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02 Outubro 2025 | Gabryella Garcia

União dos elos do audiovisual pode impulsionar coproduções brasileiras e auxiliar no desenvolvimento de profissionais

Bons projetos nacionais possuem capacidade de transformar o Brasil em um player mundial no universo audiovisual

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(Foto: Portal Exibidor)

O terceiro dia da EXPOCINE 25 segue a todo vapor e reservou de sua programação para falar sobre um dos assuntos que mais desperta interesse no mercado atualmente: coproduções e o momento do Brasil em relação ao tema. O painel "CQS Apresenta: Coprodução Sem Fronteiras – Editais FSA, Parcerias LATAM & Streaming", realizado na Sala Spcine, contou com a mediação de Thaís Colli, sócia do escritório CQS/FV Advogados, para trazer um panorama do tema. Também participaram Fabiano Gullane, sócio da Gullane, Bibiana Osório, executiva de conteúdo da Globo Filmes, e Daniel Celli, coordenador da RioFilm Commission.

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Gullane abriu o painel destacando que, dos 61 projetos de sua produtora, 28 foram coproduções internacionais. Seu conhecimento prático do cenário, aliás, o fez destacar que a questão da previsibilidade é um grande problema para que produções brasileiras encontrem parceiros internacionais. Ele explicou que os países europeus, por exemplo, possuem um calendário anual com três chamadas de financiamento para a apresentação de projetos e obtenção de uma resposta. No Brasil, por outro lado, não há periodicidade e não se sabe quando as chamadas serão realizadas.

"O antídoto para isso é primeiro financiar a parte brasileira do projeto, e estando razoavelmente financiado, partir para a busca de coprodutores internacionais. Também é importante dizer que nem todo projeto serve para coprodução, então é necessário um olhar sobre projetos que tenham capilaridade mundial nos temas. Ainda destaco que é dever de quem está à frente do projeto garantir que todos os coprodutores enxerguem o mesmo filme. O jeito de fazer e a cultura audiovisual do mercado internacional é diferente e tem particularidades, então é importante observar e cabe ao produtor majoritário observar esse alinhamento", completou.

O executivo ainda pontuou que o caminho para o Brasil aumentar mais o número de parcerias para coproduções internacionais é, além do impulsionamento do setor através políticas públicas, a união das diferentes cadeias e players do audiovisual brasileiro, para depois buscar a internacionalização de forma mais consistente.

Bibiana também falou sobre a importância de coproduções internacionais, destacando que a troca e o intercâmbio abrem a possibilidade de desenvolvimento dos profissionais brasileiros devido ao grande potencial de aprendizado de todos os lados. A executiva da Globo Filmes ainda afirmou que vê essa movimentação como saudável e necessária para o ecossistema do cinema e audiovisual brasileiro.

A Globo Filmes, por exemplo, possui um acordo com a Telemundo Global Studios para produção de filmes e séries que vão abastecer plataformas brasileiras e na América Latina como um todo. Há ainda um acordo com a Disney para a produção de quatro longas por anos, em um co-financiamento de 50% para cada player, viabilizando produções de grande alcance e capacidade de conquistar vários mercados. A parceria, aliás, já finalizou as filmagens de Na Linha de Fogo, com lançamento para 2026, e Jardim do Ogro, que contará com a participação de Alice Braga.

"Existe um olhar cada vez mais interessado das plataformas e já temos expertise no conteúdo, público e mercado brasileiro. Percebemos também cada vez mais disposição para compor esse tipo de acordo. Temos 26 anos coproduzindo com o mercado independente então esses movimentos de coprodução já estão no cerne da Globo Filmes", disse.

Complementando a visão de Gullane sobre a união de todos os elos, Daniel Celli enfatizou que o trabalho em rede é sempre muito estratégico, e por o Brasil já ser grande parceiro comercial de outros países da América Latina há bastante tempo, essa visão deve ser expandida para o audiovisual.

"O interesse estrangeiro em coproduzir com o Brasil está imenso e querem saber como e com quem devem falar. O Brasil está criando pontes e estamos bem nesse ano, mas ainda temos um futuro muito promissor nesse sentido. O trabalho em rede é importante, somos parceiros da Argentina desde sempre, e juntos somos mais competitivos. Temos conversado e pensado para compor editais que conversem entre eles para estimular conexões e negócios. O ponto da gestão pública é estar junto com o setor audiovisual para traduzir as demandas e entregar em forma de política público", destacou.

Por fim, também destacando a importância das políticas públicas, Gullane disse que o Brasil tem uma das melhores políticas públicas do mundo, mas pontuou que a indústria do audiovisual deve ser ainda mais fomentada com investimentos para aumentar a projeção de bons projetos que existem aqui.

"Para exportarmos mais e aumentarmos nosso market share no Brasil, e termos condições de criar cases de sucesso importantes na nossa indústria, temos que inaugurar um novo ciclo no pensamento dos investimentos. É importante continuar conquistando a indústria e vendendo mais ingressos, então faço um clamor para um olhar com mais carinho para isso e realmente o próximo passo é transformar o Brasil em um player industrial no universo audiovisual", encerrou.

Confira como foi o terceiro dia da EXPOCINE 25.

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