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26 Maio 2025 | Redação

Cannes: Brasil leva prêmios de Melhor Ator e Melhor Diretor, enquanto "It Was Just an Accident" fica com a Palma de Ouro

Festival de Cannes laureou Wagner Moura e Kleber Mendonça Filho, que trouxe prêmio de direção para o Brasil depois de 56 anos

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(Foto: Divulgação)

A 78ª edição do Festival de Cannes confirmou o Brasil como um dos principais pólos mundiais de produção cinematográfica da atualidade. Após Ainda Estou Aqui conquistar o inédito Oscar no mês de março, O Agente Secreto (Vitrine Filmes) foi responsável por proporcionar outras duas grandes conquistas para o cinema nacional no último sábado (24): os prêmios de Melhor Diretor, para Kleber Mendonça Filho, e Melhor Ator, para Wagner Moura, em Cannes. O filme brasileiro, entretanto, não levou a Palma de Ouro para casa, e o principal prêmio do festival ficou com It Was Just an Accident, do diretor iraniano Jafar Panahi. As informações são do Deadline, IndieWire, The Hollywood Reporter e Folha de S. Paulo.

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O Agente Secreto despontou como um dos favoritos à Palma de Ouro depois de receber 13 minutos de aplausos após sua exibição e, apesar de não conseguir o principal prêmio da noite, foi responsável por conquistas bastante significativas para o cinema nacional. Wagner Moura se tornou o primeiro brasileiro a vencer o prêmio de melhor ator, e Kleber Mendonça Filho o segundo a triunfar em direção, 56 anos após Glauber Rocha ser premiado por seu trabalho em O Dragão da Maldade contra o Santo Guerreiro.

Após apresentar o longa dançando frevo no último dia 18, Wagner Moura viajou para Londres para as filmagens do longa 11817, de Louis Leterrier, e foi representado por Kleber Mendonça Filho no palco. Mas, após a premiação, o ator gravou um vídeo para celebrar as conquistas.

"Agora são quase 22h em Londres. Não fiquei em Cannes porque tinha que filmar. Recebi a notícia dos prêmios que a gente ganhou da forma mais louca possível, no set de filmagem. Eu queria só dizer da felicidade que eu tenho por mim, por Kleber, por 'O Agente Secreto', pelo cinema brasileiro, pela cultura brasileira. O Brasil é o país da cultura, o país da arte", disse antes de relembrar o sucesso de Ainda Estou Aqui, de Walter Salles.

Kleber Mendonça Filho, que trouxe o prêmio de Melhor Diretor de volta para o Brasil depois de mais de meio século, voltou a sentir o gostinho da vitória em Cannes seis anos após levar o Prêmio do Júri para casa por Bacurau (Vitrine Filmes). Minutos depois de representar Wagner Moura no palco, o diretor pernambucano exaltou o Brasil em seu discurso.

"Meu país, o Brasil, é um país cheio de beleza e poesia. Eu tenho orgulho de estar aqui nesta noite para aceitar este prêmio. Eu estou muito feliz. E queria mandar um abraço para todo mundo vendo no Brasil, especialmente no Recife, em Pernambuco. Queremos que esse filme saia nas salas, porque as salas de cinema formam o caráter de um filme", celebrou.

O bom momento do cinema brasileiro, que além dos prêmios em Cannes e do Oscar também venceu o Urso de Prata no Festival de Berlim, com O Último Azul, de Gabriel Mascaro, foi celebrado, inclusive, pelo presidente Lula. Ele usou suas redes sociais para celebrar as conquistas de O Agente Secreto, que além dos prêmios de Wagner Moura e Kleber Mendonça Filho, também foi considerado o melhor filme do festival pelo júri da Fipresci, principal associação de críticos de cinema do mundo, e também ganhou o Prix des Cinémas Art et Essai, da Associação Francesa de Cinemas de Arte e Ensaio.

"Hoje é dia de sentir ainda mais orgulho de ser brasileiro. É dia de comemorar o reconhecimento que nossa arte tem no mundo. E de curtir a felicidade de viver em um país que tem gigantes do porte de Wagner Moura e Kleber Mendonça Filho. E que seguiremos encantando os públicos e os críticos ao redor do planeta com filmes que mostram nosso talento, nossa cultura e capítulos importantes de nossa própria história", celebrou o presidente.

A Palma de Ouro, principal prêmio do festival, também foi bastante significativa ao premiar o diretor dissidente iraniano Jafar Panahi por It Was Just an Accident. O diretor chegou a ser preso em Teerã e proibido de viajar e trabalhar por 20 anos e o longa, que foi seu primeiro desde que foi libertado da prisão em 2023, possibilitou que Panahi completasse a rara tríplice coroa dos festivais, conquistando o prêmio principal nos três principais festivais de cinema europeus, após o Leão de Ouro em Veneza por O Círculo (2000) e o Urso de Ouro de Berlim por Táxi (2015). O iraniano, aliás, é apenas o quarto diretor — depois de Henri-Georges Clouzot, Michelangelo Antonioni e Robert Altman — a vencer os três grandes festivais.

Panahi recebeu o prêmio da presidente do júri Juliette Binoche pelo filme que é um ataque direto ao regime autoritário do Irã. O thriller acompanha um ex-prisioneiro político que sequestra um homem que acredita ser seu torturador e, em seguida, debate com outros dissidentes se deve matá-lo ou perdoá-lo.

"Vamos deixar todos os problemas, todas as diferenças de lado; a coisa mais importante agora é o nosso país e a liberdade do nosso país. Vamos chegar juntos àquele momento em que ninguém ousará nos dizer o que devemos incluir completamente, o que devemos dizer, o que não devemos fazer... O cinema é uma sociedade. Ninguém tem o direito de nos dizer o que devemos fazer, o que não devemos fazer", disse em seu discurso.

O júri composto por Juliette Binoche, Halle Berry, Jeremy Strong, Alba Rohrwacher, Dieudo Hamadi, Hong Sang-soo, Payal Kapadia, Carlos Reygadas, e Leïla Slimani, aliás, premiou pela sexta vez consecutiva um filme que foi adquirido pela Neon para distribuição na América do Norte. 

O prêmio Grand Prix, o segundo mais importante da noite, ficou com Sentimental Value, de Joachim Trier, que também foi adquirido pela Neon.

O Prêmio do Júri, outro entre os mais importantes de Cannes, presenciou um raro empate na premiação. Sound of Falling é apenas o segundo filme da diretora alemã Mascha Schilinski, um drama familiar ambientado em quatro gerações na mesma casa de fazenda rural, e dividiu o prêmio com Sirat, do diretor espanhol Oliver Laxe, um drama apocalíptico com influências tecnológicas ambientado no deserto marroquino.

Os outros longas e profissionais que foram premiados em diferentes categorias foram: Jean-Pierre e Luc Dardenne (Young Mothers), por Melhor Roteiro; Nadia Melliti (La Petite Dernière), como Melhor Atriz; Bi Gan (Ressurection), recebeu o Prêmio Especial do Júri; e Hasan Hadi (The President's Cake), recebeu a Câmera de Ouro para o Melhor Filme de Estreia. Além disso, Robert de Niro recebeu uma Palma de Ouro Honorária.

Confira todos os filmes premiados pelo júri:

  • - Palma de Ouro: It Was Just an Accident, de Jafar Panahi
  • - Grand Prix: Sentimental Value, de Joachim Trier
  • - Prêmio do Júri: Sound of Falling, de Mascha Schilinski, e Sirat, de Oliver Laxe
  • - Melhor Diretor: O Agente Secreto, de Kleber Mendonça Filho
  • - Melhor Roteiro: Young Mothers, de Jean-Pierre e Luc Dardenne
  • - Melhor Atriz: Nadia Melliti, por La Petite Dernière
  • - Melhor Ator: Wagner Moura, por O Agente Secreto
  • - Prêmio Especial do Júri: Ressurection, de Bi Gan
  • - Melhor Diretor Estreante: The President’s Cake, de Hasan Hadi
  • - Melhor Diretor Estreante (Menção Especial): My Father Shadow, de Akinola Davies Jr
  • - Melhor Curta-Metragem: I'm Glad You're Dead Now, de Tawfeek Barhom
  • - Melhor Curta-Metragem (Menção Especial): Ali, de Adnan Al Rajeev
  • - Palma de Ouro Honorária: Robert de Niro

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