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05 Novembro 2025 | Gabryella Garcia

Diretores de "O Diário de Pilar na Amazônia" ressaltam importância da formação de público: "Temos que levar o filme infantil a sério"

Adaptação de grande sucesso da literatura fez sua pré-estreia na 2ª Mostrinha de São Paulo em sessão para mais de 600 crianças

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(Foto: Laís Teixeira)

Na última quinta-feira (30), a 49ª edição da Mostra Internacional de Cinema de São Paulo chegou ao fim, e a programação completa do evento também reservou espaço para as crianças, com a realização da 2ª Mostrinha. O filme de abertura foi O Diário de Pilar Amazônia (Disney), que fez sua pré-estreia na Sala São Paulo, no dia 16 de outubro, e reuniu mais de 600 crianças da rede pública de educação de São Paulo. Em entrevista exclusiva ao Portal Exibidor, os diretores Eduardo Vaisman e Rodrigo Van Der Put destacaram a importância de produções nacionais na formação de público, e também na identidade das crianças. O filme entra em cartaz comercialmente no dia 15 de janeiro.



A produção, aliás, chega aos cinemas com a chancela de ser um dos maiores fenômenos da literatura infantil brasileira. A obra de Flávia Lins e Silva já possui 25 anos de sucesso, e Vaisman destacou a importância de ser fiel à obra original, mas também conquistar um público que ainda não conhecia a história dos livros.

"Precisamos ser fiéis aos livros, entregar novidades e garantir que o filme funcionasse também para quem ainda não conhecia a Pilar, então precisamos fazer algumas adaptações importantes", explicou Vaisman. "Sabíamos da grande responsabilidade, já que Pilar tem muitos fãs e tínhamos que mexer em alguns elementos para adaptar a história para um longa metragem. Adaptar não é copiar, e sim contar a história de uma nova forma. Tivemos que mudar a ordem de alguns acontecimentos, por exemplo, o primeiro livro se passa na Grécia, mas achamos que era mais urgente começarmos a falar das nossas histórias", completou Van Der Put.

A recepção das mais de 600 crianças na exibição da 2ª Mostrinha de São Paulo foi excepcional, com aplausos e risadas durante todo o filme, e Vaisman comemorou a oportunidade, e também destacou a importância de as crianças poderem se enxergar nas telonas, criando referências nacionais que contribuem também para a formação de público.

"Fazer filmes para o público brasileiro é fundamental, para que eles se reconheçam nas histórias que estamos contando. Além disso, a formação de público para nossas produções é muito importante, para que eles vejam que nós também podemos produzir filmes, cheios de aventura e boas histórias, que tenham o DNA brasileiro. Dar a oportunidade para que nossas crianças se enxerguem nas telas e que acreditem que é possível falarmos da nossa cultura, de nós mesmos. Formar o público infantil é a base para que depois jovens e adultos continuem conectados com os filmes brasileiros", disse o diretor.

A dupla também pontuou que a produção de um filme infantil brasileiro, sobretudo na Amazônia, ajuda a mostrar a diversidade de histórias do nosso país, fazendo com que as crianças criem referências fora de Hollywood e possam conhecer e, sobretudo, admirar o Brasil. Van der Put, inclusive, destacou a importância de que a produção tenha uma alta qualidade para que as expectativas sejam atingidas.

"Acredito que um dos nossos maiores trunfos é entregar um filme de qualidade e que não fica atrás das referências de Hollywood às quais elas estão acostumadas. Um filme de aventura, todo passado na Amazônia, feito com bastante cuidado técnico e estrelado por um elenco infantil, muito competente. Sempre falamos que temos que levar o filme infantil a sério, filmar da melhor forma possível e se cercar dos melhores profissionais do mercado. Estamos levando para a tela um produto de primeira linha, e isso vai fazer toda a diferença", disse.

Com potencial de reafirmar a cultura e identidade brasileira, Van der Put também afirmou que o mercado exibidor pode se preparar para um filme emocionante, com grande potencial, e que vai dar orgulho da riqueza brasileira para as pessoas.

"'O Diário de Pilar na Amazônia' fala sobre amizade, diversidade e respeito à natureza, temas universais contados de forma leve, divertida e inspiradora. Queremos que o filme desperte nas novas gerações o orgulho e a curiosidade de descobrir a riqueza do nosso país e da nossa cultura", disse.

Por fim, Vaisman também celebrou o atual momento do cinema brasileiro, destacando prêmios internacionais, e pediu mais constância na exibição de produções nacionais, para que o bom momento possa se perpetuar e não seja apenas "uma boa fase".

"Esse momento mostra que podemos produzir em pé de igualdade com os outros países, que temos essa capacidade. Claro que com as características da nossa brasilidade. O que precisamos é de constância na produção e na exibição. Que seja comum filmes brasileiros estarem passando nos nossos cinemas", finalizou.

CONFIRA A ENTREVISTA COMPLETA:

Como foi trabalhar nessa adaptação da franquia "Diário de Pilar", um fenômeno literário brasileiro, para os cinemas? Quais os cuidados para manter a história fiel aos livros?

Eduardo Vaisman - Nós precisávamos ser fiéis aos livros para agradar aos leitores que já conhecem a Pilar, mas ao mesmo tempo entregar novidades para esse mesmo público. Além disso, nós precisávamos garantir que o filme funcionasse também para quem ainda não conhecia a Pilar. E por termos começado a história pela viagem para a Amazônia, quando nos livros a primeira é para a Grécia, precisamos fazer algumas adaptações importantes. Então é nesse filme que ela ganha a rede mágica e que encontra o gato Samba. Também os vilões do nosso filme tem uma construção mais particular, misturando vilanias e humor.

Rodrigo Van Der Put - Aceitamos esse desafio com muito prazer! Sabíamos da grande responsabilidade, já que Pilar tem muitos fãs e tínhamos que mexer em alguns elementos para adaptar a história para um longa metragem. Adaptar não é copiar, e sim contar a história de uma nova forma. Tivemos que mudar a ordem de alguns acontecimentos, por exemplo, o primeiro livro se passa na Grécia, mas achamos que era mais urgente começarmos a falar das nossas histórias. Em compensação nos comprometemos a ser bem fiéis às ilustrações do livro. O figurino, os cenários foram replicados. O fã vai ter esse gostinho especial de ver isso tudo na tela.

O filme foi exibido na abertura da 2ª Mostrinha de São Paulo, em uma sala repleta de crianças. Qual a importância de termos filmes infantis nacionais na formação de público?

Eduardo Vaisman - Fazer filmes para o público brasileiro é fundamental, para que eles se reconheçam nas histórias que estamos contando. Além disso, a formação de público para nossas produções é muito importante, para que eles vejam que nós também podemos produzir filmes, cheios de aventura e boas histórias, que tenham o DNA brasileiro. Dar a oportunidade para que nossas crianças se enxerguem nas telas e que acreditem que é possível falarmos da nossa cultura, de nós mesmos. Formar o público infantil é a base para que depois jovens e adultos continuem conectados com os filmes brasileiros.

Rodrigo Van Der Put - Foi uma sessão inesquecível! Uma catarse coletiva. As crianças comemoravam, batiam palmas em cena aberta, parecia um grande teatro interativo. Acho super importante esse público ver nossas histórias contatadas na tela grande, compartilhar experiências e assimilar os temas propostos de uma forma que soassem menos didática e mais divertida.

Ainda nessa linha de filmes infantis nacionais, somos acostumados a ter basicamente referências de Hollywood apenas no universo infantil. Vocês enxergam essa oportunidade de produzir filmes infantis brasileiros ainda mais rodado na Amazônia, como uma forma de valorizar a cultura brasileira e criar referências brasileiras?

Eduardo Vaisman - O Brasil é um país com uma diversidade gigantesca. E essa diversidade se reflete nas histórias que podemos contar, que queremos contar. E nós mesmos, brasileiros, acabamos conhecendo pouco das possibilidades de aventuras que o Brasil pode proporcionar. Temos uma riqueza enorme. A Amazônia, por exemplo, é uma das regiões mais importantes de todo o planeta. Poder fazer um filme como 'O Diário de Pilar na Amazônia' é uma oportunidade incrível para, através de uma grande história, falarmos da nossa cultura e do nosso povo. E para que as crianças amem e admirem nosso país, elas precisam conhecer. A gente ama e protege o que a gente conhece.

Rodrigo Van Der Put - Acredito que um dos nossos maiores trunfos é entregar um filme de qualidade e que não fica atrás das referências de Hollywood às quais elas estão acostumadas. Um filme de aventura todo passado na Amazônia, feito com bastante cuidado técnico e estrelado por um elenco infantil, muito competente. Sempre falamos que temos que levar o filme infantil a sério, filmar da melhor forma possível e se cercar dos melhores profissionais do mercado. Estamos levando pra tela um produto de primeira linha, e isso vai fazer toda a diferença.

Em 2025 o cinema nacional está demonstrando um avanço no Market Share e também tendo muito sucesso e reconhecimento em festivais internacionais. Qual a importância de levar "O Diário de Pilar Na Amazônia" para os cinemas e ocupar as salas do país com um filme brasileiro?

Eduardo Vaisman - É muito importante sempre mostrarmos que somos capazes de produzir grandes filmes com as nossas histórias. Ocupar as salas de todo o Brasil para que nosso público se encontre com a nossa produção, que é tão diversa. Temos filmes de comédia, dramas, infantis, filmes para todos os gostos e públicos.

Rodrigo Van Der Put - Ocupar as salas com uma produção brasileira, especialmente voltada ao público infantil, é uma forma de afirmar nossa cultura e identidade. É muito bonito poder oferecer às crianças a chance de se verem na tela, reconhecerem a própria língua, a própria floresta, as próprias lendas. Acho que o cinema tem esse poder de espelhar quem somos e fortalecer o sentimento de pertencimento. A história da Pilar traz valores que considero essenciais — curiosidade, empatia e respeito pela natureza — e isso dialoga diretamente com o Brasil de hoje, especialmente com a importância de preservar a Amazônia. Levar essa mensagem para o público de forma leve, divertida e emocionante é, ao mesmo tempo, entretenimento e inspiração.

Quais são as expectativas para o filme e o lançamento? O que o mercado exibidor pode esperar de "O Diário de Pilar Na Amazônia”?

Eduardo Vaisman - 'O Diário de Pilar na Amazônia' é uma grande aventura pela região amazônica, cheia de desafios, magia, ação e humor. É também um filme que fizemos para nossa criança interior. O filme que gostaríamos de ver. E é através dessa história que falamos da importância da preservação, numa região para onde o mundo todo está olhando. Mas é, principalmente, uma grande diversão.

Rodrigo Van Der Put - O mercado exibidor pode esperar um filme colorido, emocionante e cheio de vida, com grande potencial de conexão com o público infantil e escolar, mas que também emociona os adultos. 'O Diário de Pilar na Amazônia' fala sobre amizade, diversidade e respeito à natureza, temas universais contados de forma leve, divertida e inspiradora.

Por fim, uma pergunta mais genérica: como vocês observam o atual momento dos filmes nacionais nos cinemas, em geral e também filmes infantis especificamente e, na perspectiva de vocês, o que falta para emplacar ainda mais o cinema nacional?

Eduardo Vaisman - Estamos num momento muito rico para o cinema brasileiro, com diversos prêmios internacionais e grande reconhecimento. Isso mostra que podemos produzir em pé de igualdade com os outros países, que temos essa capacidade. Claro que com as características da nossa brasilidade. O que precisamos é de constância na produção e na exibição. Que seja comum filmes brasileiros estarem passando nos nossos cinemas.

Rodrigo Van Der Put - O cinema brasileiro atravessa um momento especial. As produções recentes revelam uma diversidade criativa e técnica notável, com filmes de diferentes gêneros, estilos e origens conquistando público e reconhecimento no Brasil e no exterior. Isso comprova que há um interesse por histórias brasileiras, o que falta, muitas vezes, é que elas cheguem às telas com a mesma força, investimento e visibilidade das produções estrangeiras.

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