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02 Setembro 2025 | Redação

Levantamento mostra que apenas 5% dos filmes nacionais mais vistos desde a década de 1970 foram dirigidos por mulheres

Apenas 28 produções entre 530 analisadas tiveram direção ou codireção feminina

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(Foto: Divulgação)

Um levantamento inédito realizado a partir de dados disponibilizados pela Ancine mostrou que entre 530 filmes brasileiros que superaram a marca de 500 mil espectadores desde a década de 1970, apenas 28 produções nacionais tiveram direção ou codireção feminina, sendo 22 filmes dirigidos apenas por mulheres e seis com direção compartilhada entre homens e mulheres. As informações são do Estadão.



Levando-se em consideração filmes lançados entre 1970 e 2024, quatro que chegaram aos cinemas no ano passado entraram no levantamento. O Auto da Compadecida 2 (H2O Films), dirigido por Guel Arraes e Flávia Lacerda faz parte da lista, fazendo com 25% das produções apresentem direção mista. Entretanto, os outros três filmes tiveram direção exclusivamente masculina e nenhum dos quatro filmes foi dirigido exclusivamente por uma mulher.

No panorama geral, 502 filmes (94,72%) foram dirigidos por homens, 22 (4,15%) por mulheres e apenas 6 produções (1,13%) tiveram direção compartilhada entre gêneros.

Durante todo o período, o filme com maior bilheteria dirigido por uma mulher foi Minha Mãe é Uma Peça 3 (Downtown/Paris), de Susana Garcia, que vendeu 10,98 milhões de ingressos. Já o maior sucesso dirigido por um homem foi Nada a Perder (Downtown/Paris), de Alexandre Avancini, que vendeu 12,18 milhões de ingressos para se tornar a maior bilheteria de um filme nacional.

O levantamento do Estadão ainda aponta Cazuza - O Tempo Não Para (Columbia Pictures), lançado em 2004 sob direção de Sandra Werneck e Walter Carvalho, como a produção de maior sucesso com direção mista ao ter vendido 3,08 milhões de ingressos. Entretanto foi superado por O Auto da Compadecida 2, citado anteriormente, que vendeu 4,28 milhões de ingressos.

Voltando (bastante) no tempo, o primeiro filme dirigido por uma mulher a alcançar uma bilheteria com mais de 500 mil pessoas foi Gaijin - Caminhos da Liberdade (1980), de Tizuka Yamasaki. Oito anos depois, em 1988, o lançamento de Super Xuxa Contra o Baixo Astral, de Ana Penido e David Sonnenschein, foi o primeiro filme com direção mista na lista com seu público de 2,81 milhões de espectadores.

Apesar da baixa participação feminina, também vale destacar que o cenário vem mudando lentamente. Em contraste ao número de apenas 5% dos filmes de maior bilheteria terem sido dirigidos por mulheres desde 1970, um levantamento exclusivo realizado pelo Portal Exibidor no ano passado mostrou que entre os 100 filmes nacionais de maior público lançados entre 2019 e 2023, 20,9% tiveram direção feminina. Na análise, foi feito um recorte dos 20 filmes nacionais de maior bilheteria em cada ano, totalizando 100 produções, e constatou-se que entre 110 profissionais, 23 mulheres foram responsáveis por direção ou codireção.

Edital exclusivo para mulheres no audiovisual

Diante do cenário de desigualdade apontado anteriormente, diversas iniciativas buscam a equidade dentro do mercado audiovisual. Entre essas iniciativas está o edital de fomento "Elas Criam - Mulheres de Impacto", lançado pelo Instituto Criar com apoio da Disney.

De acordo com informações do portal Tela Viva, a iniciativa tem como objetivo contribuir para uma maior representatividade de mulheres no audiovisual e em cargos de liderança, premiando três projetos de curtas-metragens de impacto com R$ 60 mil cada. As inscrições estão abertas de 28 de agosto a 15 de setembro de 2025.

O edital é voltado para mulheres cisgênero, transgênero e travestis de territórios periféricos da grande São Paulo e uma das exigências é que a liderança e um mínimo de 60% da ficha técnica da equipe sejam compostos por mulheres cis, trans e travestis.

Os três projetos contemplados receberão mentoria da cineasta Kelly Castilho, vice-presidente do Instituto + Mulheres do Audiovisual Brasileiro e, além disso, a Usina Criar, uma iniciativa apoiada pela Disney, disponibilizará gratuitamente o empréstimo de equipamentos, estúdios e espaços físicos do instituto.

O link para inscrições e maiores informações sobre o edital estão disponíveis no site do Instituto Criar.

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