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22 Março 2024 | Gabryella Garcia

Cine Passeio completa cinco anos e resgata tradição do cinema de rua em Curitiba: "Relação diferente nesse espaço"

Sucesso do local impulsionou a revitalização e modernização de outros dois cinemas de rua na cidade, formando um circuito de salas públicas

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(Foto: Daniel Castellano)

No próximo dia 27 de março, o Cine Passeio, de Curitiba, completará cinco anos de existência em um momento em que, além de ajudar a resgatar a cultura dos cinemas de rua na cidade, também está celebrando seu ótimo momento. No mês de janeiro, por exemplo, o Cine Passeio bateu o recorde de público para o mês de janeiro em toda a sua história: foram 11 mil espectadores durante todo o mês, superando os 10 mil ingressos vendidos em janeiro de 2020, antes da pandemia.

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Curitiba sempre teve uma tradição muito grande de cinemas de rua, mas ao longo das décadas as salas foram sendo fechadas por uma mudança nos hábitos de consumo do público. O cenário, inclusive, causou apreensão antes da abertura das salas, mas Juliana Pedrozo, Gestora do Cine Passeio, destaca que o público "abraçou" a volta de um cinema de rua para a cidade.

"Foram quase 20 anos sem um cinema de rua e na inauguração era uma verdadeira interrogação se iria dar certo ou não. Mas, ao longo desses cinco anos, nós observamos que havia uma demanda represada de pessoas que queriam cinema de rua e a volta dessa cultura. As pessoas acabaram deixando de aproveitar essa experiência e existe público para as duas demandas, mas percebemos ao longo desses cinco anos que esse público existia. A própria relação se estabelece de forma diferente em um cinema de rua. Existe uma relação com os funcionários, as pessoas falam sobre cinema, estão com outras pessoas e se encontram com amigos. O Cine Passeio virou uma referência e, além da qualidade, virou um espaço de convivência para os cinéfilos de Curitiba", disse.

Esse sucesso de um cinema de rua na cidade, inclusive, ajudou a resgatar essa antiga tradição, com o Cine Passeio sendo o propulsor de uma renovação completa dos espaços públicos dedicados à sétima arte. Ainda neste ano, o Cine Guarani e a Cinemateca de Curitiba serão modernizados, com recursos da Fundação Cultural de Curitiba e do governo federal (Lei Paulo Gustavo). As duas salas ganharão novos equipamentos de projeção para exibição de filmes em formato digital.

"Percebemos que há espaço para a ampliação e revitalização das salas públicas de cinema de Curitiba. A cidade consome muito audiovisual e ter esse circuito de salas, tomando como exemplo o Circuito SPcine em São Paulo, queremos criar um circuito similar de salas públicas com recursos da prefeitura, da Fundação Cultural de Curitiba, e um aporte da Lei Paulo Gustavo. A Cinemateca vai ter sua tecnologia atualizada e o Cine Guarani, que está parado por falta de projetores DCP, vai receber esse equipamento. Vamos ter um circuito com algumas salas públicas descentralizadas e o Cine Passeio vai ser uma espécie de mãe na programação dessas salas, e isso impulsiona o nosso trabalho", explicou Pedrozo.

Além de resgatar uma cultura que se perdeu com o tempo, desde a sua inauguração o Cine Passeio é um grande incentivador do cinema nacional e adota uma política curatorial de ter pelo menos um filme nacional em cartaz todas as semanas. Devido a essa tradição, sem dúvidas as produções brasileiras contribuíram para o recorde no mês de janeiro, mas esse resultado não é exclusividade do Cine Passeio. De maneira geral esses filmes têm movimentado os cinemas de todo o país e apenas nos três primeiros meses do ano o público para filmes brasileiros foi de 6 milhões, de acordo com dados levantados pela ABRAPLEX (Associação Brasileira das Empresas Exibidoras Cinematográficas Operadoras de Multiplex), enquanto em todo o ano de 2023 o público para produções nacionais foi de apenas 2,9 milhões. A Gestora do local, inclusive, destacou a diversidade do Cine Passeio como um dos fatores que impulsionou os números de janeiro.

"Com certeza um dos principais motivos foi a nossa programação diversificada. A gente trabalha com uma programação horizontal e isso permite que aos sábados e domingos, com as sessões de matinê, consigamos colocar dez títulos diferentes ao longo do dia. Isso trouxe uma gama de conteúdo diversificado e percebemos que esse movimento aconteceu da semana do Natal até o início de março. Essa programação diversificada consegue fugir do mainstream e também preencher as salas com os filmes mais comerciais que também passam nos shoppings. Essa diversidade foi um diferencial para o público consumir mais filmes", disse.

Ao longo de toda a sua existência, o Cine Passeio já vendeu mais de 250 mil ingressos e exibiu mais de 840 títulos. Desse total de ingressos vendidos, muitos foram graças ao cinema nacional. O campeão de bilheteria é o longa sul-coreano Parasita (Alpha Filmes), que teve público de 7.597 pessoas, mas em segundo e terceiro lugar entre os mais assistidos nesses cinco anos estão os nacionais Bacurau (Vitrine Filmes) e A Vida Invisível (Sony/Vitrine Filmes), que tiveram público de 5.970 e de 4.213, respectivamente.

"Temos essa premissa, independente da Cota de Tela, de toda semana pelo menos uma produção nacional estar em cartaz. Neste espaço, é nosso papel participar da formação de um público para o cinema nacional. Podemos exibir blockbusters mais comerciais e também filmes independente de distribuidores menores. É importante usar esse espaço e trazer para um bate papo todos os envolvidos na cadeia econômica do audiovisual. Isso é uma regra que temos e independente da Cota de Tela sempre houve uma resposta significativa e o público comprou nossa ideia de filmes nacionais. Ficamos muito felizes em ajudar a fomentar e ter sempre essa janela de exibição", celebrou Juliana Pedrozo.

Por fim, o Supervisor de Programação, Eduardo Karas, também destacou o apoio ao cinema local. "Nós também organizamos a Mostra Curitiba para dar espaço para filmes de Curitiba e da região, fugindo um pouco do eixo Rio de Janeiro e São Paulo. São filmes locais com orçamentos menores, que muitas vezes não tem espaço nas salas comerciais, mas aqui também prestigiamos essas produções", encerrou.

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