A Sato Company encerra 2025 com bons resultados e uma celebração em grande estilo: o Ghibli Fest, evento que levou ao cinema um catálogo de filmes do lendário estúdio japonês em 14 dias consecutivos. A ação marcou os 40 anos da distribuidora e consolidou sua posição como uma das principais pontes entre o audiovisual asiático e o público brasileiro. Durante a entrevista ao Portal Exibidor, o diretor Nelson Sato revelou com exclusividade que a empresa lançará no Brasil o anime O Serviço de Entregas da Kiki, do Studio Ghibli, junto com sua versão live-action produzida pela Toei Company.

O projeto foi concebido como uma ação especial de exibição, com o objetivo de ampliar o alcance das produções japonesas e oferecer ao público uma oportunidade inédita de ver os longas do estúdio em sequência nas telas de cinema. Segundo o Nelson Sato, a proposta também permitiu testar novos formatos e identificar o comportamento do público frente a programações temáticas.

“Foi uma honra poder casar esses dois momentos — os 40 anos da Sato e os 40 anos do estúdio — e perceber que o público brasileiro valorizou essa experiência nas salas de exibição”, aponta Nelson.

Fundada em 1985, a Sato Company se consolidou como uma das principais distribuidoras de conteúdo asiático na América Latina. A empresa iniciou suas atividades no mercado de home video e, a partir de 1988, expandiu gradativamente sua atuação para a televisão, com a exibição de séries japonesas — que já eram conhecidas no país —, como Jaspion, Jiraiya e Ultraman difundindo ainda mais essas obras por aqui.

Ao longo das últimas décadas, a companhia diversificou seu portfólio, firmando parcerias com estúdios internacionais e ampliando sua atuação para cinema, televisão e streaming. Entre 2015 e 2020, trabalhou com a Lionsgate e com produtoras europeias. Em 2013, tornou-se a primeira empresa a agregar animes e K-dramas à Netflix, antecipando a expansão global desses gêneros no ambiente digital.

Entre os lançamentos recentes, a Sato adquiriu os direitos da remasterização de Angel Egg, que será lançada de forma simultânea ao Japão. O alinhamento global reforça a estratégia da empresa de atuar em janelas coordenadas com os principais mercados asiáticos, ampliando a visibilidade das obras no Brasil.

“A gente teve muita sorte em muitos momentos, vendo tendências lá fora e conseguindo se antecipar para trazer essas produções para o Brasil. Sempre trabalhamos com o mercado asiático, mas nos últimos anos intensificamos o foco nesse conteúdo, acompanhando o crescimento do anime, do K-drama e, agora, das produções chinesas, que começam a ganhar espaço também”, explica Nelson.

Além da distribuição tradicional, a companhia também investe em plataformas digitais próprias. A Sato mantém um canal no YouTube dedicado ao gênero Tokusatsu — com títulos como Kamen Rider — e oferece um serviço de assinatura específico para esse público. A iniciativa complementa a atuação em cinema e streaming, buscando ampliar a presença das produções japonesas entre diferentes perfis de audiência.

O Ghibli Fest, por sua vez, foi desenvolvido em parceria com os principais exibidores do país. A Sato optou por um formato concentrado, exibindo todos os títulos em sequência, com um filme por dia durante duas semanas. A proposta foi diferente da aplicada em outros mercados da América Latina, onde os longas foram lançados com maior espaçamento entre as sessões.

Com o desempenho positivo, a distribuidora já planeja uma segunda fase do projeto para 2026. O novo ciclo inclui seis títulos inéditos e a reexibição de outros com melhor desempenho. “Ouvimos muito o exibidor, né? O exibidor também optou por aqui, no Brasil, de fazer nesse formato de festival de ‘14 dias, 14 filmes’, seria o ideal. E para a segunda etapa [do Ghibli Fest], alguns títulos voltam para cartaz; isso não estava programado inicialmente, mas a gente procura manter essa flexibilidade e se ajustar ao mercado”, conclui Nelson.

O diretor ainda comentou que a resposta foi muito positiva, tanto da crítica quanto da plateia. Os filmes mais populares tiveram boa performance, mas também foi importante ver o público conhecendo obras que nunca haviam sido exibidas em tela grande”, comenta o executivo.

Segundo Nelson, a experiência contribuiu para o aprendizado sobre o comportamento do público em eventos temáticos e para o fortalecimento da relação com o circuito exibidor. A empresa pretende continuar investindo em formatos diferenciados e ajustando o planejamento de lançamentos conforme o retorno do mercado.

Ele destaca que a principal dificuldade ainda está na concorrência por espaço nas salas de cinema, dominadas por lançamentos de grandes estúdios. O curto prazo para campanhas de marketing e confirmação de exibições também é apontado como um desafio para projetos independentes.

Com atuação contínua na distribuição de conteúdo asiático, a Sato Company também tem funcionado como uma espécie de “formadora e fidelizadora de públicos”. Ao apostar em títulos de diferentes origens e estilos, desde clássicos a produções contemporâneas, a empresa contribui para ampliar o repertório do espectador brasileiro e reforça o interesse crescente por cinematografias fora do eixo tradicional de Hollywood.

“O Brasil sempre foi muito receptivo à cultura japonesa e coreana, e a chinesa começa a ganhar mais espaço. Nosso papel é preparar o terreno para que esses conteúdos encontrem o público e se tornem parte do circuito de forma mais consistente”, comenta Nelson.

O que vem por aí

Entre os próximos projetos, a distribuidora planeja estreias que relacionem animações e versões live-action de grandes obras japonesas. A ideia é fomentar no público comparações entre linguagens e estilos, aproximando o cinema e o audiovisual televisivo.

Durante a entrevista, Nelson revelou com exclusividade que a Sato Company lançará no Brasil o anime O Serviço de Entregas da Kiki, do Studio Ghibli, junto com sua versão live-action produzida pela Toei Company. A estratégia será repetida com 5 Centímetros por Segundo (2007), de Makoto Shinkai, que também ganhará exibição paralela das duas versões.

“Queremos propor essa conversa entre o público: comparar o anime e o live-action, entender o que cada um traz de especial. É uma forma de ampliar o olhar do espectador e valorizar o cinema asiático em todas as suas vertentes”, esclarece Nelson.

O executivo encerra destacando que 2026 deve ser um ano de expansão para o catálogo da empresa e de novas iniciativas no circuito de exibição. “Vai ter muita coisa boa vindo aí”, conclui.

Nota da Sato Company 

O Portal Exibidor aproveitou para questionar a respeito da exibição de pré-estreia de um determinado longa, que recentemente teve sessões exclusivas em apenas uma rede exibidora, gerando um pequeno mal-estar entre distribuidora e demais exibidores. Em resposta ao Portal Exibidor, a Sato ressaltou, através de sua assessoria, que "a exibição foi uma pré-estreia exclusiva do filme ‘Meu Pior Vizinho’ na Cinemark, conforme pedido da rede exibidora que, desde cedo, ressaltou o interesse no filme. Mas a exibição está aberta a todas as redes interessadas".