Cameron é a terceira maior bilheteria de todos os tempos. 

Um filme que todos davam como uma possível arrecadação de um bilhão de dólares no mundo todo - mas que não chegou nem na metade disso - foi Homem-Formiga e a Vespa: Quantumania (Disney). Selecionado para abrir a Fase 5 do MCU, a produção fez apenas US$ 214 milhões na América do Norte e ligou o sinal de alerta para os exibidores. 

Bem mais modesto e com uma arrecadação semelhante, temos John Wick 4: Baba Yaga (Paris FIlmes): foram US$ 187 milhões arrecadados, considerado um sucesso mundial de crítica, público e lucro, especialmente por ter sido orçado na metade do valor de Homem-Formiga 3 (US$ 100 milhões vs. US$ 200 milhões), sem considerar os gastos de marketing. 

Por fim, duas grandes surpresas: o religioso Som da Liberdade (Paris Filmes) chegou fazendo barulho, mas justificou com os US$ 184 milhões arrecadados. E, apesar de estar fora do top 10, Taylor Swift: The Eras Tour ficou em 11ª ao lucrar US$ 179 milhões no mercado doméstico, ficando à frente de franquias históricas, como Indiana Jones e a Relíquia do Destino (Disney) e Missão: Impossível – Acerto de Contas Parte 1 (Paramount).

Apesar do relativo sucesso de 2023 (olhe para o copo meio cheio ou meio vazio, a escolha é sua), para 2024 as previsões são desanimadoras. Se as projeções estiverem corretas, a bilheteria da América do Norte ficará entre US$ 7,5 bilhões e US$ 8,5 bilhões, segundo executivos de diferentes estúdios. Apesar das greves terem sido encerradas há alguns meses, muitas produções programadas para 2024 precisaram ser adiadas para 2025. 

 

Universal destrona Disney

A Disney perdeu a coroa de maior arrecadação global do ano, título que ostentava desde 2016. Enquanto seus 17 lançamentos de 2023 geraram US$ 4,82 bilhões na bilheteria mundial, os 24 lançamentos da Universal renderam US$ 4,91 bilhões. 

“A Universal parece ter encontrado o equilíbrio perfeito entre filmes de franquia, animação, terror e tudo mais – e esses ativos recebem todas as vantagens possíveis com uma estratégia perfeita que combina ótimos relacionamentos com cineastas, marketing fantástico e um plano de distribuição sólido” disse Paul Dergarabedian, analista-chefe de bilheteria da Comscore.

Entre os dez filmes estadunidenses com maior arrecadação em 2023, a Universal tem três títulos que exemplificam a declaração de Paul: Super Mario, uma animação original com personagens mundialmente conhecidos e que flerta com todos os públicos; Oppenheimer, uma produção mais conceitual com um dos principais diretores da história recente do cinema; e Velozes e Furioso 10, continuação de uma das franquia que mais lucraram até hoje. 

Isso sem considerar outros importantes lançamentos da Universal, como Five Nights at Freddy’s, Trolls 3 e O Exorcista: O Devoto, filmes que fizeram mais de US$ 100 milhões em 2023. 

A Warner, por sua vez, ficou em terceiro lugar, com US$ 3,84 bilhões globais arrecadados em 2023, seguido pela Sony (US$ 2,09 bilhões) e Paramount (US$ 2,03 bilhões). A Lionsgate também tem muito a comemorar, visto que seus filmes renderam mais de US$ 1 bilhão pela primeira vez em cinco anos.

O valor total da bilheteria global de 2023 ainda não foi divulgado, algo que no ano passado foi a público somente na segunda semana de janeiro. Entretanto, é possível cravar a lista dos dez filmes ocidentais que mais arrecadaram ano passado. Para o ranking global final, é bem provável que algumas produções chinesas - e quem sabe alguma indiana - entrem no top 10 das maiores receitas de 2023. Confira:

  1. 1) Barbie (Warner): US$ 1,441 bilhão
  2. 2) Super Mario Bros. (Universal): US$ 1.361 bilhão
  3. 3) Oppenheimers (Universal): US$ 952 milhões
  4. 4) Guardiões da Galáxia: Vol 3 (Disney): US$ 845 milhões
  5. 5) Velozes e Furiosos 10 (Universal): US$ 704 milhões
  6. 6) Homem-Aranha: Através do Aranhaverso (Sony): US$ 690 milhões
  7. 7) A Pequena Sereia (Disney): US$ 569 milhões
  8. 8) Missão: Impossível - Acerto de Contas: Parte 1 (Paramount): US$ 567 milhões
  9. 9) Elementos (Disney): US$ 496 milhões
  10. 10) Homem-Formiga e a Vespa: Quantumania (Disney): US$ 476 milhões
  11. 11) John Wick 4: Baba Yaga (Paris Filmes/Lionsgate): US$ 440 milhões
  12. 12) Transformers: O Despertar das Feras (Paramount): US$ 438 milhões
  13. 13) Megatubarão 2 (Warner): US$ 395 milhões
  14. 14) Wonka (Warner): US$ 384 milhões
  15. 15) Indiana Jones e a Relíquia do Destino (Disney): US$ 383 milhões

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