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12 Agosto 2025 | Yuri Cavichioli

“Os Enforcados” mistura gêneros e escancara ambiente de jogo do bicho em trama cheia de surpresas

Novo longa de Fernando Coimbra estreia em meio a um dos períodos mais vitoriosos para o cinema brasileiro

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(Foto: Divulgação)

Com um pé no humor e outro na violência que permeia estruturas de poder, Os Enforcados (Paris Filmes), de Fernando Coimbra, aposta na mistura de gêneros para criar uma narrativa sobre crime, família e dilemas morais. A trama acompanha Regina (Leandra Leal) e Valério (Irandhir Santos), casal que vive na Barra da Tijuca e tenta se desvencilhar do legado criminoso herdado pela família dele, que é profundamente ligada ao jogo do bicho no Rio de Janeiro. O filme será lançado na próxima quinta-feira (14) em território brasileiro.



Na semana passada, o Portal Exibidor conversou com o diretor e roteirista, Fernando Coimbra, e com a atriz Fernanda Leal, que trouxeram detalhes de como foi trabalhar com um elenco de peso, numa narrativa que abraça alguns gêneros que vão se conversando durante o filme, assim como busca retratar algumas realidades locais, a partir de uma história tão conhecida como Macbeth.

Ao lado de Stepan Nercessian e um elenco de peso, o filme constrói um universo que parte de um contexto local, mas toca questões universais sobre corrupção, herança moral e máscara social.

“Falamos muito do crime na base da pirâmide, mas pouco sobre os grandes criminosos que moram em mansões e se apresentam como ‘cidadãos de bem’. Minha vontade era virar a câmera para esse outro lado e questionar quem são essas pessoas e o impacto que têm na sociedade”, comenta Coimbra. Para ele, a produção acabou ganhando maior verossimilhança com a ascensão da extrema-direita e a popularização dessa figura pública que, em sua visão, “não é de bem”.

O longa estreia em um momento o qual os olhares estão voltados para o mercado nacional, mas também reforça um debate recorrente: a importância de diversificar narrativas e ampliar o retrato social nos filmes brasileiros.

“O que estamos vivendo agora é a ponta de um trabalho que começou muito antes. Esses diretores que hoje estão nos principais festivais começaram suas carreiras há anos, tiveram acesso a editais, puderam filmar. Nosso cinema ganhou importância de imagem para o Brasil e também gera emprego”, afirma a atriz Leandra Leal, ao observar a presença do país em festivais internacionais como parte de um processo de anos de construção.

Para além da narrativa, o filme chega num cenário que o próprio diretor descreve como “maravilhoso” para o cinema brasileiro, com produções nacionais conquistando espaço e prêmios no exterior. “Estamos colhendo os frutos de anos de investimento na cultura. É o momento de garantir que essa rede de produção não seja desmontada”, reforça Coimbra. Declaração essa que se encontra diretamente e no mesmo caminho à fala de Leandra Leal: “O que estamos vivendo hoje no cinema brasileiro só reforça que investimento em cultura dá resultado”.

“Do ponto de vista técnico, a obra exigiu precisão. Nós temos elementos de ação, momentos de tensão familiar e camadas temporais que dão um contexto maior aos personagens”, aponta Leal, ao falar da complexidade na busca de alinhar as diferentes facetas das relações retratadas, sem perder o ritmo de um filme que transita por mais de um gênero.

Atriz e diretor destacam que o tom de Os Enforcados foi resultado de uma construção conjunta entre elenco e equipe, buscando um equilíbrio que dialogasse com o público de diferentes regiões, mesmo partindo de um cenário muito específico do Rio de Janeiro.

Os Enforcados une potência dramática e relevância política, reforçando que o crime no Brasil, muitas vezes, tem endereço de luxo.

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