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13 Agosto 2025 | Yuri Cavichioli

"O cinema é algo que me remete a uma inspiração todos os dias", celebra diretor de Cine Gracher

Sandro Baran fala sobre homenagem à rede exibidora que acontecerá na Expocine 2025

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(Foto: Divulgação)

Com uma trajetória que atravessa gerações e acompanha praticamente toda a evolução da exibição cinematográfica no Brasil, o Cine Gracher chega a um marco histórico: 110 anos de operação. Fundada em 1915, a rede nasceu como Cine Esperança, passou por diferentes nomes, como Cine Guarani e Cine Real, até adotar a marca atual, que carrega o sobrenome da família responsável por manter vivo o hábito de ir ao cinema na cidade de Brusque (SC) e em outras localidades. Neste ano, a rede será homenageada na EXPOCINE 25, reconhecendo a contribuição do Cine Gracher à cultura e preservação da experiência cinematográfica no país.



Abrindo a série de entrevistas com os homenageados da Expocine, o Portal Exibidor conversou com Sandro Baran, diretor da rede Cine Gracher. A 12ª edição da Expocine será entre os dias 30 de setembro e 3 de outubro, no Cine Marquise, tradicional cinema de rua da capital paulista, e no Hotel Renaissance, no quarteirão ao lado. 

Vale ressaltar que, enquanto algumas perguntas foram feitas por nossa equipe de redação, parte da entrevista foi retirada do podcast OdeioCinema, que está exibindo episódio oriundos de uma parceria do grupo AdoroCinema com a Tonks, conglomerado que detém os direitos da Expocine e do Portal Exibidor

Quando o Cine Gracher foi inaugurado, no início do século XX, os hábitos de lazer eram muito diferentes dos atuais. O cinema ainda era novidade e, em cidades do interior, representava não apenas o entretenimento, mas também um ponto de encontro da comunidade. A partir de registros e relatos de seus familiares, Sandro Baran descreve que, na era do cinema mudo, a ida à sala de exibição era um evento social completo.

“Nasci dentro do cinema. Minha família já tinha cinema e eu, desde criança, muito cedo, já estava ali com meus avós e participando, trabalhando, incomodando, brincando. O cinema é algo que me remete a uma inspiração todos os dias. Quando entra numa sala de cinema, não precisa nem estar vendo o filme, tu se conecta… com o sonho, com as ansiedades, com as expectativas que o mundo do cinema pode te proporcionar”, comenta Sandro.

A história do Cine Gracher começa com o bisavô de Sandro, Carlos Gracher, que, apenas 20 anos após a invenção do cinema, inaugurou o Cine Esperança em Brusque. Era o período do cinema mudo, e a ida à sala de exibição era também um evento social. 

“As pessoas iam chegando, formavam as filas, se cumprimentavam. O filme não tinha hora exata para começar, porque todos esperavam o delegado de polícia e sua esposa, que tinham lugares reservados. E, ao mesmo tempo, três músicos tocavam: um no cavaquinho, outro com o violino e outro no violão. Ficavam ali para receber o público e, quando o filme começava, tentavam acompanhar as cenas, criando a trilha ao vivo”, relembra Baran.

Mais de um século depois, a essência social e cultural da ida ao cinema permanece no DNA do Cine Gracher. Para o diretor, a força do setor está na experiência coletiva, que vai além da tela. Atualmente, a rede conta com complexos em nove cidades dos três estados sulistas: além de Brusque, o Cine Gracher está em Joaçaba, Pato Branco, São Bento do Sul, Canela, Indaial, Arapongas, Porto União e Porto Belo.

O cinema tem um papel importante na economia local, impulsionando bares, restaurantes, lojas, parques entre outros. Seja no cinema de rua ou dentro de shoppings, acabam sendo um ponto de encontro de pessoas e, muitas vezes, acabam tendo uma relação de “evento” com a experiência do cinema. Em cidades menores, o cinema também funciona como um acelerador cultural e um propagador de acesso à cultura.

“O cinema tem uma característica que você não vai para ver um filme; você vai para uma experiência, para um evento. Tem a cafeteria para tomar um café, conversar, encontrar amigos, comer pipoca, assistir ao filme e depois continuar o encontro num restaurante ou numa livraria. Em casa você pode assistir, as plataformas estão aí, mas não há como reproduzir todo esse ambiente”, explica o diretor.

Celebrando 110 anos e homenagem na Expocine

Homenageado na EXPOCINE 25 no segmento de exibição, Sandro Baran acredita que preservar a história e a qualidade do atendimento é o que mantém a rede relevante. Ao mesmo tempo, reconhece a importância de evoluir junto com as tecnologias e com o comportamento do público. Desta forma, o Cine Gracher é um dos principais cases de sucesso dentro da exibição nacional.

“A Expocine é o maior evento de cinema da América Latina e é vital para o mercado cinematográfico. É onde todos os agentes de cinema podem se encontrar para debater o mercado cinematográfico, bem como se atualizar das novidades do mundo do cinema. Um prêmio como reconhecimento pela dedicação e superação no mercado cinematográfico. Principalmente por ser reconhecido pela Expocine, é realmente um privilégio estar no ‘Hall da Fama’ dos exibidores de cinema brasileiro”, comemora o executivo.

Inclusive, segundo Baran, a Expocine do ano passado mostrou que o cinema está retornando ao momento pré-pandemia, apontando que o cinema está conquistando novamente as pessoas e fazendo-as voltar ao cinema. 

Ele aproveita também para falar da CinemaCon de 2025, onde afirma que o evento foi bastante enfático que os números do cinema estão mostrando que as pessoas estão retornando. “Por quê? Bons conteúdos! As experiências nas salas cinematográficas tem que acompanhar o mercado tecnológico, mas não é só pela tecnologia que a pessoa vem ao cinema.  Ela precisa de uma experiência, de um atendimento diferente desde a hora que ela chega, na bomboniere, de comer uma pipoca gostosa, quente, um atendimento personalizado”, conclui.

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