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10 Janeiro 2024 | Yuri Codogno

"Minha Irmã e Eu" se aproxima de ser o primeiro filme nacional a ultrapassar 1 milhão de espectadores desde a pandemia

Paris Filmes, por sua vez, ficou na quarta colocação do market share de ingressos vendidos em 2023

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(Foto: Divulgação)

A transição entre 2023 e 2024 tem dado bons motivos para a indústria cinematográfica nacional se animar. Muito disso é pela excelente campanha que Minha Irmã e Eu (Paris Filmes) tem feito desde sua estreia comercial, em 28 de dezembro. Segundo o último levantamento da Comscore, o filme ultrapassou os 750 mil ingressos vendidos e muito provavelmente chegará a um milhão de público nos próximos dias. 



Essa será a primeira vez desde o início da pandemia que um filme nacional alcançará a marca de um milhão de ingressos vendidos. A última vez que isso aconteceu foi com Minha Mãe é Uma Peça 3, lançado na última semana de 2019 e que se tornou a maior bilheteria do Brasil - entre produções nacionais e gringas - de 2020.

“‘Minha Irmã e Eu’ é uma demonstração poderosa da vitalidade e do potencial do cinema brasileiro que andava meio desacreditado, mostrando que histórias bem contadas com talentos nacionais reconhecidos têm sim grande potencial de bilheteria e um lugar especial na preferência do público do Brasil”, comemorou Marcio Fraccaroli, CEO da Paris Filmes.

A produção conta com Ingrid Guimarães e Tatá Werneck como protagonistas e a história reflete a cultura e as nuances brasileiras. Na trama, ambas são irmãs do interior de Goiás que seguiram por caminhos opostos, mas quando a mãe delas desaparece, se unem em busca dela em um viagem que irá mudar suas vidas. 

“O sucesso do filme destaca a força da produção interna. Além disso, para a Paris Entretenimento, este projeto é uma validação de suas escolhas criativas e de produção, reforçando a empresa como uma forte produtora de conteúdo de alta qualidade no Brasil. É uma conquista que não apenas celebra o sucesso atual, mas tem um efeito cascata considerável e pavimenta o caminho para futuras produções, incentivando a continuidade do investimento em talentos nacionais e histórias que falam ao coração do público brasileiro”, ressaltou Marcio.

A conquista da Paris Filmes, inclusive, vai além. A distribuidora terminou o ano de 2023 na quarta posição no ranking de market share, à frente das majors Sony e Paramount. Com 36 títulos lançados, a empresa vendeu mais de 9 milhões de ingressos, que representa uma fatia de 7,95% do total de tickets que foram comercializados ano passado. 

Voltando ao filme, apesar do bom resultado de MInha Irmã e Eu na sua semana de estreia, a maioria de seu público será contabilizado apenas em 2024, com uma grande probabilidade de terminar o ano como um dos filmes mais vistos. E a chance aumenta se considerarmos que muitos blockbusters que seriam lançados em 2024 foram adiados para 2025, por causa das greves dos atores e roteiristas que aconteceram ano passado.

Para Fraccaroli, ver Minha Irmã e Eu se aproximar de um milhão de espectadores é uma verdadeira injeção de ânimo para o cinema brasileiro: “Esse sucesso não é só um triunfo de uma única empresa, mas um sinal forte de que as pessoas estão prontas para voltar aos cinemas e se conectar com histórias que falam diretamente à sua cultura e realidades. É como se o filme tivesse reacendido uma chama de entusiasmo e interesse pelo que é nosso, pelo cinema feito em nossa terra, com nossos talentos”.

Vale lembrar que ano passado, o market share do cinema nacional foi inferior a 2,5% e que o filme brasileiro mais visto, Nosso Sonho, estagnou nos 500 mil ingressos vendidos - uma conquista, é claro, que deve ser muito celebrada. Antes da pandemia, entretanto, era comum as grandes produções nacionais ultrapassarem um milhão de espectadores, algo que é buscado pela indústria cinematográfica nessa recuperação do setor. 

Fraccaroli ainda ressaltou que, além da importância do filme para o mercado como uma injeção de ânimo e um norte, o longa se tornou um modelo para a Paris Filmes de como fazer as coisas voltarem a funcionar em termos de marketing e engajamento do público para o cinema brasileiro. Segundo o executivo, houve muito aprendizado e a popularidade de Minha Irmã e Eu deixa a sensação de que estão no caminho certo.

Em relação à campanha, houve alguns desafios, como conquistar o espaço nas salas de cinema em um mercado ainda receoso com a performance das produções brasileiras. A capacidade de se diferenciar e de criar um apelo singular foi crucial em meio a vários filmes, nacionais e estrangeiros, disputando o público e um número limitado de salas e horários disponíveis.

O destaque, porém, pode-se dizer que foi a sustentação do filme, que registrou um crescimento de 57% de público na sua segunda semana em cartaz, em relação à de estreia. “Para a ótima continuidade, tem muito a ver com o fato da distribuidora, produtora, parceiros e elenco sempre terem acreditado firmemente no potencial do filme e isso se reflete em um investimento elevado, abordagens diferenciadas na campanha e muito estudo para que se alcançasse um objetivo exitoso”, explicou Fraccaroli.

Paris Filmes em 2024

Se em 2023 a Paris Filmes conquistou o público com dezenas de importantes lançamentos, como John Wick 4, O Chamado 4, Um Dia Cinco Estrelas, Loucas em Apuros, Som da Liberdade, Jogos Mortais X, Meu Nome é Gal, Mussum, Jogos Vorazes e Tá Escrito, para o ano vigente, a distribuidora está recheada de importantes lançamentos. 

“Nosso line-up de filmes cobre os mais diversos gêneros e perfis de audiência e ainda temos boas surpresas a serem confirmadas para 2024 que ainda não constam no calendário. Estamos confiantes que a Paris Filmes poderá contribuir bastante com seus conteúdos para um bom 2024”, contou Marcio.

Entre os filmes confirmados, estão:

  • - O infantil Masha e o Urso e seus muitos milhões de views nas redes e bom resultado do primeiro filme; 
  • - O terror Imaginário – Brinquedo Diabólico, da Lionsgate; 
  • - Férias Trocadas, com Edmilson Filho passando perrengues hilários com sua família; 
  • - Tô de Graça, chegando aos cinemas depois do enorme sucesso no multishow; 
  • - Bailarina, que dá continuidade ao universo John Wick; 
  • - Chico Bento, como um dos mais aguardados filmes brasileiros para toda a família nas férias no meio do ano; 
  • - Tainá e os Guardiões da Amazônia, com sua marca já reconhecida em um momento onde o tema meio-ambiente está em alta; 
  • - Bordelands, marcando o início de uma provável franquia de um dos games mais vendidos na história dos consoles; 
  • - Pássaro Branco, que traz o segundo capítulo da história de O Extraordinário; 
  • - CIC – Central de Inteligência Cearense, com Edmilson Filho como nosso Austin Powers; 
  • - Homem Com H, uma cinebiografia de Ney Matogrosso protagonizada brilhantemente por Jesuíta Barbosa;
  • - Enforcados, uma mega produção do mesmo diretor de Narcos; 
  • - Bandida, ficção inspirada na história da maior traficante da Favela da Rocinha; 
  • - Grande Sertão, dirigido por Guel Arraes e adaptado da obra eterna de Guimarães Rosa.

Cota de Tela

Por fim, um tema bastante relevante que voltou à tona no final do ano passado é a cota de tela para o cinema nacional; aprovada no Senado, ainda depende de sanção presidencial para vigorar. 

“Para o mercado em fase de recuperação e para filmes nacionais que ainda estão buscando seu lugar ao sol, a cota de tela é fundamental. Ela oferece um suporte necessário para os filmes terem tempo para ganhar tração e serem descobertos pelo público. A realidade é que os filmes brasileiros não dispõem de um marketing global que auxilia muito no awareness, como acontece com grandes produções internacionais. Alguns gêneros específicos do cinema nacional precisam desse espaço adicional para testar se o público está interessado em tais experiências cinematográficas, bem como retomar o hábito de consumo deste tipo de conteúdo nas salas de cinema”, detalhou Fraccaroli.

Entretanto, segundo o executivo, a Paris Filmes não se sente muito confortável na condição de depender de cotas para prosperar. “Como a quarta maior distribuidora em 2023 e a principal produtora no cenário das salas de cinema no Brasil, produzimos e distribuímos o filme de maior sucesso no país atualmente e, nos últimos 8 a 10 anos, ultrapassamos a marca de 30 milhões de ingressos vendidos em nossas produções e distribuições. Embora a cota de tela nos seja sim benéfica, procuramos não nortear nossas decisões ou dependermos exclusivamente dela”, explicou.

Embora fundamental, é sempre bom lembrarmos que, sozinha, a cota de tela não poderá fazer muito pelos filmes nacionais. Além disso, é preciso pensar em medidas que também auxiliem os exibidores neste período de transição, visto que as produções internacionais representaram mais de 97,5% do market share de ingressos vendidos no ano passado. 

“O Brasil produz cerca de 170 filmes por ano, muitos dos quais são de baixa qualidade e cuja linguagem não dialoga com as salas de cinemas ou mesmo com o que os espectadores querem assistir ao sair de casa. Precisamos abordar de forma clara esta questão com uma política industrial mais efetiva, visando aprimorar a qualidade geral de nossas produções. Nem todos os filmes brasileiros carecem de qualidade – há muitos que são excepcionais – mas há uma quantidade significativa de produções que infelizmente não conseguem satisfazer as exigências do público de cinema. É essencial que cada filme financiado tenha um propósito claro e um destino definido. Por exemplo: hoje existem mais de 300 filmes sem licença em plataformas de streaming, enfrentando dificuldades para encontrar seu caminho futuro. Portanto, a cota de tela pode ser uma ferramenta para entender melhor a resposta do público, mas não é suficiente por si só para fortalecer o setor. Precisamos revisar e ajustar nossa abordagem, sem continuar a produzir um volume excessivo de filmes que não têm destino ou relevância bem definidos e sem a capacidade de encontrar sua respectiva audiência”, finalizou Fraccaroli.

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