01 Dezembro 2025 | Yuri Cavichioli
Belas Artes encerra parceria com a Reag e reabre mercado para novo patrocinador
Cinema inicia processo formal de captação após rescisão e busca marca interessada em nova parceria institucional
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O Cine Belas Artes anunciou na última sexta-feira (28) o encerramento da parceria com a Reag Capital Holding e abriu oficialmente a procura por um novo patrocinador para garantir a continuidade das operações. Segundo o Belas Artes Grupo, a decisão foi tomada de forma consensual, motivada por mudanças de mercado e pelo momento atual da plataforma de negócios. As informações são do G1.
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O presidente do Belas Artes Grupo e curador do cinema, André Sturm, enfatizou que o apoio da Reag foi fundamental no período em que esteve vigente e que o foco agora é iniciar uma nova fase de captação. As empresas interessadas devem enviar propostas ao endereço contato@belasartesgrupo.com.br, considerando um acordo de cinco anos, com possibilidade de extensão, voltado à manutenção e revitalização do espaço.
A Reag Investimentos, que hoje mudou de nome e agora é Arandu, foi uma das empresas investigadas na megaoperação Carbono Oculto, deflagrada em agosto e considerada a maior ação contra o crime organizado no setor de combustíveis. À época, a Reag afirmou colaborar integralmente com as autoridades e negou envolvimento com as atividades econômicas dos clientes investigados, segundo outra matéria também publicada pelo G1.
Fundado em 1943 como Cine Ritz, o espaço passou por diversas fases ao longo de sua trajetória. Após ser renomeado para Cine Trianon em 1948, ganhou o projeto de Giancarlo Palanti concluído em 1954. Voltou a ser reinaugurado como Cine Belas Artes em 1967, com a programação da Sociedade Amigos da Cinemateca, e adotou em 1980 o modelo de seis salas batizadas em homenagem a artistas brasileiros.
Crises e mudanças de gestão marcaram sua história recente. Em 2002, o cinema quase fechou e passou por reformas conduzidas por André Sturm e O2 Filmes com apoio do HSBC, reabrindo em 2004. Em 2011, fechou novamente, motivando um abaixo-assinado com 90 mil assinaturas. Em 2013, o espaço foi tombado como patrimônio histórico e, no ano seguinte, reabriu com patrocínio da Caixa Econômica Federal. Em 2019, o acordo com a Caixa foi encerrado e teve início a parceria com o Grupo Petrópolis, tornando-se o Cinema Petra Belas Artes.
A partir de 2020, o Belas Artes lançou iniciativas para manter suas atividades durante a pandemia, incluindo um leilão beneficente, o canal Petra Belas Artes Digital e o Cine Drive-In no Memorial da América Latina.
No início de 2024, a parceria com a Reag foi anunciada como novo ciclo de revitalização do espaço, que passou a se chamar REAG Belas Artes. Com a rescisão agora oficializada, o cinema dá início a mais um processo de captação para assegurar a continuidade de suas atividades.
A busca por um novo patrocinador representa mais um capítulo na trajetória de resistência do Belas Artes, que há quase 60 anos mantém programação curada, circulação média mensal de 30 mil pessoas e relevância cultural entre os principais cinemas de rua do país. A expectativa é de que o novo acordo permita não apenas estabilidade financeira, mas também a continuidade de um projeto que segue central para o ecossistema audiovisual paulista.
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