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01 Outubro 2025 | Gabryella Garcia

Público majoritariamente feminino ajuda K-dramas a se tornarem um fenômeno no Brasil

Mais de 90% do público do fenômeno que se popularizou no Brasil no final da última década é composto por mulheres

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(Foto: Portal Exibidor)

Antes visto como algo mais nichado, os K-dramas caíram nas graças do público brasileiro para se tornarem um verdadeiro fenômeno de audiência. Funcionando também como uma espécie de difusor da cultura asiática, essa nova onda foi objeto de discussão durante o painel "K-dramas: Como Eles Tomaram Conta do Brasil" na EXPOCINE 25. A conversa foi mediada pela diretora de dublagem Monica Placha e contou com a participação de Carol Pardini, do portal Na Coreia Tem; Victor Sato, executivo de aquisição e distribuição da Sato Company; e Cheul Hong Kim, diretor do Centro Cultural Coreano no Brasil.

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Antes de chegar ao Brasil, a cultura pop coreana começou a se popularizar em outros países da Ásia no final dos anos 1990 e, com ajuda do K-pop, seus filmes começaram a se espalhar para outras partes do mundo nos anos 2000. No Brasil, especificamente, esse fenômeno começou após 2010.

Hong Kim destacou que, entre 1998 e 2003, o então presidente da Coreia, Kim Dar-jung, decidiu fomentar a indústria cultural coreana e abrir essa cultura para outros países. Nesse contexto, a Sato Company, que já era pioneira em trabalhar com conteúdos asiáticos no Brasil, passou a apostar também em conteúdos coreanos.

"A Sato é acostumada a fazer coisas fora do comum e há 40 anos já traz conteúdo asiático para o Brasil e enxergava o movimento de expansão cultural na Ásia. Sentimos que isso tinha potencial de funcionar no Brasil e, percebendo esse movimento, entendemos que foi de aproximação cultural entre Coreia e Japão e fizemos uma aposta às cegas. O segredo é conseguir identificar qual tipo de história comove os seres humanos, e foi nesse cenário de leitura e construção de relacionamentos de longa data com produtores asiáticos que conseguimos entender e filtrar o que fazia sentido. Sabíamos que havia a oportunidade de um produto com uma história boa, e a história boa funciona em qualquer lugar", explicou Sato.

O executivo da Sato Company também relembrou que o grande sucesso de Sonata de Inverno, um K-drama de 2002 que fez muito sucesso em todo o mundo, foi o sinal definitivo que a distribuidora precisava para trazer esse tipo de conteúdo ao Brasil.

"'Sonata de Inverno' foi em um momento que Coreia e Japão entenderam que precisavam aproximar a cultura dos dois países e começaram a trocar conteúdos audiovisuais. 'Sonata de Inverno' foi um conteúdo produzido na Coreia que se tornou um sucesso gigantesco no Japão e moldou um cenário que rendeu milhões de dólares para o turismo da Coreia. São tipos de sinais que entendemos que movimentam muitas pessoas e tem potencial de encantar como produto. Esse produto específico foi um dos sinais que fizeram a gente pensar que havia excelentes conteúdos 'escondidos' ali", disse.

Pardini ainda destacou que, quando o fenômeno dos K-dramas começou a ganhar mais força no Brasil, entre 2015 e 2019, o acesso ao conteúdo era muito difícil e os catálogos nos serviços de streaming ofereciam poucas opções. Sendo uma das responsáveis pela popularização de K-dramas no Brasil desde o final da última década, revelou que uma pesquisa feita pelo portal Na Coreia Tem com cerca de mil pessoas apontou que o público que consome o conteúdo é composto por 93% de mulheres e as idades variam entre 25 e 45 anos, sendo, portanto, um público de maior idade se comparado ao público do K-pop.

"A dublagem é importante para a inclusão visando um público mais velho, por questões até de problemas com a vista em alguns casos, e a legenda é necessária por questões auditivas. A acessibilidade é muito importante", destacou sobre o perfil de parte do público consumidor. "A cultura coreana tem fatores que falam diretamente com as mulheres e isso faz com que o público seja bastante feminino. Algumas palavras-chave para essas produções que conversam com o público feminino são empatia, solidariedade e emoção. Isso é muito forte e aposto em um sucesso contínuo dos K-dramas. Eles não vão desaparecer tão cedo", completou Hong Kim.

No final do painel, Sato ainda destacou que o sucesso desse tipo de conteúdo (e de qualquer outro) depende de os exibidores acreditarem nos respectivos projetos. Ele também destacou que uma boa qualidade do produto é primordial, não podendo se deixar levar por gostos pessoais.

"Não trazemos o produto pelo meu gosto pessoal, mas sim para o público. Não existe uma regra, mas fazemos uma curadoria guiada pela nossa expertise e vamos em muitas feiras internacionais. Usamos um pouco do nosso feeling, mas nem sempre acertamos e isso faz parte. Conversamos muito com produtores e tentamos entender quais produtos têm maior audiência em determinadas regiões que já foram lançados e analisamos para entender o potencial. Usamos audiência, recomendações e feeling para fazer a curadoria", encerrou o executivo da Sato Company.

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