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10 Outubro 2025 | Entrevista: Yuri Codogno | Texto: Yuri Cavichioli

Moviecom comemora duas décadas de projeto que leva crianças às salas de cinema: "É tão gratificante que fazemos espontaneamente"

Gustavo Ballarin fala sobre a trajetória de uma das ações sociais mais longevas do circuito exibidor brasileiro

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(Foto: Divulgação)

Há duas décadas, a rede exibidora Moviecom realiza uma ação que já se tornou parte da sua identidade: todos os ingressos vendidos nos dias 12 de outubro são convertidos em convites para crianças atendidas por entidades sociais. Em entrevista ao Portal Exibidor, o diretor de operações e marketing, Gustavo Ballarin — o “Balla”, como é conhecido —, contou que a proposta nasceu de uma experiência pessoal e se expandiu até se tornar uma das campanhas mais duradouras do circuito exibidor brasileiro.

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Fundada oficialmente em 1996, a Moviecom consolidou-se como uma das maiores redes de cinema do país, com forte presença em cidades médias e polos regionais. A empresa aposta em uma operação descentralizada, que valoriza o protagonismo local e o contato direto com o público. Além da exibição comercial, mantém projetos voltados à formação de público, acessibilidade e ações sociais, fortalecendo sua imagem como uma marca que entende o cinema também como espaço de convivência e cidadania.

Foi em uma visita a um cinema em Juiz de Fora que a ideia ganhou forma. Balla conta que a rede recebeu um grupo de estudantes e percebeu que muitos nunca haviam ido a uma sala de cinema. A reação das crianças o marcou profundamente: “Eles ficaram maravilhados, sem saber exatamente o que ia acontecer. Alguns achavam que algo ia sair da tela. Isso me encantou. E foi ali que pensamos em criar uma ação que pudesse levar crianças ao cinema todos os anos”.

Com o tempo, a prática se consolidou e se tornou parte do DNA da Moviecom - que atua fortemente no interior de São Paulo e também mantém salas no Norte e Nordeste do país -, a partir da estruturação de uma operação para que cada gerente local tenha autonomia de escolher as instituições beneficiadas. As vendas do dia 12 de outubro servem de base para definir o número de ingressos sociais de cada cidade — se um complexo vende 200 ingressos, por exemplo, 200 convites são revertidos para o mesmo município.

“Se o cinema vender 200 ingressos no dia 12 de outubro, o projeto viabiliza 200 ingressos sociais para o município desse cinema. Computamos todos aqueles ingressos, inteira ou meia, e a gente reverte nessa ação social”, explica o executivo.

Nos bastidores, a rede modernizou a campanha. Hoje há uma página dedicada ao projeto, parcerias com distribuidores, que cedem filmes (costumeiramente mais antigos), e também contam com apoio da Flix Media, que divulga a ação nas telas de cinema. Balla afirma que antes a campanha era uma iniciativa dos gerentes, envolvimento que se expandiu, ganhando uma dimensão mais abrangente para as respectivas equipes desses distribuidores.

“Nos estruturamos mais. Conseguimos nos preparar com muito mais antecedência, o que gera uma organização e previsibilidade que garante uma entrega superior. Temos banners [no site], divulgação antecipada e ampliada. Alguns distribuidores estão com a gente há muito tempo, muitos sempre foram fiéis ao longo dos anos”, comenta Balla.

No panorama nacional, onde o Brasil soma cerca de 3.551 salas de cinema, segundo dados da Ancine, ações como a da Moviecom demonstram o papel social que o exibidor pode exercer além do entretenimento. Principalmente em praças de interior e cidades médias, a campanha contribui para fortalecer o vínculo entre as salas e o público.

“É muito gratificante ver o resultado. Tem crianças que hoje são adultas e contam que a primeira vez que foram ao cinema foi em uma dessas sessões. É o tipo de coisa que marca a gente e que reforça a importância de continuar o projeto”, comemora Balla.

Ao longo dos anos, a campanha deixou de ser apenas uma ação pontual e passou a envolver diferentes áreas da empresa, como conta o diretor de marketing: “Hoje, é parte da cultura da Moviecom e um momento de engajamento entre equipes e público”, reitera.

Mais do que um evento anual, a iniciativa reflete o modo como a Moviecom enxerga seu papel dentro das comunidades onde atua: próximo, participativo e consciente do poder transformador da experiência cinematográfica. Ao reunir equipes, parceiros e espectadores em torno de um propósito coletivo, a rede reafirma que o impacto de uma boa história pode ultrapassar as telas e permanecer na memória de quem vive e faz o cinema acontecer.

Por fim, ao ser questionado de qual conselho daria para o exibidor que gostaria de iniciar uma ação semelhante, Balla afirma: “Se estrutura e vai, que vale a pena. É muito bom ver as equipes comprando a ideia como se fosse delas. É um projeto aberto, e quanto mais gente fizer, melhor”, finaliza.

 

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