23 Outubro 2025 | Yuri Cavichioli
Geração Z prefere animações e conteúdos autênticos a romances e cenas de sexo, aponta pesquisa
Estudo da UCLA revela que jovens de 10 a 24 anos buscam mais identificação e experiências compartilhadas nas telas do que narrativas idealizadas ou adultas
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A nova edição do relatório “Teens & Screens”, produzido pelo Center for Scholars & Storytellers da UCLA, mostra que a Geração Z está redefinindo o que considera entretenimento relevante. Jovens de 10 a 24 anos estão priorizando produções com personagens e relações mais realistas, colocando em segundo plano o excesso de sexualização e o foco romântico que historicamente marcaram as produções voltadas a esse público.
O estudo, realizado entre os dias 13 e 25 de agosto, ouviu 1.500 jovens norte-americanos e oferece uma amostra atualizada de suas preferências de consumo. O recorte, representativo da diversidade racial, social e de gênero dos Estados Unidos, revela uma geração que valoriza autenticidade, amizade e experiências coletivas, mesmo em um cenário de consumo digital fragmentado.
O levantamento mostra que, ao contrário do que se imagina, as mídias tradicionais ainda têm força entre os jovens. Filmes e séries continuam sendo o principal ponto de conexão social: 53% dos entrevistados afirmaram conversar mais sobre produções audiovisuais com amigos do que sobre conteúdos de redes sociais. Além disso, o cinema segue como uma atividade valorizada, com grande parte dos entrevistados apontando “ir ao cinema com amigos” como o programa ideal de fim de semana, caso o preço não fosse um obstáculo.
Um dos resultados mais expressivos é o crescimento da preferência por animações. O número de adolescentes que escolhem esse formato em vez de produções live-action subiu de 42% para 48,5% em um ano, tendência que também se mantém entre os jovens adultos de 19 a 24 anos.
Ainda que o interesse pelo audiovisual tradicional seja alto, os hábitos de consumo mudaram. Quase 80% dos entrevistados afirmaram assistir a filmes e séries no YouTube ou TikTok, de forma fragmentada, em vez de recorrer à TV ou às salas de cinema — comportamento que indica o público continua valorizando o conteúdo, mas que os consome a partir de novos contextos e formatos, adaptando a experiência de assistir a seu próprio ritmo e rotina digital.
Quando questionados sobre os temas que mais desejam ver nas telas, 32% apontaram as histórias verossímeis (reais ou mais próximas a realidade) como prioridade, superando produções de fantasia ou aspiracionais. A maioria demonstrou preferência por enredos centrados em amizades, com 59,7% desejando mais conteúdos em que o vínculo principal não seja amoroso. Também há um interesse crescente por representações de amizades entre diferentes gêneros e resoluções saudáveis de conflitos, reforçando um olhar mais maduro e empático sobre as relações humanas.
A pesquisa também revelou certo desinteresse por narrativas românticas. O tema aparece entre os menos desejados, e 48,4% consideram excessiva a presença de sexo em filmes e séries. Para 60,9% dos jovens, as relações amorosas deveriam ser retratadas como extensões da amizade e não como tramas centradas no desejo. O cansaço com clichês, como triângulos amorosos e relacionamentos tóxicos, indica um afastamento das fórmulas tradicionais usadas por Hollywood desde produções como American Pie (1999) e Superbad (2007).
O ranking de produções favoritas reforça essa guinada. Entre os títulos mais citados estão Stranger Things, Wandinha, Bob Esponja e Homem-Aranha, todos marcados por tramas que equilibram fantasia e empatia, e que priorizam conexões afetivas e senso de comunidade.
Os resultados reforçam que, para se manterem relevantes junto à Geração Z, os estúdios e plataformas de streaming precisarão investir dinheiro e esforços em autenticidade e representatividade, apontando para narrativas diversificadas e identificáveis. A audiência jovem não busca apenas entretenimento: busca pertencimento e reconhecimento em histórias que reflitam sua realidade.
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